Nova crise política amplia incertezas na economia

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Nova crise política amplia incertezas na economia

Denúncias contra o presidente Michel Temer abalam confiança do mercado

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Nova crise política amplia incertezas na economia
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A delação premiada dos empresários Joesley e Wesley Batista, donos da JBS (Friboi), abalou as estruturas do governo e ameaça a retomada da economia. As gravações envolvendo o presidente Michel Temer tiveram efeito imediato na bolsa de valores e na cotação do dólar.

Na manhã de quinta-feira, a moeda americana disparou, chegando a R$ 3,40. No dia anterior, a cotação estava em R$ 3,13. A bolsa brasileira chegou a interromper as operações após registrar queda de mais de 10%, e as ações da Petrobras caíram 20%.

O pânico do mercado financeiro foi reforçado pelas agências internacionais de classificação de risco. Em nota, a Moodys declarou que as denúncias prejudicam a perspectiva de crédito do Brasil e ameaçam paralisar ou reverter o econômico positivo observado recentemente.

A Fitch Ratings anunciou perspectiva negativa para o país. Segundo a agência, as denúncias aumentaram a incerteza sobre o progresso da reforma e podem afetar a confiança e as perspectivas de retomada da economia.

Economista e professor da Univates, Eloni Salvi acredita que a turbulência na economia deve perdurar enquanto não houver uma definição sobre o cenário político. Segundo ele, o principal efeito dos acontecimentos é a derrubada da confiança.

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“A economia não parou, as pessoas não pararam de comprar, mas começam a ter menos esperança no amanhã”, aponta. Com isso, alerta, investimentos, projetos e decisões de compra acabam postergados. Conforme Salvi, quanto antes a crise for resolvida, mais rápida será a retomada.

De acordo com o economista, a queda na bolsa é um dos primeiros sintomas da quebra de confiança porque as operações são baseadas em expectativas futuras. “Quando essa expectativa é quebrada, o investidor quer se livrar desses papéis o mais rápido possível.”

Segundo ele, essa situação afeta mais as pessoas que fazem investimentos de curto prazo. Nesse caso, ressalta, aumentam as chances da fuga de capitais da bolsa para fundos mais seguros, como a caderneta de poupança, CDBs ou fundos imobiliários.

Paralisia no Congresso

De acordo com Salvi, outra preocupação do mercado é em relação ao andamento das reformas trabalhista e da Previdência. Consideradas pelo economista como fundamentais, as propostas podem ficar paralisadas enquanto durar a crise.

Presidente da Fiergs, Heitor Müller disse ser fundamental separar os âmbitos político e econômico. “Agora que a economia começa a dar sinais de recuperação, todos perdem se a crise política agravar a recessão que está longe de ser superada.”

Para Müller, as reformas devem continuar apesar do ambiente conturbado. Segundo ele, as mudanças nas leis trabalhistas e previdenciárias não pertencem ao governo e serão decisivas para o futuro do país.

A presidente da Federasul, Simone Leite, segue a mesma linha. Para ela, a nova crise provoca incertezas trazendo de volta o temor de que a situação fiscal siga uma trajetória insustentável sem a aprovação das reformas.

Acredita ser possível uma nova recessão neste ano e, que em 2018, aconteça uma expansão da economia bem menos robusta do que era antecipado. Segundo Simone, é preciso que o Congresso continue a votar as reformas e que as decisões da Justiça reestabeleçam a tranquilidade institucional. “O Brasil é maior do que a crise.”

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