Vilson Jacques anuncia saída do PMDB

Lajeado

Vilson Jacques anuncia saída do PMDB

Decisão do partido de sair da coligação motivou vice-prefeito a deixar o quadro

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Vilson Jacques anuncia saída do PMDB
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Um dos ícones peemedebistas na região decidiu deixar a sigla após o rompimento do PMDB com a coligação vencedora das eleições de 2012. Vilson Jacques permanece como vice-prefeito e agora analisa convites de outros partidos para seguir na política. Na próxima semana, ele encaminha o pedido oficial de desfiliação ao presidente, Celso Cervi.

Jacques não poupa críticas à decisão do diretório municipal de deixar o governo municipal, e anuncia apoio aos correligionários que pretendem seguir trabalhando na prefeitura. Segundo ele, são pelo menos 25 ocupantes de cargos comissionados nessa situação. “Eu fui eleito, e como tal, poderia ficar no partido. Mas escolhi me solidarizar com os demais peemedebistas que pretendem deixar a sigla.”

Jacques é advogado. Com 61 anos, iniciou na política há cerca de 30 anos, inspirado nos pais, que também fazem parte da história do PMDB no Vale do Taquari. O atual vice-prefeito concorreu pela primeira vez em 1992, quando foi eleito vereador com 675 votos.

Naquele pleito, foi o 15º mais votado. Luís Fernando Schmidt, com 1,7 mil, foi o primeiro.Quatro anos depois, Jacques foi reeleito para a câmara de vereadores com 806 votos. Foi o décimo parlamentar mais lembrado pelos eleitores lajeadenses. Também foi presidente do partido por dois mandatos.

Em 2000, Vilson Jacques concorreu pela primeira vez a um cargo majoritário. Encabeçando a chapa do PMDB, conquistou 1.635 votos para prefeito. Naquele pleito, o vencedor foi Cláudio Schumacher, então do PPB, com 19,6 mil votos. O segundo mais votado foi Luís Fernando Schmidt, com 14,8 mil.

Em 2004, “Vilsinho”, como é popularmente chamado, fez 783 votos, mas como a sigla conquistou pouca votação ele não se elegeu. Quatro anos mais tarde, Jacques decidiu não concorrer para se dedicar à campanha da mãe, Líria Zart Jacques, então candidata à vice-prefeita na primeira dobradinha tentada por PT e PMDB.

A chapa de Luís Fernando Schmidt e Líria Jacques acabou derrotada pela coligação liderada por Carmen Regina Cardoso (PP) por apenas 373 votos. Passados mais quatro anos, Vilson decidiu se concentrar na campanha para levar o PMDB de volta à prefeitura. O único prefeito peemedebista fora Leopoldo Feldens, ainda em 1992.

O advogado aceitou o desafio de ser candidato a vice-prefeito, ao lado de Luís Fernando Schmidt, que tentava pela terceira vez chegar à prefeitura. A chapa formada ainda pelos partidos PDT, PTB, PSC, PPS, PSB e PPL venceu o pleito com o dobro de votos do concorrente, Marcelo Caumo (PP). Foram 27,5 mil votos contra 13 mil.

Mais votado em 2014

Vilsinho tentou uma vaga na Câmara federal em 2014. Apesar de ficar distante do número de votos necessários para alcançar uma das 513 cadeiras, foi o candidato a deputado federal mais votado entre os representantes do Vale do Taquari, com 11,6 mil votos. Desses, 9,1 mil foram conquistados em Lajeado. Ele ficou à frente de Cláudia Kölher (PT) com dez mil votos na região e Mareli Vogel (PP), com 8,8 mil.

“Respeito a decisão do partido. Mas não concordo. Nunca houve falta de transparência”

A Hora – Você tem uma história de quase 30 anos com o PMDB. Como é romper neste momento?
Vilson Jacques – É muito duro. Mas eu realmente não tive outra saída. O partido anuncia nomes como Márcia Scherer e Carlos Ranzi para prefeito. E o que resta para mim? Eu não quero encerrar minha carreira política agora. Acredito que tenho muito a acrescentar e auxiliar ainda. Entre todos os candidatos a deputado federal no Vale, eu fui o mais votado. E isso é outra coisa que o PMDB parece não ligar. Isso não foi considerado por eles.

Ficou alguma mágoa?
Jacques – A minha família sempre foi ligada ao PMDB, tanto meu pai como minha mãe. Eu estou há quase 30 anos. Poderia dizer, com certeza, que são mais de 25 anos lutando pelo partido. Sempre digo para meus filhos: vocês podem até assinar com outra sigla, mas o PMDB sempre estará marcado em vocês. Mas isso tudo faz parte do jogo político. Eu lamento muito que tenha sido assim. Mas é da vida também.

Sua vontade era concorrer a prefeito pelo partido?
Jacques – Quem não gostaria de ser prefeito? Eu só sei que quero concorrer em 2016. Se a prefeito ou vice, ainda não sei. Eu quero seguir na política, e por isso sinto e muito pela decisão do PMDB. Creio que havia muito tempo para decidir melhor essa situação. Tínhamos até junho para definir candidatura própria. Respeito a decisão do partido de romper. Mas não concordo. Nunca houve falta de transparência. O que foi prometido aos coligados foi cumprido. Eu sempre fui ouvido dentro da administração, havia um canal entre partido e governo. Inclusive algumas dúvidas, como o processo envolvendo as licitações do lixo, foram sanadas com o arquivamento pelo MP. A decisão do partido foi precipitada.

Como você vê as críticas de quem optou por ficar no partido?
Jacques – Eu fui eleito para quatro anos. Poderia até seguir no partido e continuar com o cargo. Eu não preciso sair do PMDB para seguir como vice. Mas preferi me solidarizar com os demais correligionários que deixarão a sigla. Acredito que sejam em torno de 25. E eles sabem que quem os forçou a tomar tal decisão não foi o Vilsinho ou o Schmidt, mas, sim, o diretório do PMDB. E há muitas pessoas influentes que, assim como eu, também não concordam com o rompimento, como o Pedrinho Althaus, um dos fundadores.

E em 2016. O que Vilson Jacques pretende fazer?
Jacques – Sem falsa modéstia, posso afirmar que felizmente tenho a honra e o orgulho de ter sido procurado por diversos partidos. Posso citar aqui o PTB, PDT, PSD, PPL e o PRB, por exemplo. Ainda não tomei uma decisão. Vou procurar seguir a decisão dos demais correligionários que optaram por deixar o PMDB, e talvez formar uma mesma linha ideológica. Acredito que tomarei tal decisão em breve. São muitos convites. Mas vou discutir com os demais que seguem no governo.

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