Audiência debate futuro de prédio da Blip

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Audiência debate futuro de prédio da Blip

Cerca de 150 pessoas esperam indenização. Venda do prédio é esperança de receber

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Teutônia

Teutônia – O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Calçadistas de Teutônia (Siticalte) participa de audiência para acelerar as negociações para indenizar os ex-trabalhadores da empresa de calçados Blip, falida em 2011. O encontro com o administrador da massa falida, promotores, juízes e Ministério Público ocorre hoje, às 14h, no Fórum. O objetivo é acelerar o processo de desmembramento da planta industrial e usar parte do valor para quitar os débitos.

Crédito: Maciel Rodrigues DelfinoMetade do valor do prédio, localizado no bairro Canabarro, está garantida para o pagamento. A outra parte está hipotecada, em nome do sogro de um dos sócios da empresa. Toda estrutura está avaliada em cerca de R$ 3 milhões.

Abandonado, o prédio se deteriora. Na fachada, os vidros quebrados e as marcas das tentativas de arrombamento denunciam o descaso. Aos fundos, o mato preocupa comerciantes da rua Carlos Arnt.

Para o presidente do Siticalte, Roberto Müller, a venda do imóvel não paga todas as dívidas com funcionários. De todas as plantas industriais administradas pela empresa no Vale do Taquari, há cerca de 900 funcionários com direitos trabalhistas a receber.

O parâmetro da Justiça torna o processo lento. A cada audiência, as partes integrantes da ação recebem dez dias para manisfestação. Desde 2011, o sindicato acompanha o caso, mas está impedido de agir diretamente.

A supervisora em calçados Leci Barbosa da Silva, 46, trabalhou por 12 anos na Blip. Em 2011, quando chegou na sede da empresa, encontrou as portas fechadas. Dos R$ 46 mil em direitos, recebeu R$ 6 mil na rescisão. A chance de ganhar o restante está cada vez mais distante. “Não sei de onde irão tirar dinheiro para pagar”, diz.

A empresa estava em atividade na cidade há 20 anos. A confiança dos trabalhadores no potencial de recuperação econômica manteve 150 funcionários até o último dia. Ao voltar de dispensa, encontraram a notificação de falência da empresa. “Foi uma decepção muito grande”, lembra Leci.

Antes de trabalhar na Blip, a supervisora já havia sofrido calote de outra empresa de calçados, em Vera Cruz. Foram 13 anos trabalhados até a empresa declarar fim das atividades, sem quitar o débito.

Eloir Broenstrup, 46, trabalhou como modelista pela empresa durante 18 anos. Em 2006, recebeu a proposta de receber os direitos parcelados em 20 vezes de R$ 500. Recebeu apenas sete. Para conseguir o restante, procurou advogado particular, mas continua sem receber.

Roseli Bernarda Schütz, 41, trabalhou como auxiliar de costura por 13 anos. Sete anos ainda não foram pagos, totalizando R$ 16 mil.

Histórico da decadência

A Blip se instalou no município em 1991. No ápice da produção, chegou a empregar 600 funcionários na cidade e dois mil distribuídos em filiais no Vale do Taquari. A partir do ano 2000, sucessivas dificuldades surgiram. Em 2007, demitiu cerca de 400 pessoas, sob promessa de parcelamento dos direitos trabalhistas. Em 2011, sem resultados satisfatórios no cenário econômico, declarou falência e demitiu os 150 funcionários restantes.

O município conta com cerca de 30 ateliers, cinco empresas com finalização de calçados e quatro mil calçadistas empregados.

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