Canil registra mais mortes que adoções

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Canil registra mais mortes que adoções

Vítimas de maus-tratos nas ruas, animais abandonados carecem de local adequado

Lajeado – O esforço da equipe do canil foi insuficiente para salvar a vida da maioria dos animais recolhida das ruas em 2014. Falta de espaço ainda prejudica o atendimento e a recuperação daqueles que chegam em piores condições de saúde. Com capacidade para receber até 30 cachorros, o local abriga hoje 69. Secretaria do Meio Ambiente (Sema) quer ampliar o espaço a partir de janeiro, e cria nova legislação para tentar evitar maus-tratos e abandonos.

04Um evento realizado neste fim de semana atesta a gravidade do problema. A Sema, por meio do Centro de Controle de Zoonoses e Vetores (CCZV), realizou mais uma edição do Adote um Amiguinho. No sábado, 23 pessoas visitaram o canil municipal, mas não houve nenhuma adoção. Apenas um filhote foi reservado por não estar apto para ser levado durante no momento.

Conforme a coordenadora do CCZV, Eléa Marie Wessel, até agosto foram registradas 363 chamadas para recolhimento de animais. Destes, 189 foram levados ao canil por apresentaram situação de saúde pior em relação aos demais. Os índices apresentados a partir disso assustam. Segundo ela, do montante de cachorros que chegaram ao local, 83 foram adotados e outros 94 morreram. Em 2012, de 157 cães recolhidos, 37 não resistiram.

As causas das mortes variam. Na grande maioria dos casos, é resultado de maus-tratos sofridos na rua e também de doenças como a cinomose. O número de chamadas recebidas pela equipe do CCZV aumenta a cada ano. Em 2013, foram 159 a menos em relação ao total registrado até agosto de 2014. A superlotação do canil preocupa a administração municipal e exige investimentos.

A coordenadora prevê para janeiro o início da obra de ampliação do local. Cerca de R$ 115 mil devem ser investidos na construção de mais 19 baias. Hoje, há 14 espaços que deveriam abrigar 28 cachorros. O canil foi construído em 2008 ao lado do aterro sanitário, e custou, na época, R$ 113 mil. Além das 14 baias, tem um solário, uma sala para procedimentos cirúrgicos, uma sala de banho e um espaço isolado para animais em situações mais críticas de saúde.

Projeto prevê chipagem de animais

A administração municipal apresentou um pacote de projetos relacionados à causa animal para apreciação da câmara de vereadores. Um deles não chega a ser uma novidade, mas nem por isto perde importância. O projeto prevê a chipagem gratuita de animais domésticos e também de maior porte do município.

Conforme o secretário da Sema, José Francisco Antunes, a falta de identificação dos animais é um dos principais problemas enfrentados pela equipe do CCZV. “É muito difícil descobrir a origem dos animais abandonados e, assim, também é complicado punir quem abandonou ou maltratou.” O uso do chip – do tamanho de um grão de arroz – sob a pele está autorizado para caninos, felinos, equinos, muares, entre outros.

No canil já há uma base de dados criada, chamada de Animalltag. Ela pode ser utilizada quando há qualquer comunicado de desaparecimento, perda ou roubo de animal. Os recursos para a implantação do sistema de identificação eletrônica serão da Sema e também do Fundo Municipal de Proteção e Defesa dos Animais, cuja criação também depende ainda da aprovação do Legislativo.

Nova legislação

Além dos projetos de chipagem e criação do Fundo Municipal – cujos valores serão administrados pelo recém-criado Conselho Municipal de Proteção e Defesa dos Animais –, o Executivo encaminhou à câmara um projeto de lei que visa “instituir ações cujos objetivos são o bem-estar da vida, o controle das populações animais e a prevenção e o controle das zoonoses e vetores.”

Conforme o secretário, a proposta busca atualizar a legislação vigente sobre controle e prevenção de zoonoses e vetores no município. “A lei atual está ultrapassada. Essa nova foi concretizada com auxílio de representantes de ONGs e profissionais da área.” Multas para maus-tratos e abandonos, responsabilidades dos tutores, castração, venda de animais e criação em áreas urbanas e rurais são alguns itens que constam no texto.

Alguns itens da nova lei

– É obrigatória a identificação no acesso principal da propriedade que mantiver animais bravios ou mordedores viciosos;

– Todo o tutor é obrigado a mantê-los permanentemente imunizados contra a raiva e todas as doenças pertinentes, bem como proporcionar atendimento veterinário;

– Todos os estabelecimentos que comercializem animais devem possuir um médico-veterinário como responsável técnico;

– É proibida a permanência de animais, com ou sem tutor, soltos nas vias e logradouros públicos;

– É proibido manter animais em lugares anti-higiênicos ou que lhes impeçam a respiração, o movimento ou o descanso, ou os privem de ar ou luz e que não estejam em espias de aço com comprimento compatível com o seu porte.

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