Vale do Taquari – A implementação das aulas simuladas nos CFCs não garantiu melhoria nos índices de aprovação para a categoria B (carro). No primeiro semestre deste ano, conforme levantamento do Detran, das 9.293 pessoas que prestaram o teste no Vale do Taquari, apenas 3.234 (34,8%) conseguiram a habilitação.
Os números de candidatos com a CNH na região se mantêm entre 34% a 40% desde 2009. Contabilizando todo o Estado, o índice de reprovação em 2014 é o maior em cinco anos. No primeiro semestre, 64,8% atingiram a meta. Um aumento que se aproxima de dez pontos percentuais.
Entre as mulheres, a taxa é maior. Das quase 125 mil candidatas no Estado, 72,5% reprovaram. Entre os homens, 51,8% dos 73.192 que prestaram a prova foram reprovados. Para o consultor técnico do Sindicato dos CFCs (SindCFC) e professor universitário, Eduardo Cortez Balreira, alterações nos modelos de avaliação impactaram na formação dos condutores.
Neste contexto, cita ainda as mudanças no Detran. Antes, uma empresa terceirizada fazia as provas. Com uma imposição legal, a autarquia passou a acompanhar os testes. Isto trouxe novos examinadores para o processo, treinados dentro do Detran.
Outro motivo apontado por ele diz respeito às aulas práticas. “Por lei, o aluno pode fazer 20 horas práticas e fazer a prova. Entendemos que essa carga horária é insuficiente. Isto reforça o índice negativo de aprovações”, frisa. De acordo com Balreira, o propósito dos CFCs é ensinar a dirigir e não só preparar o aluno para passar na prova.
A respeito do uso dos simuladores, o consultor do SindCFC não acredita que tenha relação com os números de reprovados. Para ele, a implantação do sistema é muito recente. A máquina passou a ser obrigatória no Estado em janeiro. Problemas técnicos e disputas judiciais atrasaram a efetivação em todos os CFCs até maio.
Meio milhão de aulas
Desde o início dos treinamentos nos simuladores, o Detran contabilizou nessa segunda-feira 500 mil aulas nos aparelhos. Todas as horas estão registradas no sistema de gerenciamento de informações do Detran, no qual são catalogadas as infrações mais comuns cometidas pelo candidato.
Na opinião de Balreira, a máquina facilita para o instrutor do CFC, na medida em que mostra os erros do aluno, possibilitando a elaboração de aulas específicas para erradicar os problemas. “O simulador é mais importante para aquele que nunca dirigiu. Ele terá segurança para aprender o básico antes de sair às ruas”, afirma.
Cita dois aspectos para demonstrar a importância da novidade: a possibilidade de simular todas as condições que os motoristas enfrentam nas ruas ou rodovias e a avaliação dos erros.
Tempo de formação aumenta
As aulas com os simuladores de direção aumentaram de quatro para cinco meses o período para tirar a CNH. Nos primeiros meses de implantação do aparelho, foram registradas diversas falhas, como dispositivos para registro do aluno inoperante e quedas no sistema que dificultavam o uso das máquinas.
Na ocasião, o Detran admitiu problemas de conexão pelo alto fluxo de acessos simultâneos e à instabilidade na rede da Companhia de Processamento de Dados do Estado (Procergs). Houve ampliação do limite de acessos, e a rede permanece monitorada por equipes técnicas dos dois órgãos para eventuais correções.
O consultor do sindicato reconhece problemas na implementação. Segundo ele, não houve tempo para adequações, além de haver problemas de ordem técnica nas linhas de internet em algumas cidades. Agora, ressalta que os percalços com os simuladores estão 95% resolvidos.
As aulas obrigatórias também encareceram a retirada da habilitação. Cada hora-aula no simulador custa cerca de R$ 47. Contando as 20 horas de carga horária, o acréscimo final chega a R$ 235,30 no pacote para conseguir a habilitação. Hoje, para fazer a carteira tipo B, o candidato precisa desembolsar mais de R$ 1,5 mil.
Custo da CNH
• Exame de aptidão física e mental: R$ 52,73
• Avaliação psicológica: R$ 52,73
• Exame de legislação: R$ 28,72
• Exame de direção: R$ 49,95
• Curso teórico: R$ 270,90 (45 horas-aula)
• Curso prático: R$ 670,60 (20 horas-aula) para categoria A, e R$ 770,60 (20 horas-aula) para categoria B
• Curso no simulador: R$ R$ 235,30 (cinco horas-aula)
• Aluguel de veículo (prova): R$ 30,13
• Total: R$ 1.197,03 (categoria A), R$ 1.532,33 (categoria B) e R$ 2.283,01 (categoria AB).
Fonte: Detran