Lajeado – Parte da história da cidade perpassa os dois hectares do Parque do Engenho. No local foi construída a primeira edificação de Lajeado, dando origem ao município. O governo municipal elabora uma proposta para reformar o parque.
De acordo com o secretário interino da Secretaria do Meio Ambiente (Sema), Jean Tasca, o projeto engloba as secretarias da Agricultura e Urbanismo (Saurb), Obras e Serviços Urbanos (Sosur) e de Planejamento (Seplan).
O plano prevê a implantação de um sistema de segurança, reforma da escadaria, instalação de luminárias e refletores, troca das lixeiras e bancos, melhorias nas trilhas e instalação de placas. Também está prevista uma limpeza do lago. “Cada setor ficou responsável por uma parte”, alega Tasca.
Para todas as melhorias, frisa o secretário, serão necessários investimentos. “Ainda não sabemos quanto nem quando vai ser feito.” A última reforma do parque é datada de 2007. Na época, o moinho foi restaurado e formado o lago, abastecido com por uma vertente sem contato com as águas contaminadas do Arroio Engenho. Na ocasião, o Santuário Nossa Senhora de Lourdes também foi restaurado.
A recuperação da área incluiu ainda a renovação dos caminhos, dos muros e escadas, bem como criação de novas trilhas na parte interna da mata. Ainda foram instalados pórticos de madeira nos acessos ao parque, iluminação, lixeiras, bancos e bebedouros.
História perpassa a formação de Lajeado
Parque Municipal Schlabitz. Esta é a denominação dada ao parque. A nomenclatura foi confirmada por lei de 1972, aprovada pela câmara e sancionada pelo prefeito Darci José Corbellini. Conforme o jornalista e historiador José Alfredo Schierholt, trata-se de uma homenagem ao centenário de imigração da família Schlabitz.
Localizado entre a av. Liberato da Cunha e o Arroio do Engenho, o parque foi o berço da cidade, onde Antônio Fialho de Vargas construiu, em 1862, o primeiro complexo industrial e comercial de Lajeado. O engenho de serra e moinho de cereais foi destruído com a enchente de 1941.
Conforme Schierholt, como não há registro da existência de algum estabelecimento junto ao novo porto de Santo Inácio dos Conventos, deve-se admitir que o engenho e moinho de Antônio Fialho de Vargas seja a primeira edificação de Lajeado.
Pela pesquisa do jornalista, o engenheiro Henrique Luís Jaeger foi encarregado por Fialho de Vargas para projetar o engenho. Com mão de obra escrava, cavaram alicerces, carregaram as pedras para fazer a represa e usar a água do arroio e usar a energia hidráulica para fazer o engenho funcionar.
Em 1873, Filipe Hexsel comprou a propriedade. Ele aperfeiçoou os mecanismos e ampliou o complexo industrial, anexando um terceiro canal, roda d’água e engenho para descascar arroz e extrair óleo de amendoim, combustível para a iluminação doméstica.
De acordo com Schierholt, outras famílias assumiram o engenho ao longo dos anos. Em 1921, Augusto Schlabitz adquiriu do pai o complexo. A grande enchente de 1941 arrasou com tudo. Em 1950, o velho moinho foi desmanchado, permanecendo apenas o descascador de arroz. “Durou quase um século a atividade industrial do engenho. Schlabitz vendeu o maquinário restante em 1958.”
Uso de drogas intimida visitantes
Visitantes se queixam da presença de usuários de drogas no local. Morador de Lajeado, Luís Berner, frequenta todos os dias o parque. “Chega a ter 15 a 20 pessoas fumando maconha ou crack.” Para ele, o município deveria investir em câmeras de vigilância para coibir a prática no local. “Muitos idosos que vinham rezar no santuário pararam de vir.”
Tatiane Lorenz mora na cidade há sete anos. Ontem passeava com a mãe, Rovena, e a tia Terezinha, no parque, ambas de Santa Catarina. “Acho que o espaço poderia ser melhor aproveitado. É um parque bonito, mas parece atirado.”
O professor de Educação Física, Paulo Henrique Machry, lembra das visitas ao parque na época de escola. Segundo ele, uma das atrações era o moinho. “Fazia tempo que eu não vinha aqui. Acho que o parque deveria ser melhor aproveitado. Mais divulgado como um ponto turístico de Lajeado.”