Lajeado – Representantes do Governo do Estado apresentaram diagnóstico da competitividade turística do município ontem à tarde. A avaliação é resultado do maior estudo sobre turismo realizado no Estado. Cooperação regional, infraestrutura e economia foram os pontos que alcançaram os melhores resultados. Já monitoramento, marketing e promoção do destino ficaram com os piores índices.
O estudo tem como base dados coletados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) no ano passado, referentes a 2012. Foram realizadas entrevistas com cerca de 30 pessoas, incluindo gestores municipais, representantes do Sebrae e da Amturvales e empresários do setor. Durante cinco dias, a equipe de pesquisa efetuou visita técnica na cidade.
Em uma escala de 0 a 100, Lajeado apresentou média geral de 55,4 pontos (veja gráfico). A média gaúcha ficou em 56,8. Entre os itens avaliados estão a infraestrutura geral da cidade, acessos, serviços e equipamentos, atrativos turísticos, marketing e promoção do destino. Também são analisadas as políticas públicas para o setor, a cooperação regional, monitoramento do turismo, economia local e a capacidade empresarial, além de aspectos sociais, ambientais e culturais.
Monitoramento e marketing deixam a desejar
A maior carência indicada no estudo é a de um sistema de monitoramento da atividade, que alcançou apenas 15,5 pontos. De acordo com o técnico da secretaria estadual de Turismo (Setur), Rafael Salton, o problema é recorrente em todos os 26 destinos pesquisados. Segundo ele, existe um projeto da Setur para a criação de um observatório de monitoramento do turismo em todo o Estado.
O setor de marketing e promoção do destino também teve avaliação abaixo da média, com 31,8 pontos. Entre os fatores apontados pela Setur, a ausência de um plano de marketing para o turismo, a baixa participação de representantes de Lajeado em feiras de outras regiões e a inexistência de informações turísticas em outros idiomas foram determinantes para o resultado.
No item políticas públicas, fatores como a ausência de um conselho e um fundo para o turismo foram apontados, assim como a inexistência de um planejamento estratégico para o setor. Também são consideradas a cooperação com os governos federal e estadual.
Potencial para o turismo receptivo
O destaque positivo na pesquisa é a cooperação regional. No item, foram avaliadas questões como a existência de uma associação integrando municípios da região, a Amturvales, a existência de roteiros integrados e o comércio de produtos regionais. A infraestrutura da cidade também foi destaque, assim como a facilidade de acesso.
Na opinião de Dalmoro, o município tem potencial para investir em turismo receptivo, concentrado na área urbana. Segundo a secretária, o objetivo é fazer com que os visitantes dos roteiros rurais do Alto Taquari utilizem a infraestrutura da cidade. “Lajeado tem pontos de destaque, como a gastronomia, o comércio, o shopping e uma rede hoteleira de qualidade”, destaca.
Setor privado carece de investimentos
O turismo é responsável por 3,5% dos empregos gerados em Lajeado. Os dados do estudo contemplam serviços como alimentação, transporte e hospedagem, além de agências do setor. Apesar de significativo, o setor privado ainda carece de maior engajamento na opinião da diretora de Turismo do município, Neca Dalmoro.
Para Dalmoro, a pouca participação de empresários nas formações para o turismo é reflexo da falta de conexão entre empresários e o poder público. Segundo ela, por mais que as políticas públicas facilitem o desenvolvimento do setor, a iniciativa privada precisa investir na qualificação dos serviços oferecidos ao turista.
Conforme o vice-presidente da Amturvales, Gilberto Keller, a observação não é uma crítica aos empresários. “Constatamos a existência de um fluxo intenso de turistas na região e a necessidade de investimento privado na oferta de bens e serviços de valor agregado.”. O setor, diz Keller, não pode ser visto como uma atividade de lazer, e sim como negócio.