Encantado – Moradores constataram ontem a presença de espuma esbranquiçada no Arroio Lambari, no trecho próximo ao km 72, na ERS-129. A poluição foi provocada pelo vazamento de sabonete líquido de uma empresa de cosméticos. O município coletou amostras da água para análise. O Grupo de Polícia Ambiental (GPA) fez vistorias no local.
O fato foi identificado por populares por volta das 8h, quando avisaram a situação ao município. Em alguns trechos, a espuma alcançou mais de um metro de altura. O proprietário da empresa de cosméticos, Cristiano Ricardo Fontana, confirma o vazamento do produto, ocasionado pelo rompimento de um cano durante a noite.
“Foram entre 100 a 150 litros de sabonete biodegradável”, estima. Segundo ele, o material não oferece riscos à saúde, sendo o mesmo produto utilizado nas residências, para a lavagem das mãos, por exemplo. Ressalta o acompanhamento da Vigilância Sanitária no processo de levantamento das causas.
Mesmo assim, o município aguarda a resposta das análises de água, prevista para os próximos 30 dias. A fiscal do Departamento do Meio Ambiente, Luciana Gonçalves, cita esse tipo de caso como incomum. “Todos sabem que é proibido largar qualquer líquido sem tratamento”, ressalta.
O comandante do GPA, sargento Dari Scherer, fiscalizou o local. Se comprovado o crime ambiental, a multa varia de R$ 106 a R$ 532, dependendo da decisão judicial.
Problema recorrente
Com cinco quilômetros de extensão, o Arroio Lambari passa pelos bairros Lambari, Vila Moça e em parte do centro. A poluição do trecho é recorrente. Há dois anos, uma empresa de lavagens de veículos foi multada por despejar resíduos de soja na água.
O crime ambiental foi ocasionado por funcionários durante a limpeza de um caminhão com óleo vegetal. A parte mais espessa do resíduo deveria ter sido recolhida.
O dejeto de esgoto e lixo, construções irregulares, sem fossa séptica e sumidouros agravam a poluição. A Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), prevista para 2010, continua inacabada. Processos judiciais envolvendo desapropriação de acessos e danos ocasionados em moradias vizinhas prejudicam a finalização das obras.
Reclamações continuam
Moradores próximos ao arroio reclamam do mau cheiro e poluição no afluente do Rio Taquari. A empresária Rosicler Dadalt, do bairro Lambari, relata a constante proliferação de mosquitos no trecho. Com fossa séptica em casa, cita a constante manutenção e limpeza da área próxima ao arroio, evitando despejo de lixo.
Devido à urbanização do percurso, práticas como a pesca cessaram, segundo o sapateiro Danilo Devitte, do bairro Vila Moça. Relembra as cenas de jovens pescando nas proximidades, há menos de 15 anos. “A cada geração o problema aumenta”, diz. Para evitar maiores danos, aposta na separação do lixo e na limpeza do arroio, nos fundos da residência.
Saiba mais
O Arroio Lambari nasce no topo do morro da Linha Garibaldi, onde se formam as Lagoas da Garibaldi, percorrendo mais de cinco quilômetros até desembocar no Rio Taquari. A partir de 1910, a força das águas contribuiu com a movimentação das engrenagens de um dos primeiros moinhos da região. Ao longo dos anos, outros se instalaram no percurso.
O afluente também garantiu o funcionamento de uma pequena usina de força e luz, responsável por abastecer parte da cidade durante 20 anos. Isso ocorreu antes do serviço ser encaminhado à antiga Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), em 1958.