Vale do Taquari – Apesar do frio de 3º C, milhares de fiéis acordaram de madrugada para ornamentar ruas e participar das procissões de Corpus Christi na região. A data, celebrada pelos católicos há oito séculos, marca a passagem de Jesus Cristo e convida a população a compartilhar a Eucaristia.
O símbolo da celebração é o Santíssimo Sacramento, contendo a hóstia em representação ao corpo e sangue de Cristo. Durante as procissões, ele é levado pelos párocos em trajeto demarcado por tapetes feitos com serragem colorida, flores, grãos e materiais reciclados.
Lajeado e Teutônia reuniram o maior número de fiéis, com estimativa de 1,2 mil pessoas em cada paróquia. As confecções dos tapetes iniciaram por volta das 6h. Cada um dos percursos teve cerca de 400 metros.
Conforme o padre da Paróquia Santo Inácio, Antonio Puhl, o tema deste ano foi o mesmo da Campanha da Fraternidade, voltado para a luta contra o tráfico humano.
Puhl afirma que a Eucaristia é um símbolo da solidariedade e partilha entre as pessoas. A paróquia recebeu doações de pelo menos cem cobertores e alimentos, que serão recolhidos para distribuição na Casa de Passagem, FundeF e aos haitianos que moram na cidade.
Integrante do Cenáculo de Maria e morador do bairro Canabarro, em Teutônia, Carlos Robertos Passos, 44, enfrentou o frio de 4o C para auxiliar nos tapetes. “É sempre bom ajudar a comunidade, preservar a nossa fé.” Mais de 20 colegas participaram.
União de comunidades
Em Estrela, nove comunidade se reuniram na Igreja São Miguel, em Linha Geraldo Baixa, para celebrar a data. Os mais de 500 fiéis realizaram procissão pelo campo de futebol até o salão comunitário, onde ocorreu a missa.
A cada ano, a paróquia São Cristóvão reveza os locais de comemoração. De acordo com o presidente da comunidade, Paulo Cesar Siebeneichler, foi a primeira celebração de Corpus Christi na Linha Geraldo Baixa. Para ele, o momento representa reflexão e devoção, sendo diferente das demais celebrações.
Siebeneichler afirma que há uma busca constante por mais jovens e o engajamento dos grupos no trabalho feito ao longo do ano. Ele acredita na necessidade de fortalecer as comunidades e laços familiares pela fé cristã.
Data reúne famílias
Em cidades como Cruzeiro do Sul e Santa Clara do Sul as missas ocorreram às 8h30min, seguidas de procissão, com mais de 200 fiéis. Parte da rua 28 de Maio foi obstruída para garantir a passagem dos santa-clarenses.
Entre eles, estava o casal de namorados Pamela Carlesso, 16, e Jones Ely, 26. Ambos abriram mão do conforto do feriado para acompanhar o ritual, presente na família há mais de 30 anos. “A participação parte do princípio de cada um, não pode ser algo obrigado.”
Eles citam o sentimento de bem-estar, de gratidão e renovação da fé. Motivos pelos quais diferentes famílias buscam pelas celebrações. Em Arroio do Meio, entre os cerca de 800 fiéis, esteve Breno Rohn, 59, e a esposa Ileste, 56. Ao lado do filho Rodrigo, da nora Cláudia e do neto Murilo, 1, acompanharam a caminhada pelas quadras da Igreja Matriz.
Rohn compara as comemorações atuais com as antigas, quando todas as casas estendiam tapetes nas janelas e flores pelas portas, formando pequenos altares. Vê o Santíssimo Sacramento como sinal de fé e o dia voltado para união das famílias.
Jovens engajados
Em Encantado, três comunidades realizaram procissões. Em Santo Agostinho, o grupo da Juventude Scalabriniana (JuveS) foi responsável por parte do trecho. Pela quarta vez consecutiva, os jovens auxiliam na ornamentação e se reúnem para celebrar a data.
Conforme uma das integrantes, Patrícia Daros, foram 15 dias de preparação. Empresas doaram parte dos materiais necessários. Ela define o engajamento dos integrantes como fundamental. “No ano passado éramos em cinco. Desta vez, somos 20”, ressalta.
Ontem, todos estavam às 6h no local das procissões, cumprindo com a organização de 25 metros de tapetes. Alguns pais também ajudaram. Para Patrícia, a celebração é importante por aproximar as pessoas e renovar a fé, vivenciada pela Eucaristia.