Câncer de pulmão mata líder regional

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Câncer de pulmão mata líder regional

Contador Paulo Hoppe, 55 anos, morreu dez dias após descobrir grave doença

Lajeado – O professor e contador Paulo Walmor Hoppe morreu na sexta-feira, vítima de câncer no pulmão. Aos 55 anos, o líder regional esteve à frente de entidades com a Acil e Federasul, deixando um legado de atividades em prol da comunidade.

02O velório ocorreu no sábado, seguido de enterro no Cemitério Evangélico do Florestal, acompanhado por centenas de amigos. Natural de Forquetinha, Hoppe atuava na Univates como professor no curso de Ciências Contábeis desde 1989. Ao mesmo tempo, mantinha as atividades de contador, consultor e conselheiro de entidades e empresas.

Teve uma trajetória marcada pelo envolvimento comunitário. Presidiu a Acil de 2000 a 2002, e o Sindicato dos Contadores e Técnicos em Contabilidade do Vale do Taquari (Sincovat). Assumiu cargos no Conselho Fiscal, Conselho de Curadores e Fuvates, na Univates, além da vice-presidência da CIC- VT e na regional da Federasul.

Para um dos quatro irmãos, o vereador Heitor Hoppe, o legado serve de exemplo para o restante da família. Segundo ele, a notícia da doença pegou a todos de surpresa. A descoberta aconteceu no dia 6 de maio, quando Hoppe foi levado com dores agudas ao hospital. “Ele não teve oportunidade de se tratar. Morreu em dez dias.”

Conforme o irmão, o contador dizia sentir algumas dores no último mês, porém as associava a problemas de hérnia de disco. Em fevereiro, teria passado por tratamento por princípio de pneumonia. “Com certeza, se soubesse antes, teria procurado recursos.”

O único caso anterior de câncer na família aconteceu com o avô paterno, morto há duas décadas, com 84 anos.

“Pra nós ele era um exemplo de liderança”

Amigos e familiares prestaram homenagens a Hoppe. A amiga e sócia no escritório contábil, Dalva da Silva Pohren, ainda abalada com a morte repentina, destaca as qualidades do colega, citando-o como uma pessoa íntegra, correta e de personalidade marcante. “Pra nós ele era um exemplo de liderança.”

O gerente da Acil, Antônio Juarez da Silva, o define como um entusiasta. “Sempre esteve comprometido com as grandes bandeiras do desenvolvimento do VT.” Cita admiração pelo conhecimento técnico, capacidade empreendedora, profissionalismo, atuação associativista e dedicação ao trabalho voluntário.

Da mesma forma, o reitor da Univates, Ney Lazzari, sente a perda do amigo e professor. “Ele fará falta não apenas como um mestre, mas também como conselheiro, como liderança envolvida na comunidade e com as causas da instituição.” Em homenagem, a Univates decretou luto oficial de três dias.

Tabagismo como principal causa

Segundo o pneumologista Cláudio Klein, o câncer de pulmão é um dos mais agressivos. Porém, se detectado no estágio inicial, tem de 70 a 80% de chances de cura.

Cita que os sintomas da doença variam muito dependendo da localização do tumor. Entre eles, aparece a tosse, a presença de sangue na secreção expelida, emagrecimento e falta de ar. “Porém, em alguns locais, onde não há terminação nervosa para expressar dor, o crescimento é mais silencioso.”

Conforme o médico, o tratamento é definido de acordo com o tipo e com o estágio (tamanho, localização e extensão da doença). Cirurgia, radioterapia e quimioterapia são os principais recursos empregados para o tratamento.

Klein chama atenção para o índice de 90% dos casos estarem relacionados ao tabagismo. “O fumante tem de 20 a 60 vezes mais risco de desenvolver o câncer de pulmão.” Cita que deixar o vício garante mais longevidade e qualidade de vida.

RS tem 4 mil novos casos por ano

O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima 576 mil casos de câncer no país neste ano. A partir de levantamento, aponta a maior incidência de câncer de pele – do tipo não melanoma, seguido de tumores na próstata, câncer de mama, cólon e reto, além de pulmão.

Só no Rio Grande do Sul, a Secretaria de Saúde estima cerca de 20 mil novos casos por ano. Em 2010, mais de 16,5 mil gaúchos morreram em razão da enfermidade. Um dos dados mais alarmantes é em relação ao câncer de pulmão, com média de quatro mil novos diagnósticos por ano. O Estado possui o maior risco de câncer de pulmão no país em ambos os sexos: 46,43 a cada 100 mil homens e 28,52 a cada 100 mil mulheres.

O Instituto atribui as incidências à maior prevalência de fumantes na região e ao consumo regular do chimarrão. Ao mesmo tempo, enfatiza a importância de uma vida saudável, sem consumo exagerado de álcool e de cigarro, e com a prática regular de exercícios como aliada para reduzir a doença.

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