Encantado – O principal suspeito de assassinar o casal Luís Carlos e Marli Cornelli está preso. João Antônio de Oliveira, 28, o “Bugre”, foi detido às 17h30min dessa quarta-feira em um esconderijo em meio ao matagal a 300 metros da casa dos pais, na localidade de Morro da Antena. De acordo com a polícia, ele estava no acampamento há 15 dias e admitiu não ter mais forças para se esconder.
Ao chegar na delegacia, confessou a autoria do crime e contou sua versão sobre o caso. Conforme testemunho, Bugre foi à casa da família Cornelli no dia 11 de abril, uma sexta-feira. Acompanhado do sobrinho Douglas de Oliveira Claros, conhecido por “Chacal”, queria emprestada a espingarda do agricultor para acertar uma dívida com um traficante da cidade.
Luís Carlos negou o empréstimo e Oliveira propôs comprá-la, mas também não teve êxito na negociação. Então, os três começaram a discutir e Bugre e Chacal teriam sido ameaçados pela vítima com um machado. Por estar sob influência de substância química, alegou à polícia, tomou a ferramenta das mãos do agricultor e o golpeou com a parte contrária à lâmina.
Nisso, ao ouvir os gritos e perceber a confusão, a mulher de Luís Carlos apanhou uma faca de cozinha e tentou se defender e proteger o marido. Também desarmada, Marli foi agredida com o machado e a facadas. Bugre contou à polícia que o casal, desnorteado com as pancadas, foi arrastado para a sala. Como a mulher começou a gritar, Oliveira e o sobrinho decidiram matá-los.
Chacal está foragido, mas a polícia informa ter sua localização. Ambos devem ser indiciados por latrocínio, a partir de outras informações averiguadas pelo policiamento.
Polícia tem outra versão
Mas para o delegado João Antônio Peixoto, a versão não coincide. Uma das contrariedades é quanto à informação sobre o dia do assassinato. A polícia acredita que o crime tenha ocorrido no dia 9, uma quarta-feira, pois a mulher não compareceu ao trabalho na quinta e sexta-feira. Além disso, os corpos estavam em estado de decomposição quando foram encontrados, no sábado, dia 12 de abril.
De acordo com a investigação, os criminosos acreditavam que o casal estava com grande quantia de dinheiro na residência. Na versão da polícia, Luís Carlos e Marli foram mantidos reféns na sala, enquanto toda a casa era vasculhada. Sem achar a suposta quantia, os assassinos começaram a tortura.
Uma barra de alumínio – pega na obra de construção da casa nova da família – foi utilizada para bater nas vítimas e forçar uma resposta. A mulher levou três pauladas e cinco facadas. O agricultor foi golpeado oito vezes e teve uma faca encravada no peito, que atingiu o coração. A barra foi encontrada nas proximidades, com sangue e pedaços de cabelo.
Corpos foram desenterrados
A polícia abriu as sepulturas de Luís Carlos e Marli na sexta-feira passada. Os peritos do Instituto Médico Legal (IML) precisam de material genético das vítimas para comparar com o sangue encontrado nas vestimentas apreendidas na casa dos suspeitos do assassinato. O laudo fica pronto em até seis meses.
O delegado Peixoto também esperada para as próximas semanas o resultado do exame papiloscópico (impressões digitais). De acordo com ele, durante a ação, os criminosos deixaram diversas marcas e provas por toda a moradia dos agricultores.
Entenda o caso
O casal foi encontrado morto no fim da tarde do dia 12 de abril, pelo sobrinho, Rafael Cornelli, que mora a pouco mais de um quilômetro da casa dos tios. De acordo com ele, a última pessoa que havia conversado com Luís Carlos foi um vizinho, na quarta-feira anterior à descoberta do assassinato.
Passados três dias do último contato, no sábado, as famílias da comunidade se reuniram na capela local para missa. No término da cerimônia, todos comentaram a ausência de Luís Carlos e Marli.
De moto, o sobrinho foi procurá-los. Ao chegar na casa das vítimas, percebeu duas janelas de uma parte mais alta abertas. Bateu na porta por um tempo e então escalou a parede e conseguiu ter acesso à sala. Se deparou com os corpos e acionou a polícia.