Polícia elucida homicídios e prende oito suspeitos

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Polícia elucida homicídios e prende oito suspeitos

Operação da Polícia Civil (PC) resultou na prisão de oito suspeitos de homicídios em Lajeado. As buscas começaram às 4h de ontem e envolveram 90 agentes, 28 viaturas e um helicóptero. Foram apreendidas armas, R$ 17 mil em dinheiro e outros materiais. A delegacia não revela o nome dos envolvidos.

Lajeado – Denominada “Primeira Parte”, a operação cumpriu sete mandados de prisão e 18 de busca e apreensão em seis bairros lajeadenses, como em Cruzeiro do Sul e São Sebastião do Caí. Conforme a polícia, suspeitos teriam escapado para essas cidades depois de cometer os crimes.

04Foram presos sete homens e uma mulher, todos em residências. Na ação, os agentes encontraram R$ 17 mil em dinheiro, material de “jogo do bicho”, colete balístico, um carro GM/Ômega e armamentos como espingarda, pistola e revólver. Outros itens, necessários para o inquérito policial, também foram recolhidos nos locais das prisões.

Não confirmação da polícia sobre o nome dos suspeitos. Mas fontes extraoficiais apontam a prisão de Miguel Guimarães Júnior, o “Duia”, outro cujo apelido é “Falcão” e Paulo “Caroço” e seu filho, Pablo Duarte.

“Duia” e “Caroço” são suspeitos de terem organizado o assassinato do casal Lucas de Linhares dos Santos e Bárbara Dutra de Mari, ocorrido dia 19 de março em uma lancheria no centro de Lajeado.

Um dia antes do crime, “Duia” foi baleado no joelho direito, em Estrela, quando o amigo Rogério Salami foi morto a tiros de pistola 9 mm. Ontem pela manhã, quando desembarcou do camburão para entrar no Presídio Estadual de Lajeado, mancava, demonstrando as marcas da lesão causada pelo disparo.

Do dinheiro apreendido pela polícia, R$ 10 mil supostamente teriam sido pegos com “Duia”. Suspeita-se que a quantia seria utilizada para fugir do Estado.

No caso de “Falcão”, a suspeita é de que ele tenha participado do assassinato de Ricardo Fischer e Cristiano Hoffmeister. Ambos foram mortos a tiros nas proximidades da av. Acvat, no feriadão de Carnaval.

Investigação

O trabalho foi coordenado pelo delegado de Lajeado, Sílvio Huppes. A ação envolveu 65 policiais de Lajeado, cinco de São Sebastião do Caí e outros 20 de Santa Cruz do Sul. Foram 28 viaturas e um helicóptero de Porto Alegre. O veículo aéreo deveria auxiliar desde a madrugada, mas a neblina retardou o início do suporte até o fim da manhã.

De acordo com Huppes, os inquéritos policiais seguem no intuito de formar provas mais contundentes. Nesse processo, a polícia utiliza também os materiais recolhidos ontem na operação, como informações obtidas anteriormente.

Passados os 30 dias de prazo para conclusão dos inquéritos, a Justiça dá vistas ao Ministério Público (MP) para que ofereça denúncia contra os suspeitos. Segundo o delegado, o crime por homicídio tem pena de seis a 20 anos de prisão – determinada de acordo com as qualificadoras.

Na entrevista, ontem de manhã, o diretor da Divisão Policial do Interior, Mário Wagner, destacou que a Polícia Civil fez 575 grandes operações em 2013 no Estado. Cita a exigência da realização de pelo menos três ações por ano em cada Delegacia Regional. Manifestou preocupação com os crimes cometidos em Lajeado e elogiou a atuação da polícia, mesmo diante do pouco efetivo.

“Sim, vamos fazer outras operações”

A delegada regional, Elisabete Barreto Müller, e o delegado de Lajeado, Sílvio Huppes, falam sobre a operação e os homicídios que ocorreram desde o início do ano em Lajeado. Garantem inexistir ligação entre os crimes e prometem elucidar mais homicídios.

Jornal A Hora: As prisões comprovam inexistir o envolvimento de quadrilhas de outras regiões no Vale do Taquari? Afinal, o que está por trás desses homicídios?

Delegados: Não há nenhum envolvimento de facções ou grupos de fora. Não passa de um boato. Importante dizer que houve aumento no índice de homicídios em todo o Estado. Aqui na região um dos fatores que contribui é a quantidade de prisões de traficantes. Isso causou uma quebra em alguns grupos e está ocorrendo uma rearticulação (disputa de bocas). No decorrer das investigações, é possível que apuremos outros fatores. Há também uma análise sociológica: aqueles que usam drogas patrocinam a violência. Para haver tráfico, é preciso demanda. As pessoas precisam se conscientizar disso.

Qual é a relação desses suspeitos nos 15 homicídios de Lajeado? Algum deles (presos) está ligado a mais de uma morte? Esses assassinatos se interligam?

Delegados: Aqueles que prendemos hoje (ontem), não são suspeitos de praticar mais de um crime. Tivemos o caso de um homem, preso em janeiro, acusado de duas mortes ocorridas naquele mesmo mês. Esses casos de agora não guardam relação entre si. Nos próximos dias, repassaremos à imprensa outros detalhes das investigações. Frisamos que nesses 15 homicídios, alguns não têm envolvimento com o tráfico. Alguns já estão solucionados, com os suspeitos presos há mais tempo.

Com essas prisões, o índice de homicídios (acima de todas as marcas em 2014) tende a voltar à normalidade?

Delegados: Nós estamos trabalhando. A Polícia Civil não atua na prevenção, mas busca descobrir sobre a autoria dos crimes. É o que nós estamos fazendo. Estamos reprimindo, atuando para elucidar a autoria desses crimes. Não podemos garantir que esses índices diminuam, mas esperamos que diminuam. Tanto que tivemos cautela em dar o nome dessa operação como “Primeira Parte”. Essas prisões são resultado dessa primeira parte das investigações. Não vamos dizer que a partir de agora não vai mais haver homicídios. Seria uma utopia. Não tem como prever um homicídio, por exemplo.

De que forma a ação da Polícia Civil serve de resposta à sociedade, que em grande maioria cobrava agilidade do policiamento no combate ao tráfico e homicídios?

Delegados: A população achou que a polícia resolveria esses inquéritos numa semana, essas investigações. Quando tem a autoria, como foi o caso da moça morta no Jardim do Cedro, no dia seguinte a Polícia Civil prendeu. Pedimos a preventiva, fomos atrás e prendemos. Agora, sem autoria, tem que ter um tempo para ir atrás de provas. Não se sabe quem é. Se parte de um inquérito onde tem uma morte e não tem o autor. Nesse sentido sim, é uma resposta à comunidade.

Diante das dificuldades operacionais da polícia, nisso citamos equipamentos e quadro de pessoal, como a PC trabalhou para elucidar esses crimes?

Delegados: foi criada uma força-tarefa. Desde o início do ano esses homicídios já vinham sendo investigados. Tanto é que nós já tivemos, logo depois dos fatos, pessoas presas. Os autores foram presos. Como o número de assassinatos cresceu um pouco mais, por iniciativa da regional, os policiais de Lajeado passaram a trabalhar com exclusividade na elucidação desses crimes. Os números foram atípicos para a cidade. Vimos que essa seria a estratégia. Concentração nessas investigações.

Há mais operações do gênero previstas? O que a comunidade pode esperar do policiamento em relação aos homicídios?

Delegados: Durante o ano passado, fizemos 15 operações na região para desarticular quadrilhas, sem falar nas outras operações. Ficou evidente que a Polícia Civil vai continuar fazendo operações. Esperamos incrementá-las ano após ano. Queremos superar o número do ano passado. A cobrança da chefia são três na região. Fizemos 15. Sim, vamos fazer outras operações na região, em Lajeado, e contra diversos tipos de crimes. Não há prazo para a próxima, até porque tem que se avaliar a conveniência de uma operação ou não. Muitas vezes é eficaz a atuação de cinco policiais no cumprimento de um mandado de busca. Outras vezes a PC entende que é mais conveniente uma operação maior. Isso depende de caso a caso e como vão as operações.

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