Lajeado – A empresa Stacione recolheu R$ 40,3 mil nos primeiros nove dias de arrecadação do estacionamento rotativo, quantia 64% menor à prevista na licitação. A queda é motivada pelo recuo na área estipulada de cobrança: de 1,3 mil vagas para 600. Enquanto isso, a gestora do sistema tenta ajustar detalhes operacionais. Período de adaptação pode durar até o fim do mês.
Do total, o governo recebe R$ 7,2 mil (17,8%). Por enquanto, o município precisa se dirigir à empresa para acompanhar quantos veículos circulam pela área azul, período de permanência na vaga e montantes arrecadados. Mas no fim de semana técnicos da Stacione implantam o sistema de acompanhamento das informações na sede do Departamento de Trânsito.
A demora em instalar a aparelhagem – duas semanas depois do início da cobrança – é atribuída à necessidade de encontrar um espaço específico na prefeitura. O ambiente precisa comportar monitores e outros equipamentos.
Redução será mantida
Para o coordenador do departamento, Euclides Rodrigues, a maior preocupação do governo de Lajeado se refere aos problemas operacionais na cobrança e não quanto será ganho com o sistema. “Estamos em um período de orientação, não de arrecadação.”
Enquanto durarem os percalços, segue reduzida a área azul. Rodrigues reconhece que tal medida pode ser estendida pelas próximas duas semanas. Neste período, nenhuma multa por desrespeitar o pagamento ou o tempo de permanência na vaga será cobrada pelos fiscais.
Na opinião do coordenador, o principal objetivo proposto pelo governo com o estacionamento rotativo está alcançado: propiciar a circulação de veículos e a disponibilidade de vagas na área central da cidade.
Nenhuma isenção ou mudança
A cobrança do estacionamento inicia às 8h e segue até as 18h, de forma ininterrupta. Alguns motoristas questionam a necessidade de manter o rotativo ao meio-dia, em virtude da pouca circulação de veículos.
Rodrigues descarta qualquer mudança nos horários, pois tal modelo foi estudado durante meses antes da implantação e contratado com a empresa Stacione. “Ela assumiu o serviço com tais condições e não é correto mudar agora. Do contrário, podemos rasgar o contrato.”
Mesma resposta Rodrigues dá ao vereador Carlos Ranzi. O parlamentar apresentou nesta semana projeto de lei antecipando em meia hora a chegada dos cobradores do rotativo. A mudança busca deixar o sistema mais eficiente. “Esse projeto, com o estudo anexo, foi enviado à câmara e a aprovação foi unânime. Agora os mesmos que aprovaram estão querendo mudar.”
Outra negação do coordenador é sobre possíveis isenções. Prefeitos de cidades vizinhas conversam com o governo para tentar flexibilizar a cobrança para ambulâncias no entorno do Hospital Bruno Born (HBB).
Para isso, observa, há uma faixa exclusiva na transversal entre a av. Benjamin Constant e a rua Júlio de Castilhos, anexa ao hospital. No trecho, os veículos podem permanecer por 15 minutos. “É tempo suficiente para descarregar os pacientes. Em Porto Alegre, por exemplo, eles pagam o estacionamento e aqui não querem. Não podemos abrir exceções, pois todos vão querer.”
Sem pontos de venda
De acordo com a administração municipal, os pontos de venda de crédito ainda não estão cadastrados e aptos a vender. Desde segunda-feira, a reportagem tenta contato com a direção da empresa sobre previsão de início do serviço, mas não obteve retorno. No pedido, também se questiona sobre medidas estratégias para retomar a cobrança em todas as vagas delimitadas.
Críticas na câmara
O sistema de estacionamento rotativo foi um dos principais assuntos debatidos na câmara de vereadores nessa terça-feira. Além da proposta do situacionista Ranzi para aumentar o horário de cobrança, três vereadores da oposição criticaram o modelo.
Lorival Silveira concorda com a necessidade da cobrança, mas considera o preço demasiado. De acordo com ele, o governo descumpre o estatuto do idoso e não fornece o percentual de vagas exigidas, de 5%. Cobra revisão do rotativo.
Para Mozart Lopes, esse é mais um de muitos impostos remetidos à população. Segundo o parlamentar, o rotativo não pode ser uma fonte de receita para o município. Diz que o governo tem dinheiro e não precisa sobretaxar a comunidade.
Apontou problemas na licitação, a exemplo de outras feitas pelo Executivo. “Apenas uma empresa chegou ao fim, as outras quatro foram eliminadas. Não houve concorrência.” De acordo com Mozart, a transparência que se alega nas licitações não está ocorrendo.
Delmar Portz observou haver prejuízo aos comerciantes em função do rotativo. Conforme ele, clientes deixam de comprar nas lojas de Lajeado devido ao alto preço do estacionamento. “As vendas estão caindo no comércio.”