Estado – Apesar das altas temperaturas, baixa umidade, ataque de pragas e doenças terem prejudicado a cultura, a produtividade das lavouras está boa. O rendimento médio por hectare no Estado segundo levantamento da Emater chega a 2,7 mil quilos.
A projeção é de colher 13 milhões de toneladas de soja. Nos últimos dois anos, houve aumento na área plantada, de quatro para cinco milhões de hectares. Na lavoura o trabalho das colheitadeiras é intenso. Os produtores André, 46, e Vicente Schmitt, 47, de Cruzeiro do Sul, finalizam a colheita esta semana.
Neste ciclo foram semeados 55 hectares, dez a mais do que na safra passada, devido à boa remuneração. A média colhida foi de 45 sacas por hectare.
Outro diferencial é o preço. No ano passado toda safra foi vendida de forma antecipada. O valor conseguido foi de R$ 54. “Neste ciclo conseguimos R$ 10 a mais pela saca. Com o lucro pretendemos comprar uma colheitadeira”, projeta André.
Entre os segredos para alcançar boa produtividade está o investimento em novas tecnologias, tanto em máquinas como em sementes e fertilizantes. Foram utilizadas variedades mais resistentes à seca e ataque de pragas. Com o uso de máquinas de precisão foram registradas menores perdas no plantio, na aplicação de inseticidas e durante a colheita. “Aliamos conhecimento e tecnologia. Tudo calculado na ponta do lápis e o resultado é uma safra mais rentável”, destaca Vicente.
Entre as dificuldades destacam a logística de escoamento, aumento do frete e escassez de compradores na região. Toda produção é vendida para uma cooperativa.
Maior da história
A safra de grãos das culturas de verão deve ser a maior da história do Estado com 27,4 milhões de toneladas colhidas, prevê a Emater. Os dados foram divulgados durante a Expodireto em Não-Me-Toque.
De acordo com o diretor-técnico Gervásio Paulus, o número representa a injeção de R$ 22,9 bilhões na economia. O montante refere-se às culturas de soja, milho, arroz e feijão. Em um período de dez anos a produção de grãos da cultura de verão quase dobrou, passando de 15 milhões de toneladas para mais de 27.
Entre os itens apontados como determinantes para a projeção da supersafra estão o acesso ao crédito, investimentos em tecnologia, preços dos produtos elevados e boas condições meteorológicas.
Mesmo com problemas de ataque de pragas, doenças e escassez de chuva, essa deve ser a maior safra dos últimos dez anos. Segundo o presidente da Emater Lino De David, esse crescimento está ligado às novas tecnologias. “Em uma década dobramos a produção sem aumentar a área cultivada. Esse aumento é aliado à incorporação de tecnologia e elevação da produtividade.”
Conforme a Conab, o país deve colher 188,7 milhões de toneladas, índice 0,7% maior do que na safra passada. No caso da soja, a previsão é de colher 85,4 milhões.
PARA SABER
Entre os dias 25 de abril e 4 de maio ocorre 20ª edição da Fenasoja em Santa Rosa, considerada capital nacional do grão. Na última edição, a feira movimentou um volume de negócios superior a R$ 45,5 milhões, com um público de mais de 200 mil pessoas.
Na cidade foi registrado o primeiro cultivo comercial em 1914. A soja entrou nas estatísticas econômicas do agronegócio estadual em 1941. Na época a área cultivada era de 640 hectares, produção de 450 toneladas e uma média de 700 quilos por hectare.