Vale do Taquari – Quatro hospitais da região protocolaram desde o ano passado na 16ª Coordenadoria Regional de Saúde em Lajeado, novos projetos para se tornarem referência em áreas específicas. O hospital Marques de Souza protocolou pedido para iniciar os atendimentos em ginecologia cirúrgica e ambulatorial. O São Gabriel Arcanjo, de Cruzeiro do Sul, busca ser referência em dermatologia. O Instituto de Saúde e Educação Vida (Isev), de Taquari, em urologia. E o hospital Ouro Branco, de Teutônia, em bucomaxilofacial. Esse foi aprovado pelo Estado e a entidade inicia os atendimentos em abril.
Pela portaria 412 da Secretaria Estadual de Saúde, cada região recebe um incentivo para atendimentos nos ambulatórios de referência. O dinheiro é rateado entre as instituições. No encontro, as autoridades e o Estado determinaram quais eram prioridade no momento, tendo em vista a demanda pelas consultas. Os municípios em reunião definiram que o pedido do hospital Ouro Branco seria prioridade e os outros três poderiam ter sua implantação adiada.
Com isso a região tem três ambulatórios de média complexidade que recebem os recursos. O de traumatologia em Taquari e Teutônia. E a partir de abril a entidade será especialista em maxilofacial também.
Todos os hospitais podem fazer os procedimentos como referência, mesmo sem receber esse recurso extra do Estado. Receberiam o valor dos procedimentos pagos pela tabela do SUS. No entanto, a maioria dos diretores alega que os valores estão desatualizados desde 2004 e torna o serviço inviável.
Por ano a Secretaria Estadual de Saúde repassa R$ 3,2 milhões aos hospitais com referência em algum serviço no Vale.
Dermatologia
A direção do Hospital São Gabriel Arcanjo aposta na especialização em dermatologia. A proposta tem aval do Estado e depende de um projeto técnico. Em paralelo, a entidade trabalha para ampliar o número de leitos de 35 para 55.
Conforme o diretor-geral do hospital, Celso Weisheimer, a especialização em doenças e tratamentos de pele não exigirá grandes investimentos por parte da entidade para começar a trabalhar. Com a referência, o hospital passará a receber aditivos do SUS para iniciar os atendimentos. A proposta surgiu no ano passado por meio do diretor-técnico, Diovane Ruaro. Segundo Weisheimer, de um modo geral os hospitais filantrópicos buscam dinheiro para quitar dívidas.
Com todas essas mudanças, a direção do hospital quer tornar a entidade financeiramente autônoma. Toda sua arrecadação provém de verbas. Por mês, são R$ 40 mil da administração municipal e R$ 35 mil do Ministério da Saúde. Há também certo montante decorrente de convênios e internações particulares. O hospital existe desde 1943.
Conta com atendimento 24 horas, custeado pela administração municipal. Por mês, a entidade realiza cerca de 30 internações clínicas, 300 atendimentos em salas de observação, 900 consultas e pequenos procedimentos.
Fazem parte da equipe: seis médicos fixos e outros dez plantonistas por escala, quatro enfermeiros, nove técnicos em enfermagem, seis trabalhadores de serviços gerais e quatro ligados ao setor administrativo. Entre outros atendimentos como cirurgias e partos, o hospital oferece serviço de laboratório e exames de raio-X.
Urologia
O Instituto de Saúde e Educação Vida (Isev), de Taquari, tem protocolado pedido de recursos para trazer a referência em urologia. Para o secretário da Saúde, Edson Silva, a entidade é especialista nas cirurgias de traumatologia, vascular, otorrinolaringologia, cirurgia geral e oftalmologia. Realizou 349 no último trimestre de 2012 e 709 no mesma época de 2013. Usando o mesmo período comparativo, a média de cirurgias aumentou 260%.
A administração municipal assumiu o hospital em 2012. Ano passado foram comprados uma ambulância, um aparelho de raio-X digital e equipamentos oftalmológicos. Depois dos investimentos, a instituição passou a receber pacientes da região para consultas e procedimentos cirúrgicos. São atendidos 42 municípios.
Em fevereiro foi anunciado o investimento de R$ 1,6 milhão para a construção de dez leitos de UTI e um novo Centro de Imagem. Conforme Silva, esses investimentos podem auxiliar o município a garantir a estrutura necessária para trazer a referência e atendimento para a traumatologia de alta complexidade, como as urgências. Hoje, a referência para essa especialidade é Canoas, que atende cerca de 120 municípios. “Trazer para cá essa especialidade sanará o problema.”, acredita.
Existe estrutura, falta recurso
A direção do hospital de Marques de Souza e executivo se reuniram na Secretaria Estadual da Saúde, para tratar do projeto que busca tornar a entidade referência regional em ginecologia cirúrgica e ambulatorial. Apesar de estar protocolado e aprovado pelo Estado, a falta de recursos torna o atendimento inviável.
A proposta contempla a realização de exames e procedimentos ambulatoriais, 100 consultas especializadas e 35 cirurgias por mês. “Temos a estrutura, mas sem a verba do Estado a implantação terá que aguardar”, comenta o prefeito Ricardo Kich.