Lajeado – Transtornos gerados por arruaceiros noturnos na av. Acvat, no bairro Americano, provocam mobilização da comunidade. Diante de abaixo-assinado produzido por moradores e empresários da região, órgãos públicos prometem maior rigidez na repressão contra os infratores.
O documento foi organizado pela associação do bairro. São 90 assinaturas que cobram uma solução para o problema registrado nas madrugadas entre quintas-feiras e domingos. Calçadas utilizadas como banheiro, garrafas de bebida espalhadas pela rua e som alto em horários de silêncio estão entre as principais reclamações.
“Não somos contra a diversão, contanto que ela seja respeitosa”, ressalta a proprietária de um estabelecimento comercial, instalado há dez anos nas imediações. Quase todos os fins de semana se depara com fezes, urina e vômito em frente ao seu comércio. É comum encontrar vestígios do descontrole nas noites de festa. Entre eles, cita cachimbos de crack, garrafas de vodka e preservativos.
Para ela, proprietários de salões de festa deveriam se preocupar com os impactos decorrentes das promoções. Ressalta que o poder público não pode ser responsabilizado por tudo. O dono de outro estabelecimento nas proximidades enfrenta os mesmos problemas e compartilha a opinião. “Temos que pressionar aqueles que permitem esse furdunço. Não dá mais pra aguentar.”
De acordo com ele, flanelinhas também se aproveitam das poucas vagas de estacionamento durante as festividades noturnas e se oferecem para cuidar dos carros. “Quem não pagar vai ter o veículo riscado ou um pneu cortado.”
A lei permite a instalação de estabelecimentos noturnos na região. Em 2007, o governo de Lajeado editou um decreto permitindo a ocupação da calçada e da via pública. Contudo, tal decreto, de acordo com a associação do bairro, extrapola a lei municipal e contraria a legislação da poluição sonora, pois não limita horários.
Medidas urgentes
Secretário de Segurança Pública de Lajeado, Gerson Teixeira mora próximo aos pontos onde existem as principais reclamações e atesta a necessidade de ações. Observa que será realizada nesta semana uma reunião entre administração municipal, Brigada Militar (BM) e Polícia Civil (PC) para debater sobre medidas a serem adotadas. “Tomaremos medidas rígidas e urgentes.”
De acordo com o comandante da 1ª Companhia do 22º Batalhão de Polícia Militar, capitão Fabiano Dornelles, para que as ações se tornem possíveis, é preciso haver participação da comunidade. “Faremos reuniões. Os moradores precisam atestar esses problemas, do contrário não teremos amparo para agir.”
O comandante também deve solicitar ao governo municipal a cópia de alvarás de empresas do local. Garante solução às reclamações. “Tivemos uma situação semelhante na av. Talini. Lá resolvemos, aqui não será diferente.”
Medo de represálias
Muitos dos reclamantes evitam exposição com medo de represálias. A onda de homicídios na cidade contribui para isso. Dois dos 11 assassinatos em Lajeado ocorreram na av. Acvat. Ontem, em hospital de Porto Alegre, morreu Cristiano Hoffmeister, 21. O rapaz foi baleado na madrugada do dia 2 deste mês, no feriadão de Carnaval, e seguia internado.
Uma sequência de disparos de arma de fogo fez com que uma multidão que se aglomerava próxima ao Café Virtual se dispersasse em pânico. Gritos e correria transformaram o ambiente de festa em um cenário de pavor e tragédia.
Na mesma madrugada, Ricardo Fischer, 24, também foi morto a tiros nas proximidades. De acordo com testemunhas, o atirador chegou a pé ao local do crime, que fica em frente a uma banca de jornais, na esquina com a av. Alberto Pasqualini. Ele chegou atirando. Foram cerca de cinco disparos. Segundo informações preliminares, o jovem morto não seria o alvo do criminoso, mas sim Hoffmeister.