Vale do Taquari – A resistência da Funai em liberar os dois quilômetros restantes para a duplicação da BR-386, próximos da aldeia indígena, em Estrela, provoca a adesão constante de entidades à mobilização regional.
Instituições do Vale pressionam a fundação para permitir a continuidade das obras no trecho. Do contrário, protesto com mais de mil participantes será realizado dia 15 de março na rodovia.
Encontro para ajustar os últimos detalhes da mobilização ocorreu, às 18h de ontem, na Acil, em Lajeado. Presidente da Câmara de Indústria, Comércio e Servições do Vale do Taquari (CIC-VT), entidade organizadora da ação, Ardêmio Heineck, estima que mais de 15 grupos regionais tenham aderido ao protesto até o momento.
Os organizadores preveem a adesão de mais grupos nos próximos dias. Para isso, a empresa Agea Marketing e Propaganda confeccionou folhetos e adesivos, que serão distribuídos pelas redes sociais e ruas. “Vamos reunir centenas de pessoas. Queremos constranger a Funai pela falta de bom-senso com o Vale.”
O protesto será realizado no pátio do posto de combustíveis Laguinho, em Estrela, de onde será feita a interrupção do transito da rodovia. O início da atividade está previsto para as 9h, sem programação de término.
Para Heineck, a fundação precisa entender a necessidade da duplicação para o Estado. A rodovia é o principal eixo de transporte gaúcho de mercadorias. “Todas as pessoas que buscam o desenvolvimento devem aderir. A região não pode aceita a economia atrasada com mais gente morrendo em decorrência da via.”
No dia do protesto também serão recolhidos donativos para doação aos índios. Com isso, os organizadores pretendem reforçar que a manifestação é apenas direcionada contra a instituição federal, não contra as famílias caingangues.
Saiba mais
A Funai condiciona a liberação à construção da nova aldeia, prevista para terminar no fim de 2015. As entidades regionais criticam essa posição, pois traria um gargalo de dois quilômetros entre trechos duplicados para um de pista simples.
O consórcio Conpasul e Iccila, responsável pela obras dos 33,5 quilômetros entre Tabaí e Estrela, estipula a entrega para, no máximo, junho. Depois disso, segundo Heineck, as máquinas deixam o trecho, tornando a duplicação incompleta. “Com isso, precisaria de uma nova licitação.”
Aldeia custará R$ 8,5 mi
O novo local a tribo caingangue fica a pouco mais de 800 metros da aldeia atual, instalada em Estrela há mais de 40 anos, e tem 6,7 hectares. O investimento para construir 29 moradias, um centro de reuniões, uma escola e uma casa de artesanato, somado aos serviços de terraplenagem, drenagem, sistema de abastecimento de água, rede elétrica e acesso à aldeia superam a R$ 8,5 milhões.
As casas serão de alvenaria, com dois até cinco dormitórios. Todas com banheiro, água tratada, energia elétrica e rede de esgoto. A escola terá 1,2 mil metros quadrados. As 29 famílias caingangues vivem em situação precária. São mais de cem pessoas, sendo 56 crianças, em uma área sem banheiro e com apenas uma torneira para o abastecimento de água da tribo.