Interrupções elevam venda de geradores

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Interrupções elevam venda de geradores

Entrega dos equipamentos demora 15 dias. Preço varia entre R$ 1,2 mil e R$ 22 mil

Vale do Taquari – Com as seguidas quedas de energia elétrica as vendas de geradores dispararam. Em muitas lojas, os estoques estão zerados. A entrega pode demorar até 15 dias, dependendo do modelo pretendido pelo cliente.

Segundo o diretor de uma loja de Lajeado, Fernando Beuren, eram vendidas duas unidades por mês antes das altas temperaturas que resultaram em interrupções de energia e prejuízos tanto na cidade como no interior. “Vendemos uma média de 40 unidades por mês. Chegamos a negociar cinco em um dia.”

1A procura aumentou tanto na cidade como no campo. Muitos clientes compram o equipamento para instalar em casas ou apartamentos. A voltagem dos modelos mais vendidos varia entre 1,2 mil e 30 mil watts, cujo preço vai de R$ 1 mil a R$ 22 mil. Com o aumento da procura alguns modelos tiveram aumento de 30%.

Esses geradores garantem a execução de funções básicas em eventuais quedas de energia como funcionamento de freezers, refrigeradores, ordenhadeiras e demais eletrodomésticos. Para manter um sistema de climatização de um aviário, recomenda a instalação de modelos com potência acima de 30 mil watts.

O produtor Ezequiel Dullius, de Cruzeiro do Sul, comprou um gerador de 8 mil watts na semana passada. As quedas de luz são comuns e provocam transtornos na propriedade. O equipamento é utilizado para colocar em funcionamento os eletrodomésticos de casa. “Quando falta em localidades vizinhas eu alugo. O rendimento chega a R$ 150 por dia.”

Prejuízos de R$ 5,4 milhões

A morte de 500 mil frangos resultou em um impacto financeiro de R$ 5,4 milhões, conforme estimativa da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).

Segundo o secretário-executivo, José Eduardo dos Santos, a redução na oferta de animais para a indústria deve resultar no aumento de até 15% no valor do quilo da carne e da dúzia de ovos nos mercados. Por dia o Estado abate cerca de três milhões de cabeças de aves.

O presidente da Ubabef, Francisco Turra, lamenta a falta de um seguro específico para cobrir as perdas. A entidade negocia com o governo a criação de um seguro para os avicultores. Em todo país as altas temperaturas aliadas à falta de energia verificada no Estado resultaram na morte de um milhão de animais.

Para reduzir a vulnerabilidade da atividade agropecuária devido às intempéries climáticas, Turra reforça a necessidade de o produtor investir em sistemas de refrigeração e até mesmo geradores movidos a diesel ou gasolina. Para fazer esse investimento, desde janeiro, o governo criou uma linha de financiamento – Inova Agro – que destinará R$ 300 milhões para o setor.

Conforme a Federação da Agricultura no Estado (Farsul), a queda na produção de leite chega a 10%. O prejuízo é de cerca de R$ 10,8 milhões, cálculo que leva em conta a produção diária de 12 milhões de litros e o valor pago ao produtor, R$ 0,90 por litro, em média.

Com a oferta menor, os hortifrutigranjeiros tiveram os preços reajustados. Em algumas variedades como a couve-flor, o aumento chega a 166%. Com grande parte das lavouras de soja em fase de floração e enchimento de grãos, o Estado deverá ter redução de produtividade na safra em razão das altas temperaturas. No milho a queda deve ser de até 8,5%.

“Não dá para depender da sorte”

Miguel Kummer, de Roca Sales, contabilizou a morte de 12 mil aves na semana passada devido à queda de energia após um temporal. O número representa 25% do total de animais alojados. Os 50 mil frangos que sobreviveram ficaram desidratados e perderam parte do peso devido ao calor. Pela primeira vez em 19 anos de atividade, cogita a compra de um gerador. “Não dá para depender da sorte. Até o próximo verão, pretendo equipar pelos menos um dos três aviários.”

O produtor Jorge Rossoni registrou a morte de 6,2 mil aves com 38 dias de idade. Apesar de reconhecer a necessidade de comprar um gerador, a iniciativa esbarra no alto custo – R$ 70 mil. “As empresas e o município deveriam custear parte como forma de incentivo.”

O proprietário de uma granja de galinhas poedeiras, Carlos Daltoé, de Encantado, investirá R$ 40 mil num gerador. O calor aliado à falta de luz resultou na morte de duas mil galinhas nas últimas semanas. A média diária de ovos caiu em 166 dúzias.

A AES Sul informa que os produtores que tiveram algum tipo de prejuízo devem comunicar a concessionária que avaliará cada caso de forma isolada.

Produção garantida

O fumicultor Ivan Feix, 41, de Boqueirão do Leão, há quatro anos comprou um gerador de 8 mil watts para manter estável a distribuição de energia elétrica nos dois fornos. “É melhor prevenir, pois não estamos imunes às intempéries climáticas ou blecautes (sic).”

Com a falta de energia a temperatura cai e, dependendo do estágio da secagem, a folha pode manchar e gerar perda de qualidade. A produção anual é de mil arrobas.

O avicultor Joseli José Favaretto, 42, de Sério, há um mês instalou um gerador de 30 mil watts para garantir a climatização da estrutura que abriga 20 mil frangos. O equipamento é acoplado ao trator e consegue funcionar por 24 horas se necessário.

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