Região deve receber 62 novos médicos

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Região deve receber 62 novos médicos

Programa Mais Médicos envia profissionais estrangeiros e conterrâneos para o SUS

Vale do Taquari – Dos 600 médicos enviados ao Estado nos próximos meses, estima-se que 62 serão destinados aos 25 municípios inscritos na 16ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS). Atuarão em jornada de 40 horas nas unidades básicas de saúde. A ação integra o Programa Mais Médicos, implantado pelo governo federal em setembro passado. Inexiste previsão de distribuição dos profissionais por cidade.

01Conforme a Secretaria de Saúde (Sesa) de Lajeado, não houve confirmação sobre envio de médicos para a cidade. Desde o lançamento do programa, a Sesa pede oito profissionais. Mesmo inscrito nas etapas do ano passado, o município não recebeu nenhum. O secretário Glademir Schwingel não sabe se Lajeado está incluída neste ciclo.

Esta é a terceira etapa do programa Mais Médicos. Até o fim deste ano, a Secretaria Estadual de Saúde prevê destinação de 1,1 mil médicos a todo Estado. Cidades interioranas têm prioridade.

Contratação para suprir carência

Médicos brasileiros e estrangeiros serão enviados aos 497 municípios. Conterrâneos iniciam as atividades até o fim deste mês, e estrangeiros contam com treinamento sobre o sistema de saúde básica. Devem começar a atuar no máximo até abril. Localidades menores e com mais dificuldade para contratar profissionais terão preferência para recebê-los. O período de contratação é de três anos.

Nas duas primeiras etapas, 113 municípios do Estado foram atendidos com 400 profissionais. O quarto ciclo deve ocorrer em abril. O governo estadual estima suprir 75% da carência de saúde em todo o território até o fim deste ano.

A intenção é tratar enfermidades de baixa complexidade para reduzir filas nos hospitais. Cada município deve arcar com as despesas de moradia e alimentação dos contratados.

Dificuldade para encontrar médicos

Municípios do interior enfrentam dificuldades para contratar médicos. Os motivos alegados pela classe variam entre distância dos centros urbanos, falta de estrutura para as consultas e inexistência de garantias trabalhistas – plano de carreira, FGTS e 13º salário.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) cobra mudanças na forma de seleção. Ao invés dos municípios serem responsáveis pelos concursos públicos, o Estado e a União abririam seleção para preenchimento das vagas. Sistema similar ao de escolha de juízes, promotores de Justiça e delegados. A proposta segue em análise no Congresso Nacional.

Enquanto isso, para garantir atendimento, prefeitos oferecem altos salários. Há casos de pagamentos mensais de R$ 16 mil para manter um profissional no posto de saúde.

Sem estabilidade, médicos evitam contratos emergenciais. Nos últimos anos, os municípios do Vale passaram a preencher cargos por concurso público. Em cidades mais distantes e com poucos habitantes, os gestores reclamam do pouco interesse dos candidatos.

Cubana atua em Arroio do Meio

A cubana Maria do Carmo Rodil Castilho, 52, atende como médica há três meses na saúde da família no posto do bairro Bela Vista, em Arroio do Meio. Chegou ao Brasil em novembro de 2013 e no mês seguinte na região.

No município, assistiu ao trabalho dos colegas durante um mês para aprender sobre as necessidades locais.

Curiosa pelo Brasil necessitar de profissionais, Maria do Carmo decidiu se candidatar. De acordo com o convênio assinado em Cuba, seria enviada ao Nordeste. Ao chegar, o Ministério da Saúde distribuiu os estrangeiros em diferentes regiões.

Se surpreendeu com as condições de saúde no Sul. Imaginava uma situação precária, sem médicos para atender a população. “Quando conheci tudo pensei: o que eu faço aqui? Sou desnecessária.”

A médica se adapta à região de colonização alemã. Define o próprio idioma como “portunhol”. Pronuncia as palavras sem pressa, a fim de ser compreendida pelos pacientes.

Mora em um hotel e depende da prefeitura para se mudar para um apartamento. O Executivo se responsabiliza pelo custo da moradia. Após a mudança, quer retomar as caminhadas de fim de tarde realizadas antes de vir para o Brasil. Para isso, busca companhia.

No trabalho inexiste dificuldades. “A Medicina é igual em todo país.” A diferença está nos medicamentos. Em Cuba são usados nomes genéricos, enquanto no Brasil é comum o comercial. Usa o tempo livre para estudar as nomenclaturas.

Há 30 anos na Medicina, passou por outras experiências de intercâmbio. Em 2006, foi à Bolívia, a pedido do presidente. Os médicos de Cuba foram enviados para auxiliar pessoas atingidas pelas inundações e deslizamentos de terra.

O contrato com o Brasil dura três anos. Não pensa em renová-lo. Quer voltar para perto do marido e do filho, de 25 anos. “Quem sabe poderei acompanhar o crescimento de um neto.”

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