Lajeado – A Polícia Civil entrega hoje à Justiça o inquérito policial que investigou fraudes contra correntistas da Cooperativa Sicredi. agência de Lajeado. O caso foi deflagrado em fevereiro, após desaparecimento do bancário acusado. O montante desviado pode ultrapassar R$ 250 mil. Diretoria garante que o valor foi devolvido aos clientes e que o prejuízo não será repassado aos associados.
Ex-gerente de Negócios de Pessoa Jurídica, ele foi indiciado por furto qualificado, falsidade ideológica e dano ao patrimônio público. O último delito foi cometido quando o ex-bancário causou um acidente na ponte da ERS-130 sobre o Rio Forqueta, logo após a cooperativa descobrir a fraude. A colisão teria como intuito a liberação do seguro do veículo.
De acordo com o delegado responsável, Silvio Huppes, foi comprovado o desvio de dinheiro em benefício do ex-bancário. Conforme o inquérito – que não cita nomes ou valores envolvidos –, o indiciado praticava o crime contra clientes que retiravam os extratos diretamente com ele, e não nos terminais de auto atendimento da agência. Mais de dez correntistas foram lesados. “A maioria é pessoa de mais idade, que confiava cegamente no funcionário (sic).”
Segundo Huppes, após transferir valores dos correntistas para contas no nome dele e de familiares, montava novos extratos, inclusive com os juros aproximados, disfarçando o desvio. A maioria das vítimas só percebia o rombo depois de algum tempo.
Um dos correntistas supostamente roubado percebeu a diferença. “Ele desconfiou após tentar um saque e ver que nada havia na conta.” Em outro caso, o cliente apresentou um extrato formatado pelo ex-bancário e, após a apuração, foi verificado que o valor real existente na conta estava 20 vezes menor em razão da fraude.
O ex-bancário, conforme a investigação policial, também possuía cartões de crédito que sequer haviam sido solicitados pelos correntistas. “Ele utilizou desses cartões para sacar valores, inclusive realizando saques fora do Estado.”
Delegado alerta para fragilidade
A fraude, segundo Huppes, foi descoberta pela própria instituição bancária após diagnosticar uma transferência anormal envolvendo algumas contas. As correntistas envolvidas negaram a movimentação.
O delegado atenta para uma possível fragilidade do sistema. Para ele, os clientes devem optar pelos saques efetuados nos terminais de autoatendimento. “Burlar o sistema informatizado é mais difícil.” Segundo ele, os clientes devem ter mais atenção sobre quais cartões bancários foram solicitados.
Atual presidente da Cooperativa Sicredi de Lajeado, Adilson Metz, não quis comentar o caso. “O fato ocorreu antes da minha eleição. Tenho pouco a falar sobre isso.” Questionado, o diretor executivo, Luiz Mário Leite, não soube precisar se houve mudanças no sistema interno da agência após as fraudes e a demissão do ex-funcionário.
Relembre o caso
No dia 4 de fevereiro, por volta de 13h, o ex-bancário, que mora no bairro Moinhos, em Lajeado, saiu com a caminhonete Toyota Fielder. Ele alegou para a família que iria à agência resolver pendências.
Ele estava de férias. No mesmo dia, teria se deslocado até a unidade do Sicredi, em Arroio do Meio, onde teria aumentado o valor do seguro de vida. Após, desligou o celular e sumiu.
A família se mobilizou para descobrir o paradeiro. Mais de quatro mil pessoas compartilharam as fotos e pedido de informações nas redes sociais. Informações davam conta de que o acusado estaria no litoral.
Três dias depois, ele colidiu a Toyota Fielder na ponte sobre o Arroio Forqueta, entre Lajeado e Arroio do Meio. O veículo ficou abandonado no local. No mesmo dia do acidente, ele foi encontrado na residência de familiares.