Aumento dos casos de distúrbios  mentais em crianças alerta profissionais

LAJEADO

Aumento dos casos de distúrbios mentais em crianças alerta profissionais

Entender como reconhecer os sinais de transtornos é fundamental entre pais e professores

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Aumento dos casos de distúrbios  mentais em crianças alerta profissionais
Profissionais reforçam importância da atenção dos pais em relação a sinais de transtornos mentais como mudança drástica de comportamento, irritabilidade e dificuldade escolar/Foto: Ezequiel Neitzke

O Vale do Taquari está entre as regiões do estado com maior índice de suicídio anos entre jovens de 15 a 19 anos. Os dados levam em conta os últimos cinco anos. As estatísticas preocupam pais e alertam profissionais. Reconhecer mudanças no comportamento e auxiliar no cuidado com a saúde mental das crianças e adolescentes é prioridade entre responsáveis.

Para falar sobre o assunto, a médica psiquiatra e mestre em Ciências Médicas, Luiza Lucas, e a psicóloga e especialista em Saúde Mental, Mariana Azevedo de Souza participaram, na última quinta-feira, 28, de “Nossos Filhos”, programa multiplataforma do Grupo A Hora.

Na ocasião, ambas profissionais ressaltaram a importância de abordar questões de saúde mental e inteligência emocional para que as crianças cresçam sabendo que é importante conversar sobre e entender os sentimentos. Reforçam, ainda, que é necessário quebrar as barreiras criadas pela sociedade com o atendimento psicológico.

“As pessoas acham que quem vai no psicólogo e psiquiatra está adoecido, mas é justamente o contrário. Esperamos que as pessoas busquem ajuda mais cedo para não chegar ao ponto de casos de doenças mentais”, destaca Luiza. Para ela, é necessário normalizar os pedidos de ajuda e ter oportunidades de falar sobre o assunto.

Segundo Mariana, a desmistificação e tratamento adequado desses casos é muito recente. Ela reforça que o acompanhamento auxilia para que o indivíduo consiga lidar melhor com as situações de crise. Complementa, ainda, que, cada vez mais cedo, as crianças estão apresentando sinais que indicam algum transtorno mental.

A especialista em Saúde Mental explica que em alguns casos pode ser a mudança comportamental da fase, mas prestar atenção em mudanças drásticas de comportamento deve ser um alerta. “Muitas vezes os pais minimizam as questões. O jovem pode estar passando por algo que precise de maior atenção e escuta, mas não tem um espaço acolhedor para falar sobre”.

Atenção

A criança precisa ser livre para se comunicar e processar informações do jeito que consegue. Luiza destaca que os pequenos precisam do brincar para expressar e entender os sentimentos. “O adulto não pode proibir a criança de se expressar dessa maneira, ela precisa disso. É a forma que ela tem de elaborar”.

Nesse caso, o uso constante de telas e a falta de interação social prejudicam o processo. Mariana comenta que o alto índice de exposição contribui para o desenvolvimento de inabilidades sociais e afetivas. Para ela, é importante que os responsáveis tenham controle e consigam filtrar o que o jovem está assistindo.

Luiza acrescenta que, para obter sucesso na estratégia, os pais também devem limitar o próprio tempo do celular. “Os filhos espelham os pais, então eles também precisam olhar para si antes de impor algo para os pequenos. Isso não vale apenas para a questão do celular”.

Quando os pais buscam por atendimento prévio, afirma Mariana, muitas vezes, as crianças, no futuro, não precisam do atendimento. Ela pontua que, com eles se sentindo melhores e mais leves consigo mesmos, já conseguem compreender e lidar melhor com as dificuldades dos filhos.

Cuidados

Mariana reforça que o cenário é preocupante, por isso que se fala tanto no olhar para o jovem. “Eles vão se tornar adultos, e queremos que se tornem adultos saudáveis”. Com o pós pandemia, frisa a profissional, já era esperado o aumento no número dos casos. Por conta disso, a necessidade de promover ações preventivas é ainda maior.

A atenção dos professores nas escolas também é importante no cuidado. Muitas vezes, a criança passa mais tempo no educandário do que em casa. “Capacitar os profissionais para que eles reconheçam e saibam como lidar com os alunos é necessário”, afirma Mariana. Dificuldade de socialização, muitas faltas e baixo desempenho escolar são aspectos a serem analisados.

Sinais de transtornos mentais

– Mudança drástica de comportamento;
– Irritabilidade;
– Dificuldade escolar;
– Perda repentina de interesse;
– Isolação da sociedade;
– Dificuldade de concentração;
– Insônia;
– Problemas em expressar ideias.

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