Sementes crioulas perpetuam o cultivo de base ecológica

VIVER CIDADES

Sementes crioulas perpetuam o cultivo de base ecológica

Tema foi debatido na edição deste do Painel Viver Cidades, na Rádio A Hora 102.9, na noite da última terça-feira.

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Atualizado quinta-feira,
25 de Maio de 2023 às 06:47

Sementes crioulas perpetuam o cultivo de base ecológica
Sementes crioulas resgatam a agricultura familiar dos antepassados. Crédito: Divulgação
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Três eventos programados para hoje, dia 30 de maio e 14 de junho sobre cultura de base ecológica confirmam a importância da preservação das sementes crioulas. Este também foi o tema do painel Viver Cidades, na Rádio A Hora 102.9, na noite da última terça-feira. Participaram do programa o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Marcos Schafer, a nutricionista e extensionista social da Emater de Muçum, Tatiane Turatti, e a especialista em ensino de ciências da terra e ativista da agroecologia, Anemari Menhard.

Schafer conceituou: “Sementes crioulas ou tradicionais são um conjunto de sementes melhoradas e que vem sendo multiplicadas por gerações, passando de família em família.” Ele ainda destaca que não se trata apenas de grãos, mas de talos, ramos que possam multiplicar aquela variedade, geralmente cultivada com base ecológica.

Anemari, que atuou na área da educação por muitos anos, entende que o espaço escolar é propício para difundir conhecimentos sobre agroecologia e sustentabilidade. Mas destaca que os encontros entre agricultores familiares, técnicos e comunidade, como forma de preservação e perpetuação das sementes, significa sair um pouco da academia, do conhecimento formal, para valorizar o conhecimento passado de geração em geração.

Tatiane, atuando como nutricionista clínica, conheceu uma a realidade na qual se destacava a obesidade, doenças cardiovasculares, reflexos do padrão alimentar brasileiro, com poucas escolhas saudáveis. “Com a extensão rural, eu consegui fazer a ligação mais estreita entre a nutrição e o padrão alimentar brasileiro. Pensando na agroecologia, a gente vê as sementes crioulas como a base de tudo.”

A valorização dos alimentos sem agroquímicos nada mais é do que retornar às origens da humanidade. Na opinião de Schafer é importante resgatar a história da agricultura para entender o caminho ao estilo de hoje. “A revolução verde, intensificada nos anos 1970, com incentivo ao uso de agroquímicos.

Foi um esforço muito grande da indústria para colocar seus produtos na agricultura.” Agora se percebe o movimento contrário. “Esse conhecimento vem sendo gerado pela agroecologia, que busca resgatar certas técnicas, como olhar minucioso sobre as plantações e redução de produtos químicos utilizados nas plantações.”

Produção

Embora ainda tenha um pequeno espaço nas gôndulas dos supermercado e feiras de bairro, é possível ter uma produção orgânica em larga escala. “Basta ter os insumos e conhecimentos necessários para isso. É preciso ter uma tomada de atitude, mostrar o que quer fazer”, destaca Schafer. Anemari completa: “Sempre falamos nos nossos encontros e discussões que os agricultores precisam de políticas públicas de apoio para implementar sua produção. Essa é a principal questão: faltam políticas públicas e apoio para ter acesso a bioinsumos, equipamentos. Apoio técnico, temos de alta qualidade pela Emater ”

Quanto ao contingente de consumidores, Tatiane faz um alerta: “Alimentação saudável não tem a ver com restringir calorias. Na verdade, é ter refeições baseadas na maior quantidade possível de alimentos in natura. O ato de cozinhar dentro desse processo é essencial para que haja uma reconexão com o alimento.”

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