Câncer de colo de útero

Opinião

Hugo Schünemann

Hugo Schünemann

Médico oncologista e diretor técnico do Centro Regional de Oncologia (Cron)

Câncer de colo de útero

Por

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O colo do útero é a porção uterina que adentra a vagina. É a parte do útero por onde nascem os bebês e a parte visível ao exame médico fisiológico.
No Brasil, em 2023, espera-se 17 mil novos casos, fazendo com que seja o terceiro tumor mais comum entre mulheres, excluindo-se os cânceres de pele.

A taxa de óbito está em 4 em cada 100 mil mulheres. O dado é, de certa forma, alarmante, já que se trata de tumores que podem ser prevenidos.
Sabemos, hoje, que o vírus HPV está fortemente associado ao desenvolvimento da doença. E para este, já existe vacina, inclusive no sistema público.

Também, o exame pré-câncer, conhecido como Papanicolau, exame barato, é amplamente difundido na região e no estado e, quando feito regularmente, é ferramenta poderosa no combate ao câncer de colo uterino, já que evidencia alterações pré-malignas, isto é, lesões que, se não forem tratadas adequadamente, vão evoluir para um câncer. Idas ao ginecologista e/ou ao posto de saúde para este tipo de avaliação devem ser regulares, conforme a idade da mulher.

Exames como Colonoscopia são complementares e ajudam a evidenciar a lesão, para auxiliar na decisão terapêutica. Quando uma lesão pré-maligna é identificada, a paciente é submetida à cauterização, que consiste em jogar nitrogênio líquido sobre a lesão, que destrói aquelas células e permite a regeneração dos tecidos. Em casos mais graves, a opção é conização, quando num procedimento cirúrgico, a área suspeita/doente é renovada, num formato de cone (daí o nome).nMas há casos em que, ou estes procedimentos não foram suficientes ou já não estão apropriados para a lesão identificada.

Aí, o procedimento para tratamento será a cirurgia, mais ou menos ampla, conforme a situação. Após a remoção do útero, ou parte dele, será definido a necessidade de outros tratamentos. Habitualmente a Radioterapia é uma das escolhas. Radioterapia externa consiste em expor a área doente à radiação emitida por um aparelho próprio. Há também a braquiterapia, procedimento no qual um aparelho é colocado na vagina da paciente e dentro deste aparelho vai pequena capsula de material radioativo, normalmente Césio 137, e este equipamento com a cápsula fica 48 até 72 horas na paciente.

Durante este período, a paciente fica isolada. Casos mais extremos vão requerer quimioterapia, mas os resultados são mais pobres.

Os sintomas da doença costumam ser sangramentos fora do ciclo normal, dor durante o ato sexual, desconforto abdominal baixo e corrimento. Claro que esses sinais/sintomas estão presentes em outros distúrbios ginecológicos, mas sugerem que a busca por atendimento é necessária.

O mais importante, ao meu ver, é que esta doença pode ser evitada ou diagnosticada precocemente. O estímulo ao cuidado íntimo da mulher deve ser feito.

Afinal, a vida é o que importa!

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