Equipes deixam obras na 386 e Vale teme atraso na duplicação

REVISÃO DE CONTRATO

Equipes deixam obras na 386 e Vale teme atraso na duplicação

Concessionária e terceirizada rediscutem termos sobre serviços na rodovia. Canteiros de obras começam a ser desmobilizados e líderes regionais questionam ANTT sobre cronograma de entregas previsto em contrato

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Equipes deixam obras na 386 e Vale teme atraso na duplicação
Queda no ritmo de obras preocupa líderes locais. Temor é sobre a segurança dos motoristas e também pelo atraso na entrega da duplicação. Crédito: Filipe Faleiro
Vale do Taquari

A duplicação da BR-386 no trecho de Marques de Souza a Lajeado está perto de ser finalizada. No entanto, a redução na presença de máquinas e trabalhadores da Eurovias indica um possível desacerto entre as organizações. De oficial, apenas a informação da CCR ViaSul sobre o momento de reavaliação dos contratos com empresas terceirizadas, entre as quais a própria Eurovias, responsável pelas obras de infraestrutura na BR-386.

Nas últimas semanas, motoristas e donos de empreendimentos às margens da rodovia percebem queda no número de trabalhadores no trecho. Na manhã de ontem, inclusive foi constatado o transporte de máquinas para outras localidades. “Pelo que parece pararam. Hoje (ontem) tiraram uma retro aqui de perto. Se continuar assim, não vão terminar a duplicação neste ano”, diz o dono de uma borracharia no bairro Olarias, Alceu Eckertt.

A empresa dele fica na entrada para o bairro, em um acesso que foi interditado. “Com essas obras paradas, estamos tendo perdas. Os clientes tem dificuldade em entrar e sair. Quando estiver pronta vai ficar bom, mas do jeito que está nos prejudica.”

Pelo contrato, são 20 quilômetros de nova pista para serem liberados ao trânsito ainda neste semestre. Deste total, 14 foram concluídos. O vereador e engenheiro do município de Lajeado, Isidoro Fornari (Progressistas) contatou a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para saber como está o acompanhamento do contrato e o ritmo das obras.

De acordo com ele, com a redução nas obras e uma possível parada dos serviços seria muito difícil concluir a duplicação neste semestre. “Isso nos preocupa muito, pois é perigoso deixar a rodovia como está.”

A duplicação da BR-386 começou em junho de 2021. A CCR Viasul venceu o leilão para gerir as Brs 386, 101, 290 e 448 em novembro de 2018. O contrato faz parte do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) e a empresa terá de investir mais de R$ 7,8 bilhões durante os 30 anos de concessão.

“Mandaram guardar tudo”

A análise e reavaliação dos contratos da CCR Viasul chega às equipes de trabalhadores. Entre eles, a informação é que o andamento das obras foi suspenso. A notícia foi dada à equipe por um encarregado na manhã de ontem.

“Disseram que era para organizar as coisas. Mandaram guardar tudo pois iam levar embora”, diz um funcionário que prefere não se identificar. Muitos integrantes da equipe foram enviados para outros trechos. Junto com isso, eles temem demissões em massa. “Tão dizendo que vai ser de 20 a 30 por dia.”

Um outro trabalhador, vindo do Nordeste faz poucos meses, conta que foi informado que não terá serviço nos próximos dias. “Disseram para ir pra casa e esperar orientações. Afirmaram que vão pagar tudo certinho. Vim para o Rio Grande do Sul e agora terei de voltar para o norte.”

Palavra da concessionária

A CCR ViaSul esclarece que, conforme já anunciado na última semana, os contratos com a atual empresa terceirizada, que está à frente das obras de duplicação da BR-386, bem como implantação das faixas adicionais, encontram-se em reavaliação de desempenho.
A concessionária estuda o caso internamente e informa que o plano de remobilização destas obras já encontra-se em andamento e, tão logo concluído, os serviços serão retomados. De todo modo, o compromisso para a conclusão destes investimentos segue mantido e a concessionária mantém-se à disposição da comunidade para eventuais dúvidas.

Resposta da ANTT

Conforme a agência, são feitas vistorias para avaliar a evolução das obras. Os percentuais de evolução são avaliados todos os meses e também no ano.

Em caso de descumprimento no cronograma anual é aplicada a redução de tarifa, na forma prevista pelo contrato e também uma multa quando o atraso se deu por responsabilidade da concessionária.

Dessa forma, frisa a agência, qualquer paralisação no andamento das obras é de responsabilidade da concessionária que deve fazer a compensação posterior.

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