Da influência dos pais, veio o interesse pelo estudo e a vocação para sempre ir em busca de mais conhecimento. Com longa trajetória acadêmica e empresarial, Fernando Röhsig é um filho legítimo do Vale do Taquari, que construiu muitas relações profissionais enquanto esteve fora, mas que hoje mora, investe e acredita no potencial econômico e social da região.
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Röhsig compartilhou um pouco de seus conhecimentos, ideias e relembrou as origens familiares em “O Meu Negócio”, programa multiplataforma do Grupo A Hora. Nascido em Roca Sales, é filho de pais professores, o que lhe fez crescer num ambiente escolar. Sua família, porém, tem origem no interior de Colinas.
“Meu pai é filho de colonos, vivia numa pequena propriedade rural, que hoje é administrada pela minha tia mais nova. Ele é o filho do meio, e meu avô decidiu investir nele para estudar. E do lado da minha mãe, são três irmãs professoras. O meu avô, pai dela, também era um professor. Meus pais foram estudar e, talvez por isso, eu sempre tenha apostado e investido muito na educação”, afirma.
Casado com a jornalista Francini Ledur – atual coordenadora de Comunicação da Prefeitura de Lajeado – e pai do Frederico, Röhsig também é reconhecido na região pela atuação voluntária em diversas entidades. É presidente do Clube Tiro e Caça (CTC), do conselho de Administração da Paróquia Santo Inácio de Loyola e integra também a direção do Clube Esportivo Lajeadense.
ENTREVISTA
Fernando Röhsig • consultor empresarial
“Reconhecer uma fragilidade mostra o que tu deves fazer por ti”
Rogério Wink: O ambiente familiar foi vital para que você buscasse conhecimento?
Fernando Röhsig: Meus pais assumiram a direção da escola evangélica de Roca Sales, que hoje é o Ceat da região alta. Por isso, nasci naquele município. Nasci num ambiente familiar, de filho de diretor de escola, e era muito natural isso. A casa que eles tinham direito a utilizar era do lado da escola e da igreja. O que ficou dessa fase inicial da minha vida era o acesso às pessoas. Ele ia bastante para Porto Alegre, na Secretaria de Educação, por exemplo. Isso me deu facilidade de relacionamento com as pessoas.
Wink: Você participou do projeto da Pesquisa Rumo. Como construir essa ponte entre estudante e empresário?
Röhsig: Nós identificamos claramente a diferença de expectativas, do que um estudante imagina, e do que o empresário imagina. O bom empresário quer achar pessoas com determinação, comprometimento e que vestem a camisa. Só que a juventude tem uma pressa de já querer ter um cargo de liderança. Identificamos na pesquisa que o jovem já pensa que será gerente ou coordenador. E não é bem assim. Tem uma maturidade que tu precisa atingir.
Wink: E como foi contigo essa maturidade profissional?
Röhsig: Um fato me despertou essa responsabilidade. Meu pai sofreu um acidente de carro em Porto Alegre, quando fazia mestrado, em 1997. Eu tinha 26 anos. Quando vi que podia perder ele, me caiu a ficha, de que deveria começar a fazer na empresa o que era para ser feito. Isso se refletiu de diversas maneiras, em buscar mais conhecimento, mesmo que eu tenha tido uma boa formação na Ufrgs. Às vezes, reconhecer uma fragilidade mostra o que tu deves fazer por ti.
Wink: O que é uma marca autêntica tua?
Röhsig: Lealdade. Gosto dessa palavra e procuro sempre cumprir isso. Mas espero que isso também venha do outro lado. Tive alguns episódios pontuais onde não ocorreu da outra parte, mas trabalho muito para evitar isso. Tem que ter lealdade e boa fé.
Wink: Como foi trabalhar com o Nestor Schneider?
Röhsig: Foi um cidadão que conheci por um destino do CPOR. O filho dele estava junto comigo. Nós viajávamos juntos a Porto Alegre e conheci a irmã dele. Nessa aproximação com a família, o Nestor me deu oportunidade de trabalho na capital. Ali, aprendi a buscar informação. Trabalhava com licitações públicas no RS. Eu estava sempre lendo. Aquilo me abriu muitas portas como uma primeira experiência prática.
Wink: O fato de ter tido essa experiência cria relacionamentos. Isso é uma boa fórmula?
Röhsig: As portas têm que estar abertas. E isso se faz no associativismo, em relações sérias, com reputações, olho no olho. Aí o relacionamento faz a diferença. Por ter a visão do Martinho Lutero, eu defendo muito mais a instituição. Nesse relacionamento, precisamos prezar por ela, não usar como trampolim pessoal.
Wink: Como se inicia o planejamento sucessório numa empresa?
Röhsig: Normalmente é de conversas difíceis. Se eu sou fundador, montei meu negócio, tenho meu ideal e minhas expectativas. Mas talvez não saiba a hora de parar, não sabe quando passar o bastão para uma segunda geração. Essa é a primeira parte da reflexão. Esse líder precisa se dar conta do que quer para o futuro, pois é o líder do momento. Infelizmente há muitos casos que ocorrem de forma abrupta.
Wink: Você decidiu voltar para Lajeado depois de muito tempo em Porto Alegre. Por que você fala bem do Vale do Taquari e por que é uma boa oportunidade investir aqui?
Röhsig: Temos uma população de 380 mil habitantes, um PIB per capita de R$ 40, R$ 45 mil e é uma região produtora de alimentos. Ou seja, oscila pouco. E, claro a questão do cooperativismo, com 426 mil associados a uma cooperativa. Por acreditar nas instituições, sempre acreditei que deveria voltar ao Vale. Quis viver aqui porque vejo potencial. E muitas empresas precisam do trabalho que a gente faz. Tenho clientes de toda a região. Aqui tem acesso a tudo e temos uma bela localização, muito próximos da capital.
