Americanas promete manter aluguel de duas lojas na região

GIGANTE EM CRISE

Americanas promete manter aluguel de duas lojas na região

Varejista com dívida bilionária suspendeu pagamentos de credores e deve apresentar plano de reestruturação até 19 de março. Débito com aluguéis não inclui unidades no Vale do Taquari

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Atualizado sábado,
11 de Fevereiro de 2023 às 07:34

Americanas promete manter aluguel de duas lojas na região
Loja no shopping em Lajeado é uma das unidades da Americanas na região. Crédito: Felipe Neitzke
Vale do Taquari
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Em meio à crise financeira, a Americanas emitiu comunicado aos proprietários de imóveis sobre o não pagamento de aluguéis anteriores a 19 de janeiro, data do pedido de recuperação judicial. Já os demais valores, a companhia promete honrar, bem como manter a loja em Estrela e outra no shopping em Lajeado.

Até então, a varejista mantinha em dia os valores referentes ao aluguel das lojas na região. No país, o valor devido aos locatários supera R$ 11,6 milhões. Conforme nota da Americanas ao mercado, o pagamento dos créditos anteriores à reorganização feita com intermediação da Justiça está suspenso.

De acordo com o empresário Fábio Benoit, sócio da empresa que administra o Shopping Lajeado, a varejista sempre cumpriu com os contratos. “Até então não havia problemas de pagamento. Pelo que informaram, vamos ficar sem o valor de janeiro, mas o restante deve ser mantido, inclusive para a loja em Estrela inaugurada em 2021.”

Mesmo com as incertezas sobre o futuro da Americanas, Benoit destaca que a presença da marca sempre foi importante para atrair clientes ao shopping. “É uma loja âncora dentro do contexto nacional. Percebemos que eles mantêm a unidade bem abastecida com os produtos e esperamos que consigam superar esse momento”, pontua.

Além de dívidas com aluguéis, a empresa deve para fornecedores. O valor total da dívida é estimado em R$ 43 bilhões. Entre os credores estão empresas do Vale do Taquari. Para a fabricante de chocolates Neugebauer são R$ 15 milhões. Outros R$ 957,4 mil são devidos à Docile.

Lições ao mercado

Adiar pagamentos de fornecedores para compor caixa. Uma prática recorrente no mundo dos negócios, mas com riscos, a exemplo do registrado pela Americanas. Na avaliação do economista Eloni Salvi essa situação traz lições importantes às empresas. “O cenário não foi construído agora. Eles postergaram o pagamento de mercadorias para ter capacidade de ampliar o negócio. Chegou a um ponto onde não teve mais sustentação.”

Salvi observa ser importante os fornecedores determinarem um limite para evitar perdas. “Pelo tamanho da Americanas a companhia é que muitas vezes ditava as regras da negociação. Para não perder o cliente e receber os valores as empresas mantinham o fornecimento dos produtos.”

O economista entende que as perdas para as empresas fornecedoras será inevitável. “Desses R$ 43 bilhões em dívidas, com o processo de recuperação judicial será muito se pagarem 20% a 30%.” Sobre o futuro da companhia, Salvi entende que a Americanas deixará de ser uma gigante do varejo. “Eles vão se livrar das operações menos rentáveis e reposicionar o negócio.”

Escândalo na gigante do varejo

– Após dez dias no cargo, Sergio Rial revelou rombo de R$ 20 bilhões na Americanas e deixou a presidência da empresa. Ele havia assumido em 2 de janeiro;

– Em 19 de janeiro a empresa entrou com pedido de recuperação judicial. Relatório da companhia indica dívidas que somam R$ 43 bilhões, frente os R$ 800 milhões de valores em caixa;

– A lista com quase 8 mil credores inclui empresas do Vale do Taquari: Neugebauer (R$ 15 milhões) e Docile (R$ 957,4 mil);

– Em comunicado ao mercado, no dia 21 de janeiro a Americanas nega que vai falir e diz seguir com as operações normalmente.

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