Ato de vandalismo é apontado como a causa para queda de torre de energia elétrica entre Vale Verde e Venâncio Aires. Os técnicos da cooperativa Certaja identificaram a retirada de pelo menos 64 parafusos. Sem a sustentação, a estrutura metálica caiu durante temporal na tarde de sábado, 28, e danificou outros componentes da linha de transmissão.
O incidente comprometeu o fornecimento de energia para mais de 6 mil associados. Para minimizar o impacto, a cooperativa transferiu a carga para a subestação Taquari, enquanto as equipes trabalharam para estabelecer o serviço. A conclusão dos trabalhos ocorreu ontem no início da tarde.
Considerado um caso atípico, a suspeita de sabotagem eleva a preocupação por parte das concessionárias. Para reforçar a segurança nas estruturas instaladas na região, as empresas ampliam o trabalho de inspeção. Tanto a Certaja quanto a Certel farão novas verificações nas linhas de transmissão. Esse trabalho tem o apoio da tecnologia com uso de drone.
Situações parecidas foram registradas em outros estados. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), desde o início do ano 16 torres de energia sofreram com atos de vandalismo. Pelo menos quatro foram derrubadas em 11 episódios. Os casos são investigados pelo Ministério Público Federal (MPF).
Registro policial
O dano à rede de transmissão da Certaja foi registrado na Polícia Civil e segue procedimentos da agência reguladora. De acordo com o vice-presidente da cooperativa Ederson Madruga, a retirada dos parafusos deve ter ocorrido há poucos dias. “O local foi vistoriado há cerca de duas semanas dentro do programa de manutenção.”
Por se tratar de uma área rural e isolada, uma das dificuldades na investigação é a disponibilidade de eventuais imagens. A rede de transmissão faz parte de recente investimento da Certaja. Foram aplicados mais de R$ 26,7 milhões na subestação de Vale Verde e a instalação de 84 torres metálicas até a cidade de Venâncio Aires.
Prejuízo à cooperativa e associados
“Com a transferência de carga, os níveis de qualidade da energia ficaram prejudicados, mas a prioridade naquele momento era que todos os cooperados tivessem energia”, detalha o gerente de distribuição da Certaja, Eleandro Luis Marques da Silva.
Como o trabalho exigiu a contratação emergencial de equipes especializadas, Silva observa que ainda não é possível mensurar a totalidade dos custos envolvidos nesta operação. “Esse tipo de ato afeta diretamente os nossos cooperados, que ficam provisoriamente sem a prestação do serviço”, comenta o gerente.
Demais ocorrências
A Aneel reiterou por meio de nota que acompanha os ataques a torres de energia e trabalha em conjunto com outras instituições, como a Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O objetivo é reforçar a segurança do sistema elétrico e identificar os autores para inibir outras ações.
Até o momento, das 11 ocorrências, quatro incidentes foram no Paraná. Outros três casos em São Paulo e Rondônia, além de um registro em Mato Grosso. Uma das suspeitas das autoridades é que os ataques tenham relação com movimentos antidemocráticos de 8 de janeiro.
