Igualdade não, equidade sim!

Opinião

Cíntia Agostini

Cíntia Agostini

Vice-presidente do Codevat

Assuntos e temas do cotidiano

Igualdade não, equidade sim!

Por

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A igualdade está vinculada ao princípio de que todos possuem os mesmos direitos e deveres e que todos devem ser regidos pelas mesmas regras e condições sociais, já a equidade indica que não somos todos iguais e que esses desequilíbrios precisam ser ajustados.

É o princípio da igualdade que rege os critérios meritocráticos e as falas que indicam que “só é pobre quem quer”, pois todos possuem as mesmas condições, têm os mesmos direitos e deveres. No entanto, se somos tão diversos, somos tão desiguais, como supor que a igualdade possa dar conta de mediar a sociedade, e mais, como nos utilizar de princípios meritocráticos quando temos pessoas em condições distintas, buscando ocupar os mesmos espaços sociais.

O Relatório Mundial da Desigualdade de 2022, liderado por Thomas Piketty, entre outros pesquisadores, revela que em 2021 os 10% mais ricos detêm 76% da riqueza e 52% da renda, enquanto metade da população mundial fica com apenas 2% da riqueza e 8,5% da renda; ainda, indica que na América Latina, os 10% mais ricos possuem 55% da renda nacional; e, que no Brasil, os 50% mais pobres ganham 29 vezes menos do que os 10% mais ricos.

A pobreza aqui destacada se trata de um processo de vulnerabilização social e, para essa, são os princípios de equidade que devem prevalecer. Ou seja, existem pessoas e famílias que possuem suas condições e seu acesso aos seus bens materiais e a qualidade de vida que pretendem, no entanto, no outro extremo, existem pessoas que não conseguem suprir nem os meios de subsistência, ou seja, não possuem condições para comer e viver dignamente.

Diante dessas condições, não é possível imaginar que todos possuem as mesmas condições para indicar que alguns têm mais mérito que outros, isso só me parece válido se estamos tratando de pessoas que tiveram os mesmos acessos e a mesma qualidade de vida. Equidade está associada à justiça social e, por isso, haverá momentos nos quais uns precisam de mais ajuda que outros e a prova de que temos muito a fazer são os dados do pesquisador Piketty, que indicam a concentração de renda mundial e o desafio que as nossas sociedades têm pela frente.

Por isso, sejamos justos, não olhemos a sociedade somente com os nossos olhos e as nossas condições, e sim, façamos pelos outros aquilo que contribua para que sejamos mais equânimes. Essa não é uma responsabilidade somente do Estado, é de todos atores, das organizações do terceiro setor, do setor privado e da sociedade como um todo. Se eu pudesse desejar algo para nós em 2023, seria mais equidade e justiça social. Por isso, façamos uns pelos outros aquilo que nos torne uma sociedade com mais equidade social. Um Feliz Ano Novo a todos!

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