Saúde da mulher em primeiro lugar

Outubro Rosa

Saúde da mulher em primeiro lugar

Receber o diagnóstico de câncer de mama exige força e disciplina para cumprir um tratamento, por vezes, agressivo. Na busca por evitar o desenvolvimento da doença, o Outubro Rosa alerta para a importância das consultas de rotina e do autoexame para a prevenção

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Saúde da mulher em primeiro lugar
Com casos na família, Nicole Renner fez o exame genético e teve diagnóstico positivo para a mutação BRCA1. Crédito: Bibiana Faleiro
Vale do Taquari
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“Diagnóstico não é sentença”. É com esse pensamento que Grasiela Beatriz Lassen, 40, lidou com o câncer de mama. Ela descobriu a doença em 2014, depois de perceber um nódulo por meio do autoexame. Sem histórico da doença na família, a notícia foi recebida com medo e preocupação.

Assim como ela, milhares de mulheres são diagnosticadas com a doença todos anos. Só no Brasil, foram 66 mil novos casos em 2021. Além disso, conforme o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o tumor na mama é o que mais acomete mulheres no mundo.
A doença também ocupa a primeira posição em mortalidade por câncer entre as mulheres no país. Sem uma única causa, a atenção ao corpo e prevenção é fundamental. Isso porque o tratamento, muitas vezes, poder ser agressivo e invasivo.

Grasiela precisou de oito sessões de quimioterapia, que vinham acompanhadas de um período de muito mal-estar e vontade de desistir. “Depois vinha o arrependimento e pedido de perdão pela fraqueza. Afinal, eu deveria ser muito grata por ter tratamento e médicos que tenho”, lembra.

Mais tarde, veio a perda de cabelo e, mesmo assim, ela se manteve forte. “O pessoal até fez uma vaquinha e me deram uma peruca feita com meu próprio cabelo, mas eu quase não usei. Botava o lenço só para ir pro sol. De resto, era muito tranquilo”, conta.

Hoje, ela já recebeu alta, mas segue com consultas e exames a cada três meses. Uma das recordações dessa fase é o álbum com as fotografias do book feito enquanto estava sem cabelos.

Grasiela Beatriz Lassen descobriu o câncer em 2014, depois de perceber um nódulo por meio do autoexame. Crédito: Júlia Amaral

Prevenção necessária

Conforme a médica mastologista Ângela Parizotto, existem duas linhas de prevenção ao câncer de mama: a primária, ligada ao estilo de vida, como alimentação e exercícios físicos, e a secundária, que é a mamografia aliada a prevenção na detecção precoce.

A mamografia é recomendada a partir dos 40 anos, de forma anual, inclusive para pessoas assintomáticas. “Sempre temos que considerar que tem algumas mulheres com risco mais elevado, com histórico familiar. Para essas, iniciamos o tratamento um pouco antes”, alerta Ângela.

E, apesar de toda evolução tecnológica, a mamografia ainda é insubstituível. Rodeada de mitos, o exame é o único que fornece imagens detalhadas capazes de identificar o câncer em estágio inicial.

Risco hereditário

Outro método para a prevenção é o teste de predisposição genética, feito em mulheres com histórico de câncer na família. “Se esse teste der um resultado alterado, podemos fazer a cirurgia profilática ou mastectomia, com redução de risco. Mas não se recomenda fazer o teste em todo mundo”, destaca Ângela.

Uma das pacientes da mastologista, Nicole Renner, 41, passou pelo procedimento depois de ver a avó, a mãe e a tia lidarem com o câncer de mama. No início, ela fazia exames de prevenção, como ecografia mamária e mamografia.

A cada mês, ela também fazia o exame de palpação das mamas. “O autoexame me possibilitou conhecer bem as minhas mamas, e foi por meio dele que eu percebi um pequeno nódulo, e logo marquei uma consulta”, conta.

Mutação BRCA1

O diagnóstico do câncer veio em 2019 e, dois meses depois, Nicole optou pelo exame genético. Depois da coleta do material pela saliva em Porto Alegre, a amostra genética foi enviada para um laboratório nos Estados Unidos. Em menos de 10 dias, já tinha o diagnóstico em mãos: mutação BRCA1.

O resultado significava grandes chances de desenvolver o câncer de mama, ovários e próstata, no caso de homens. “Pra mim, esse resultado não foi uma surpresa, uma vez que meu histórico familiar já dava muitos indícios de que eu tivesse essa mutação”.

No período, ela também lidava com o tratamento da doença, que durou um ano e meio. Depois de 16 quimioterapias, 40 imunoterapias e 25 radioterapias, Nicole encarou a mastectomia bilateral, com a retirada das duas mamas. Alguns meses depois, fez a retirada de trompas e ovários por videolaparoscopia, como forma de prevenção.

“A decisão de fazer as cirurgias preventivas me possibilitou uma vida muito mais feliz pois me trouxe paz e tranquilidade. A vida toda eu convivi com o medo de ter câncer de mama e se eu pudesse voltar no tempo, eu teria feito o exame genético e as cirurgias preventivas antes de ter adoecido”, destaca.


COMO FAZER O AUTOEXAME

ESPELHO

Em frente ao espelho fique em pé, e observe o contorno do bico das mamas. Depois, levante os braços e note se com o movimento aparecem alterações de contorno e superfície da mama.

AXILAS

Apalpe-se na busca de nódulos. Podem ser dolorosos ou não. Se encontrá-los, procure atendimento.

MAMAS

A mão direita deverá apalpar a mama esquerda e vice versa. Faça movimentos circulares suaves, apertando levemente com as pontas dos dedos.

MAMILOS

Comprima-os da base a ponta, na boca de alguma secreção. Caso encontre, marque avaliação médica.


DE OLHO NOS SINAIS

• Caroço (nódulo), geralmente endurecido, fixo e indolor;

• Pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja, alterações no bico do peito (mamilo) e saída espontânea de líquido de um dos mamilos;

• Também podem aparecer pequenos nódulos no pescoço ou na região embaixo dos braços (axilas).

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