Os troncos de ipês

Opinião

Carlos Martini

Carlos Martini

Colunista

Os troncos de ipês

Por

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Comentei sobre a introdução original de ipês amarelos em vias urbanas por aqui numa coluna de um mês atrás, no tópico Parto Prematuro. Fiquei de contar mais, pelo menos da parte da história que eu conheço.
Não te contei? Então vou te contar. Pelo menos até onde vai meu limitado conhecimento sobre o interessante tema.

Crédito: Arquivo/A Hora

Corria o ano de 1961, Jânio Quadros era presidente do país e o saudoso Bruno Born prefeito da cidade. Ambos filiados à então União Democrática Nacional, a UDN. Jânio e sua vassourinha não duraram muito, por razões que não cabe aqui comentar agora, mas no meio da jornada baixou um decreto definindo o Ipê Amarelo como a árvore símbolo nacional.

O Seu Bruno, que entre outras qualidades sempre foi muito leal e coerente, também adotou o ipê por aqui. E aproveitou a recém implantação da atual Rua Tiradentes, desde a Júlio de Castilhos até a João Abott, dalí pra frente seguia a estrada de carroça, rebaixando uns nacos de terrenos, inclusive do cemitério evangélico (sem afetar os túmulos, é claro) e aterrando outros, pavimentando no capricho o trecho com pedras irregulares de basalto pra eliminar poeira e barro, com calçada de passeio e outras importantes melhorias para a época.

Pra tornar ainda mais aprazível o trecho, foram plantadas mudas de ipês amarelos numa das quadras da Rua Tiradentes, que agora estão lá há mais de 60 anos e se tornaram um cartão postal da cidade. E mais do que isso, com o tempo foram disseminadas por diversos outros recantos do município.


Contra fatos, não há argumentos

As manifestações ¨verde-amarelas¨que aconteceram nos quatro cantos do país nesse sete setembro foram realmente muito grandes, inclusive por aqui, guardadas as devidas proporções. Nenhum partido ou movimentos ditos sociais, conseguiria chegar nem perto de tamanha mobilização, agregando multidões de pessoas de forma espontânea, pacífica e voluntária.

E na minha modesta avaliação, sujeita a críticas democráticas, elas deixaram bem claro o que desejam e o que não querem para o nosso Brasil cor-de-anil atual e futuro. E não se diga que alguém especificamente “misturou” o simbolismo nacional com o momento político. Quem o fez foram milhões de brasileiros, a imensa maioria formada pelas chamadas maiorias silenciosas.

E por que o fizeram? Talvez porque tenham encontrado várias importantes ¨bandeiras¨ antes jogadas no chão e resolveram as empunhar e levantá-las, recolocando elas nos seus devidos lugares. Quem tem olhos pra ver e ouvidos para ouvir acho que entendeu.


OURO DE TOLO

O mineral Pirita é popularmente mais conhecido como ouro de tolo. Parece com o metal mais nobre, mas sua utilidade prática e como reserva de valor é muuuuito inferior.

A pirita para fins industriais é vendida a 80 pilas o quilo, como insumo para a fabricação de ácido sulfúrico. Agregada à mística de que atrairia prosperidade e como amuleto para bloqueio de energias negativas, pode chegar até a 300 reais o quilo. Não levo muita fé nisso, mas não tenho nada contra quem acredita.

Já o ouro tem um importante aproveitamento industrial, basicamente em função de suas propriedades como condutor de eletricidade e pouco afetado pela oxidação. É utilizado em placas de computadores, celulares, televisor de tela plana e até em satélites. Mas é como reserva de capital, meio de pagamento de curso internacional e joalheria que seu valor atinge patamares bem elevados, hoje deve estar beirando os 300 mil reais por quilo.

Não é preciso ser nenhum especialista em geologia para observar que há uma “pequena diferença” entre 300 reais e 300 mil reais. Fazendo uma analogia com várias declarações e ações de alguns (e algumas…) presidenciáveis atuais e comparando com o que diziam e como agiam há bem pouco tempo atrás, considero que estão tentando vender pirita como se ouro fosse.

Pelo jeito estão confiando demais em determinadas barragens de proteção de mídia, esquecendo que todo cidadão/eleitor tem memória e hoje em dia ela é permanentemente recuperada e disseminada pelas redes sociais.

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