Sem obstáculos para o amor

Comportamento

Sem obstáculos para o amor

No dia dos namorados, casais contam suas histórias e mostram que além da paixão, é preciso respeito e cuidado para um relacionamento promissor

Por

Sem obstáculos para o amor
Mais de 11 mil quilômetros separam Amanda e Edgar . O casal se conheceu em um intercâmbio na Alemanha e vivem um relacionamento à distância faz quatro anos
Vale do Taquari

Mais de 11 mil quilômetros separam Amanda Gabriele Rauber e Edgar José Vallecillo Rodas, de 25 anos. Ela em Arroio do Meio e ele morando em Berlim, na Alemanha, o relacionamento à distância foi a forma que encontraram de compartilhar a vida, até o momento do reencontro. O namoro já tem quatro anos, e o plano é construir uma família juntos em terras europeias.

LEIA MAIS: Dia dos Namorados deve injetar R$ 350 mi na economia estadual

O primeiro encontro do casal foi em março de 2018, quando Amanda viajou para a Alemanha, para um intercâmbio de seis meses na cidade de Mittweida, localizada na região da Saxônia. Edgar é de El Salvador mas, na época, fazia a graduação na mesma cidade da brasileira.

Entre alunos da Univates que estudam fora, há uma tradição de deixar utensílios de cozinha e outros objetos para os próximos viajantes. Então, uma amiga de Edgar deixou com ele uma sacola destinada a Amanda.

Depois de se acomodar na nova casa, ela mandou mensagem e os dois marcaram de se encontrar no único café da cidade. A partir daquele encontro, Edgar a convidava para as noites de jogos e bebidas na casa dos amigos.

“Ela virou uma amiga próxima muito rápido. Conversamos e achamos que tínhamos muitas coisas em comum, e assim começou”, lembra o salvadorenho. Os encontros preferidos dos dois era sair para beber cerveja e observar as estrelas.

Apesar da certeza do que sentiam, a decisão de assumir o relacionamento não foi fácil. Amanda teria que voltar ao Brasil em poucos meses, e Edgar permaneceria em solo europeu. “Mas a gente se gostava muito e resolvemos assumir essa responsabilidade. Felizmente tem sido muito bom e tem dado muito certo”, conta Amanda.

Antes de se despedirem, no entanto, ela recebeu uma bolsa de pesquisa na universidade alemã, e os dois moraram no mesmo apartamento por meio ano. Depois disso, passaram nove meses sem se ver, até que ele veio ao Brasil. E, em seguida, mais dois anos afastados na pandemia.

Arroio do Meio para Berlim

Amanda conta que o namoro à distância não é fácil. Mas, entre a saudade e o desejo por estar perto, a paciência e o amor fazem o esforço valer a pena. “A gente leva numa boa, sabendo que temos um objetivo em comum, que é conseguir morar juntos. Provavelmente na Alemanha, se tudo der certo”.

O casal voltou a se reencontrar no início deste ano, quando ela viajou para Berlim. Os pais dela conheceram Edgar em uma visita à filha na Alemanha. E ela também conhece os sogros, mas ainda não visitou o país natal do namorado.

“O fato de eu saber que ele está lá me esperando me motiva a conseguir organizar as minhas coisas o mais rápido possível para poder estar junto dele de novo”, reforça Amanda. Enquanto isso, a distância se torna um pouco mais curta com chamadas de vídeo e troca de mensagens constantes pelas redes sociais.

Daqui a pouco mais de um ano, ela volta à Alemanha, para um mestrado e, mesmo não morando na mesma cidade de Edgar, comemora que a distância de horas de avião será substituída por um pequeno trajeto feito de trem entre Berlim e Esslingen.

Casados há 64 anos, José Domingos e Pierina nasceram no mesmo dia e ano, com 1h de diferença

Acaso ou destino?

Em uma propriedade no interior de Anta Gorda, nasceu Pierina Belatto dos Santos, há quase 87 anos. A agricultora aposentada veio ao mundo no dia 9 de setembro de 1935, perto do meio-dia.

Uma hora depois, um outro bebê também nasceu. No mesmo dia e no mesmo ano, em Guaporé. José Domingos Francisco dos Santos e Pierina não se conheciam até a adolescência, quando começaram a frequentar os mesmos bailes da juventude.

José foi o primeiro namorado de dela, e ela a primeira namorada dele. Depois de seis anos de namoro, os dois decidiram se casar e construir uma família. Hoje, são nove filhos, 14 netos e sete bisnetos que visitam o casal em Anta Gorda.

O aposentado diz que se encantou pela esposa desde o início. “Sempre pensei nela, ela sempre foi bonita, e eu nunca namorei mais ninguém”, conta.

Casados há 64 anos, Pierina conta que o segredo para um relacionamento duradouro é o amor. No início, eles não podiam se ver durante a semana, e só se encontrava nos sábados, até a meia noite, e nos domingos de tarde para a reza do terço.

Depois de morarem juntos, a vida na roça não foi fácil, mas eles passaram pelas dificuldades em união. “Não foi muito fácil, não tinha muito dinheiro, era gente pobre, às vezes nossos pais nos ajudavam. Mas nos amávamos e por isso deu tudo certo”, descreve Pierina.

Atitudes importantes para um relacionamento saudável:

  • Comunicação: é preciso escutar, refletir, ponderar, para então se expressar.
  • Fidelidade: é a base para construções de valores e princípios.
  • Respeito a si e ao outro: atitudes, pensamentos e formas de se expressar. Invista na intimidade do casal. Ambos conhecem seus corpos e situações de prazer.
  • Admiração e parceria.
  • Momentos de individualidade e momentos de saudade também são necessários para a saúde do relacionamento.
  • Investir tempo para qualidade na relação.

ENTREVISTA

“O relacionamento exige investimento, ambos precisam fazer esforços para dar certo”

A psicóloga Carine Bernhard Duarte fala sobre como as novas tecnologias mudaram os relacionamentos e o que é necessário para manter uma relação saudável.

Quais as principais diferenças entre os relacionamentos mais antigos e os da atualidade?
Hoje, vivemos uma sociedade líquida, onde tudo é momento, vivemos acelerados… temos uma lista com as características desejadas na parceria, muitas são as experimentações até o “match”. Na década de 80, por exemplo, havia o cortejo, as relações não passavam por tantos testes e questionamentos, elas tinham um propósito: constituir família, ter filhos e manter o sobrenome.
Um ponto bem importante nesta diferenciação é a tolerância, como há anos atrás os casais toleravam as diferenças e juntos construíam afinidades. Hoje a tolerância está praticamente em desuso, como se ambos tivessem que desenvolver as mesmas compreensões e/ou necessidades, sendo imprescindível o respeito. O relacionamento exige investimento, ambos precisam fazer esforços para dar certo.

Qual o impacto das tecnologias?
O Brasil é um dos países com maior número de usuários em aplicativos de relacionamento. De fato as tecnologias mudaram as relações, valorizando a preocupação consigo e a indiferença ao outro, potencializando o imediatismo pelo prazer.
As pesquisas demonstram que as mídias deslocaram as socializações para o virtual, distanciando as pessoas e diminuindo a atividade sexual. Há estudos que demonstram que o uso do celular causa sensações semelhantes há relação extraconjugal. Importante fazer uso das tecnologias com responsabilidade.

Quando o casal está em crise, o que é necessário para a reconciliação?
Primeiro reconhecer que estão em crise. Depois, mapear os motivos e juntos avaliar quais estratégias precisam para sair da crise e então investir no relacionamento. Lembrando que nem sempre o casal é obrigado a concordar, mas sim respeitar, pois as necessidades muitas vezes são subjetivas. A crise no casal não significa que não há afeto, mas sim que algumas situações precisam ser recombinadas, e quando bem trabalhadas, o casal se fortalece.


Acompanhe nossas redes sociais: WhatsApp Instagram / Facebook

Acompanhe
nossas
redes sociais