Projeto inicia coleta de água nos rios e arroios do Vale

Viver Cidades

Projeto inicia coleta de água nos rios e arroios do Vale

Análises de amostras em 23 pontos vão apontar a qualidade dos mananciais da região. Ação integra projeto Viver Cidades

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Projeto inicia coleta de água nos rios e arroios do Vale
Rio Forqueta é um dos mananciais que faz parte da pesquisa (Foto: Luciane Eschberger Ferreira)

O projeto Viver Cidades, do Grupo A Hora, em parceria com o Unianálises, iniciou nesta semana a coleta de amostras de água em 12 arroios e dois rios da região. O trabalho faz parte da proposta de monitoramento dos mananciais pelo período de dois anos. A intenção é revelar a qualidade e as características físicas, químicas e biológicas da água e apontar soluções a partir do diagnóstico das análises.

A primeira etapa de coletas foi realizada pelo químico industrial Rodrigo Giovanella e pelo amostrador e estudante do Técnico em Química Everton Jardel Prediger. O roteiro incluiu o arroio Encantado, no Parque Professor Theobaldo Dick, arroio Forquetinha, sob a ponte da Vila Stork, rio Forqueta, em Marques de Souza e Travesseiro e dois pontos do arroio Saraquá, sob a ponte entre os bairros São Bento e Moinhos D’água e em Santa Clara do Sul, próximo da Rua das Flores.

Conforme Giovanella, que é responsável técnico substituto do Laboratório de Análises Físico-químicas do Unianálises, as primeiras coletas foram realizadas em afluentes do Rio Taquari para ensaios físico-químicos e microbiológicos. O volume de água coletado foi de aproximadamente três litros, quantidade necessária para conseguir realizar os ensaios previstos no projeto Viver Cidades. Alguns frascos, explica Giovanella, precisam ter adição de conservantes e outras apenas refrigeração, por isso são distribuídas em mais de um frasco. No local da amostragem já foi medido o oxigênio dissolvido, o pH e a temperatura. Os outros ensaios serão realizados em laboratório.

Os resultados vão apontar, entre outros indicadores, a contaminação por lançamento de efluentes domésticos e industriais.

Nos próximos dias, ocorrem as coletas nos demais 18 pontos (veja mapa). Após a análise, os laudos emitidos pelo Unianálises serão interpretados pelo biólogo Cristiano Steffens, da Global Eco, empresa parceira do projeto Viver Cidades.

Profissionais do Unianálises recolheram amostras em cinco pontos da região

Estudo revela que apenas 7% dos rios da Mata Atlântica têm boa qualidade

Ontem, no Dia Mundial da Água, a Fundação SOS Mata Atlântica divulgou estudo indicando que o Brasil ainda está distante de atingir o fornecimento ideal de água limpa em quantidade a toda a população. A nova edição da pesquisa “O Retrato da Qualidade da Água nas Bacias Hidrográficas da Mata Atlântica”, realizada pelo programa Observando os Rios, revela que mais de 20% dos pontos de rios analisados apresentam qualidade de água ruim ou péssima – portanto sem condições para usos na agricultura, na indústria ou para abastecimento humano. O levantamento não identificou corpos d’água com qualidade ótima, enquanto em aproximadamente 73% dos casos as amostras podem ser consideradas regulares. Apenas 7% contam com água de boa qualidade.

Os indicadores foram obtidos entre janeiro e dezembro de 2021 por 106 grupos voluntários de monitoramento da qualidade da água do Programa Observando os Rios. Foram feitas 615 análises em 146 pontos de coleta de 90 rios e corpos d’água de 65 municípios em 16 estados do bioma Mata Atlântica – Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe.

Os parâmetros do IQA, os mesmos adotados pelo projeto Viver Cidades na análise de água dos mananciais do Vale do Taquari, foram escolhidos por especialistas e técnicos como os mais relevantes para avaliação das águas doces brutas destinadas ao abastecimento público e aos usos múltiplos. A totalização dos indicadores medidos resulta na classificação da qualidade da água, em uma escala que varia entre: ótima, boa, regular, ruim e péssima.

No Rio Grande do Sul

No estado gaúcho, foram realizadas 70 análises, em seis cidades, a partir de amostras coletadas em dois rios e seis arroios. Os dois rios – Gravataí e Sinos – e dois arroios tiveram classificação regular, conforme os parâmetros do IQA. Três arroios tiveram suas águas consideradas ruins e um, boa.

Coordenador do programa Observando os Rios, do SOS Mata Atlântica, Gustavo Veronesi explica que o retrato da qualidade da água nas bacias da Mata Atlântica é um alerta para a condição ambiental da maioria dos rios nos estados do bioma. A inadequação da água para usos múltiplos e essenciais pode ser consequência de fatores como a poluição e as precárias condições de saneamento, além da degradação dos solos e das matas nativas.

“A qualidade regular da água obtida em mais de 70% dos pontos monitorados demanda atenção especial dos gestores públicos e da sociedade, indicando também a condição frágil dos recursos hídricos, especialmente neste momento de emergência climática e de pandemia, quando aumenta a demanda por água limpa”, diz.

Sobre a análise

A análise mostrará as características físicas, químicas e biológicas da água. São oito parâmetros que vão classificar cada manancial. Serão utilizadas duas ferramentas de avaliação de qualidade. Uma que atende à resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). A outra é o Índice de Qualidade da Água (IQA), adaptado pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) à realidade do Rio Grande do Sul, a partir de estudos técnicos realizados pela própria Fepam, Corsan e Departamento Municipal de Água e Esgotos de Porto Alegre (Dmae).

Pela resolução do Conama, as amostras poderão ser classificadas em especial (usos mais nobres) e classes 1, 2, 3 e 4 (menos nobre). Pelo IQA, a nota de 0 a 25 é considerada muito ruim ou péssima; 26 a 50, ruim; 51 a 70, regular; 71 a 90, boa; e 91 a 100, ótima ou excelente.


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