Precisamos de data marcada para combater a violência contra as mulheres?

Opinião

Elisabete Barreto Müller

Elisabete Barreto Müller

Professora universitária e delegada aposentada

Precisamos de data marcada para combater a violência contra as mulheres?

Por

Lajeado
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25 de novembro é considerado o dia internacional pela eliminação da violência contra as mulheres. A data foi instituída pela ONU e faz uma homenagem às irmãs Mirabal (Pátria, Minerva e Maria Teresa), conhecidas como “Las Mariposas”. Elas foram brutalmente assassinadas porque faziam oposição ao ditador Rafael Trujillo na República Dominicana.

É fundamental conhecer os fatos históricos para não repetir os erros do passado. Nesse sentido, a escolha da data é muito emblemática e nos faz um alerta: chega de violência no âmbito privado ou público!

16 dias de ativismo, por sua vez, é uma campanha mundial pelo fim da violência contra as mulheres, que se inicia em 25 de novembro e vai até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos. E a cor laranja foi a escolhida para “pintar” o mundo e destacar o movimento.
No Brasil, diante do Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro, para marcar a interseccionalidade da violência, inicia mais cedo, passando a ser 21 dias de ativismo.

Quando você vê essa mobilização toda, acha que precisamos de data marcada para combater a violência de gênero?

Tempos atrás, eu responderia que não precisava porque, para nós que abraçamos esta causa, a luta é diária e incessante. Porém, deixei de pensar assim. Essas datas são significativas porque levam as pessoas à reflexão, as estimulam a replicar informações e a agir. Se um número de emergência/denúncia (190, 197, 180) for repassado a uma vítima, se a existência de um serviço da rede de apoio for informada, se alguma mulher perceber que está em situação de violência e denunciar, se uma mulher se perceber discriminada, já valeu a pena. Penso que quanto mais o tema sair da invisibilidade que estava em décadas passadas, mais ações serão realizadas pela sociedade como um todo, mais políticas públicas serão criadas, mais resultados teremos para prevenir, punir e, quiçá, erradicar a violência contra as mulheres, meta da Agenda 2030 da ONU.

Outra questão que entendo de suma importância são as estatísticas levadas ao conhecimento da população. Cada vez que comento algum número sobre violências, percebo que as pessoas se apavoram e repetem o número, questionando: tudo isso? De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, oito mulheres foram agredidas fisicamente por minuto na pandemia. Isso não é apavorante? E o que fazemos a respeito?
Precisamos nos unir e agir pelo fim da violência contra as mulheres agora.

Enquanto houver discriminação, cultura machista e violência baseada no gênero, vai ter data marcada sim, e vamos gritar por todos os cantos do planeta: vidas de mulheres importam!

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