Indústria 4.0 já faz parte do cotidiano

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Indústria 4.0 já faz parte do cotidiano

Transformações da quarta revolução industrial alcançam todos os elos das cadeias produtivas

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Indústria 4.0 já faz parte do cotidiano
Vale do Taquari

Inteligência Artificial, Big Data e Internet das Coisas são elementos que fazem parte da Indústria 4.0. A chamada quarta revolução industrial transformou os processos produtivos por meio de conceitos que parecem saídos de filmes de ficção científica, mas hoje fazem parte do cotidiano de todos nós.

Para compreender como essas transformações interferem nas empresas, o workshop Negócios em Pauta do mês de julho teve como convidado o professor de Engenharia da Univates e CEO do Instituto Costumers de Pesquisa de Mercado, Claudio Rosário. Especialista em Indústria 4.0, Rosário desenvolve pesquisa de doutorado em Engenharia de Produção voltada para a temática.

Segundo ele, o conceito não se aplica apenas aos processos industriais e hoje está presente em todos os elos das cadeias produtivas. “Quando falamos da cadeia de suprimentos, vamos do agricultor ao consumidor final. Perpassar todos esses processos nos mostra o ganho em escala exponencial dessa quarta revolução”, aponta. Rosário acredita que todas as empresas, independente do setor, precisam conhecer os elementos da Indústria 4.0 de forma a identificar quais podem ser aplicados no seu negócio.

Um dos pilares mais impactantes, a Inteligência Artificial começa a ser aplicada em organizações da região como a Fruki, onde Rosário desenvolveu a parte prática da tese de Doutorado. O trabalho teve como base o subconceito de Machine Learning – o aprendizado das máquinas.

No caso da Fruki, o pesquisador modelou a tomada de decisão de operadores técnicos, mensurando a forma cognitiva com que o ser humano toma a decisão. Em seguida, os dados foram modelados em um sistema computacional para que a máquina aprenda a tomar as decisões.

“Quando esse processo de tomada de decisão é modelada em um sistema computacional, que pode ser um software, eu já estou embarcando a inteligência artificial”, explica. Antes da quarta revolução industrial, as máquinas precisavam de auxílio humano, em especial em caso de anomalia nos processos.

Cita o exemplo de uma fábrica de chocolates, onde o produto precisa ser mantido em uma temperatura ideal. Nos dias de muito calor ou muito frio, a máquina precisa interpretar esse dado, que é a temperatura, e modula os climatizadores automaticamente. “Na indústria 3.0, quem fazia isso era o operador, por meio do sistema de medições.”

No caso do comércio, os conceitos se aplicam na otimização do sistema logístico de distribuição dos produtos. Rosário fez parte de um trabalho de consultoria que automatizou a decisão de compra junto aos fornecedores.
Antes da automatização, um operador determinava a relação entre quais tipos de roupa foram vendidas e a partir dessa planilha decidia a compra de acordo com a proporção de vendas nas lojas da rede. No centro de logística, outros operadores recebiam uma folha de papel com as referências faziam a coleta e decidiam o tipo de roupa que ia para cada loja, em um processo que demanda tempo e abre margem para erros.

O trabalho foi transformado por meio de um sistema pelo qual o funcionário apenas faz a leitura de um código de barras e o display determina para onde vai o produto. “Transferimos o conhecimento de tomada de decisão. Se eu só preciso olhar um display para saber o que fazer, a margem de erro diminui e a velocidade aumenta.”

Para o palestrante, os empresários precisam compreender quais são os elementos da Indústria 4.0 aplicáveis em seus negócios e agir para se adaptar a essa nova realidade. As mudanças provocadas pela tecnologia também exigem uma grande adaptação por parte dos profissionais.

 

Empregabilidade

Exemplo da transformação provocada pela quarta revolução industrial, o Uber hoje faz parte da realidade de milhões de trabalhadores e usuários de transporte ao redor do mundo. A empresa une a internet móvel aos algorítimos de inteligência artificial para garantir a eficiência do sistema. Rosário afirma que o avanço da tecnologia 5G trará uma nova revolução com os carros autônomos.

Segundo ele, haverá um delay para essa tendência chegar ao Brasil, como ocorreu com o próprio Uber, mas será inevitável. “Precisamos pensar na empregabilidade. O próprio Uber já testa os carros autônomos. Como ficarão os motoristas de aplicativos?”

Diante desse cenário, o professor ressalta o paradigma do aprendizado constante. Conforme Rosário, antigamente quando uma pessoa começava a estudar algo, esse conhecimento garantiria um emprego. “Hoje começamos a estudar sem saber se isso que estamos aprendendo ainda será utilizado, porque a mudança é constante.”

Cita como exemplo os alunos dos cursos de engenharia da computação que desenvolvem algorítimos complexos para reduzir o tempo de mudança nos preços de supermercados. Estes algorítimos visam acelerar a tomada de decisão quanto aos preços para driblar o delay provocado pelos limites atuais de velocidade da internet.

“Com o 5G e o consequente aumento na velocidade da internet, não precisaremos de um algorítimo complexo para ter o mesmo resultado. Então a pessoa passou um ano desenvolvendo esse algorítimo que no futuro não será mais útil.”

Diante desse cenário, mesmo profissionais altamente qualificados e disputados no mercado também terão que se reinventar e desenvolver novas habilidades diante do avanço da tecnologia. Apesar disso, Rosário destaca que a necessidade da mão de obra humana para desenvolver algorítimos não deixará de existir, independentemente do avanço tecnológico. “São profissionais extremamente valorizados e a tendência é de uma valorização ainda maior.”

Hoje começamos a estudar sem saber se isso que estamos aprendendo ainda será utilizado, porque a mudança é constante.”

Cláudio Rosário

 

 

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