Necessidade, falência e preconceito

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Necessidade, falência e preconceito

Por

Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

O subsídio aprovado nesta semana para compensar o salgado aumento na tarifa de transporte público em Lajeado é apenas mais um capítulo da bancarrota deste modelo de serviço. Não é exclusividade dos lajeadenses, reforço. A quase falência dessa importante ferramenta de mobilidade urbana é verificada faz anos em pequenas, médias e grandes cidades. No Brasil e no exterior. O quebra-cabeça para manter em atividade o essencial mecanismo, sem atingir os trabalhadores que atuam em outros sistemas, atormenta a grande maioria dos gestores públicos. E isso não é uma consequência da pandemia. A dificuldade é histórica.

Em agosto de 2019, por exemplo, Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) revelou dados alarmantes: doze milhões e meio de brasileiros deixaram de se deslocar por ônibus urbano no último ano, na comparação de abril de 2019 com o mesmo mês de 2018. E o índice não era propriamente uma novidade. De acordo com a série histórica, no período 1994-2012 a redução de demanda foi de 24,4%, e, entre 2013 e 2017, essa diminuição foi ainda maior: 25,9% Além disso, a NTU alertava para os pífios investimentos em mobilidade urbana no país. Segundo a entidade, apenas 9,4% de um do total de R$ 151,7 bilhões anunciados há dez anos para a realização de obras haviam sido aplicados pelos mais diferentes entes do nosso Estado.

Mas vamos olhar para Lajeado. É nítida a dificuldade de locomoção dos ônibus na área central da cidade. Paradas muito próximas às esquinas, estacionamento de veículos próximos aos pontos de embarque e desembarque, e, claro, a ausência de corredores exclusivos para o transporte coletivo de passageiros são apenas alguns problemas históricos na capital do Vale do Taquari. Pouco avançamos. Muito pelo contrário. O que temos visto ao longo dos anos são cada vez mais políticas e obras que favorecem a circulação de veículos individuais motorizados.

E não faltam debates, é bem verdade. O atual sistema de transporte coletivo de Lajeado, por exemplo, foi amplamente debatido entre os poderes Executivo e Legislativo, além de algumas audiências públicas com baixa adesão da sociedade. O projeto de lei para balizar a licitação e o consequente contrato de concessão do serviço foi encaminhado à Câmara de Vereadores em dezembro de 2018, e só foi aprovado em junho de 2019, com mais de 40 emendas aprovadas pelos vereadores. Ou seja, os parlamentares têm participação direta neste modelo lajeadense. E os problemas persistem.

Fato é: o serviço de transporte público é essencial para que a mecânica das áreas urbanas funcione de forma mais harmoniosa. Não é capricho. É necessidade. E não só para os moradores de áreas mais carentes. O serviço de transporte coletivo é crucial para a qualidade de vida de toda a população. Direta ou indiretamente, este mecanismo impacta a vida de cada cidadão no nosso dia a dia. Independentemente da classe social. Aliás, esse dogma de que os ônibus estão aí para atender às pessoas mais pobres é um dos males do brasileiro. Talvez a “solução da lavoura” passe pela quebra deste paradigma. Afinal, os coletivos estão aí para todos. Basta mudarmos nossa cultura!

Detalhes

É um detalhe. Mas pega mal. O Executivo de Lajeado encaminhou um necessário projeto de lei à Câmara de Vereadores, solicitando autorização para custear viagens do Lajeadense e da Alaf durante as competições estaduais de futebol e futsal profissional. No texto do referido PL, porém, o Alviazul é denominado – por duas vezes – “Esporte Clube Lajeadense”. E o nosso glorioso se chama “Clube Esportivo Lajeadense”.

Enfim, a transferência

O otimismo de outrora cedeu de vez o espaço à razão. Não que faltasse racionalidade para os membros da Associação Comercial de Lajeado. Longe disso. Mas sobrava otimismo em relação à efetiva realização de duas grandes feiras em um mesmo momento e local, e ainda em meio à pior pandemia vivida pela nossa geração. Não é uma crítica, reforço. É, sim, um elogio pela grandeza de reconhecer que até mesmo as promessas podem ser deixadas de lado em um momento tão crítico. E, desde já, façamos votos para que a Expovale e a Construmóbil sejam grandes sucessos em 2022!

 

“Revogaço”

Em Lajeado, a Comissão Especial de Revisão Legal e Desburocratização, presidida pelo vereador Alex Schmitt (PP), segue com as análises para atualizar as leis municipais. Em três meses, foram identificadas mais de 50 leis que deveriam ser revogadas por diferentes motivos. O trabalho deve perdurar por mais 180 dias. E Schmitt confirma uma parceria com a Univates para que, na segunda etapa do trabalho, estagiários do Curso de Direito colaborem com a formatação do Projeto de Lei.

Hortas comunitárias

Em Estrela, o vereador Humberto Rerig (REPUBLICANOS) solicitou à Secretaria de Educação que “estude a viabilidade de adotar terrenos baldios, nas proximidades das escolas municipais, para implantação de hortas comunitárias.” projeto semelhante foi votado e aprovado em Encantado. E é uma prática louvável para uma cidade que visa a qualidade de vida de sua população.

Errata

Na edição de ontem, escrevi que a Comissão Especial de vereadores que analisa o contrato com a Corsan busca uma audiência com o Secretário estadual de Meio Ambiente, Artur Lemos Júnior. Na verdade, o Secretário Estadual de Meio Ambiente é Luiz Henrique Vianna.

 

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