Piranhas aparecem no Rio Taquari e preocupam pescadores

INVASÃO BIOLÓGICA

Piranhas aparecem no Rio Taquari e preocupam pescadores

Aparição inesperada de peixes carnívoros foi relatada em Bom Retiro do Sul e Triunfo

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Atualizado segunda-feira,
03 de Maio de 2021 às 15:00

Piranhas aparecem no Rio Taquari e preocupam pescadores
(foto: ALEX AZEREDO)
Estado

Após aparecerem nas águas do rio Jacuí, surgem registros de piranhas-vermelhas (palometas) no rio Taquari. Esta semana, em Triunfo, pescadora localizou peixes carnívoros em rede na Prainha da Olaria. Recentemente, pescadores de Bom Retiro do Sul também relataram a presença de palometas.

“Ainda não é uma situação alarmante, mas tratando-se de rios, falamos de peixes nativos e fauna silvestre, há risco de desequilíbrio ambiental”, comenta João Alfredo de Oliveira Sampaio, técnico da Emater/RS-Ascar.

De acordo com Sampaio, praticamente não há predador natural para a palometa. A população desses peixes pode aumentar consideravelmente com o passar do tempo. “Uma possibilidade seria o dourado agir como predador natural”, acrescenta.

Conforme o biólogo Andreas Köhler, professor do Departamento de Ciências da Vida da Unisc, uma das possíveis causas da proliferação de piranhas é o desequilíbrio ambiental.

“Há relatos do surgimento de piranhas por pescadores há mais de dez anos no rio Jacuí. No entanto, a captura de predadores naturais das palometas, como o próprio peixe dourado, que está em extinção, propicia a multiplicação dessa espécie”, disse Köhler, em entrevista à rádio Rio Pardo.

A Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) monitoram a situação.

“O rio não está para peixe”

É a primeira vez que Cleuza Maria Santiago de Souza, 53, encontra exemplares da espécie carnívora no rio Taquari, em Triunfo. “Estavam trancadas na rede, medem entre 20 e 25 centímetros”, relata.

“Muitas famílias vivem da pesca, tomara que não seja uma infestação, pois isso prejudicaria muito nossa renda”, relata Souza, pescadora há 4 anos, quando largou o emprego para cuidar do marido com problemas de saúde.

Pintado e piava são as espécies com maior produção e vendidas a R$ 12 e R$ 20 o quilo. A comercialização ocorre em mercados de Taquari.

“A pesca decaiu muito, rende em média apenas 3 quilos por dia. Já chegamos a levar mais de 50 quilos de pescado para casa. Parece que não tem mais peixe no rio Taquari”, lamenta a pescadora.

Audiência pública

A proliferação de piranhas no rio Jacuí será tema de audiência pública da Assembleia Legislativa, marcada para o dia 6 de maio às 10h. O debate é uma proposição da Comissão de Agricultura, Pecuária, Pesca e Cooperativismo, presidida pelo deputado Adolfo Brito (PP).

“Recebemos documento da Câmara de Sobradinho e relatos de pescadores da região central, preocupados com a situação e que pedem medidas para resolver a questão, pois caso houver o aumento desordenado da quantidade desse peixe, fará com que desapareçam outras espécies”, informa Brito.

 

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