Fome ou compulsão alimentar

Saúde

Fome ou compulsão alimentar

Especialistas explicam como diferenciar o transtorno e de que forma é possível superá-lo

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Fome ou compulsão alimentar
Fotos: Jéssica R. Mallmann

Comer mesmo sem fome ou exagerar na quantidade de comida podem até fazer parte da rotina vez ou outra, mas são comportamentos que exigem atenção. Quando se torna compulsiva, a alimentação deixa de ser fonte de saúde e vira um problema, que exige tratamento multidisciplinar.

Controlar a vontade de comer e seguir uma dieta saudável são dificuldades que acompanham Alex Kemmerich, 29, desde a infância.

Quando chegou aos 147 quilos, o digital influencer decidiu mudar de hábitos e fazer uma reeducação alimentar. Com suporte nutricional e exercícios físicos, até conseguiu emagrecer, mas logo voltou a ganhar peso.

Foi neste momento que Kemmerich percebeu que o principal problema estava na forma de se relacionar com a alimentação. “Voltei a engordar pois os motivos pelos quais eu comia, os sentimentos, não haviam mudado”.

 

Emoções refletidas na alimentação

A compulsão alimentar é caracterizada por episódios frequentes de ingestão de grandes quantidades de alimentos.

Após o consumo, além do desconforto físico, surgem sentimentos como sofrimento emocional e sensação de perda de controle, explica a psicóloga Katiussi Dall’ Agnol.

O transtorno pode ter diferentes origens, como depressão, ansiedade ou problemas hormonais. Conforme a especialista, dietas muito restritivas ou grandes perdas, como de um ente querido, emprego ou relacionamento amoroso, também podem contribuir para o desenvolvimento.

Crianças, jovens e adultos são afetados da mesma forma. No caso dos pequenos, é importante observar o comportamento desde cedo, estimular a atenção ao que comem e evitar distrações na hora de se alimentar, como televisão ou uso do celular.

“O cérebro demora cerca de 15 minutos para enviar ao organismo a mensagem de que está satisfeito. Porém, diante de distrações, a ingestão de alimentos acaba sendo superior ao necessário”.

 

Tratamento Multidisciplinar

Para Kemmerich, o primeiro passo para melhorar a saúde e a relação com os alimentos foi procurar apoio psicológico. “Com a terapia consigo estar em situações complicadas e não descontar na comida. A alimentação é, muitas vezes, um escape para os problemas e aprendi que devo sempre ser racional quando se trata disso”.

Além da terapia, Kemmerich também mantém acompanhamento nutricional, com foco em consumir alimentos da forma correta e dentro da rotina de treinos.

A nutricionista Taís Hart Pezzini destaca que o tratamento da compulsão alimentar precisa ocorrer de forma multidisciplinar.

O profissional de nutrição, por exemplo, é responsável pela criação de um plano alimentar personalizado.
“Nutricionista e paciente estudam e elaboram uma alimentação completa, com os nutrientes necessários para controlar a compulsão e atingir os objetivos”.

Taís ainda destaca a importância da prática de atividades físicas. “Meditação e yoga, por exemplo, ajudam a manter o corpo e a mente saudáveis, além de auxiliarem na produção de endorfina e no controle da ansiedade”.

Katiussi acrescenta que, conforme cada caso, pode ser necessário uso de medicamentos, indicados por um psiquiatra.

Além disso, a terapia cognitivo-comportamental se mostra eficaz no tratamento de transtornos como a compulsão alimentar, pois compreende aspectos relacionados à cognição, comportamento e emoções.

Este tipo de psicoterapia busca eliminar estratégias compensatórias, distorções cognitivas, pensamentos automáticos e crenças limitantes, ensina.

“Consiste em identificar os gatilhos que desencadeiam os sentimento que fazem o paciente ter um comportamento compulsivo”.

Conforme a psicóloga, compreender as emoções é fundamental no processo de cura. “Para que o paciente consiga não apenas seguir a dieta prescrita pelo nutricionista, mas também ter um comportamento alimentar saudável e aprender a validar as necessidades fisiológicas e emocionais de diferentes formas”.

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