“Aposto que conheço Lajeado mais que os outros dois”

A candidata Márcia Scherer (MDB) concedeu na quarta-feira, 14, entrevista ao programa Frente e Verso, da Rádio A Hora 102.9. Foi a segunda de uma série de sabatinas com todos os concorrentes à prefeitura de Lajeado.

Ao longo de uma hora de conversa, Márcia apresentou seus principais projetos para a cidade nos próximos quatro anos e defendeu sua promessa de abrir mão do salário. Comércio ambulante, ampliação de vagas em creches e saneamento básico estiveram entre os temas abordados na entrevista.

Nessa terça-feira, 13, Marcelo Caumo abriu a programação. Hoje, é a vez de Daniel Fontana (PSB). A entrevista será transmitida ao vivo no programa Frente e Verso, que vai ao ar das 8h10 às 10h.

A Hora – Quais suas principais características, para o eleitor lhe conhecer melhor?
Márcia Scherer – Coragem, dedicação, determinação. Isso que a gente traz bem lá de trás. O fato de estar aqui hoje, eu projetei uns 25 anos atrás. Fui vereadora eleita em Arroio do Meio com 26 anos. Eu tinha só um Fusca velho e pensei: ‘não é na política que vou fazer meu pé de meia’. A política séria, você não enriquece, só empobrece. Optei por fazer concurso, para me estabilizar e poder me aposentar cedo para ter energia e voltar para a política. Então aqui estou hoje num projeto de vida que eu fiz, eu sou uma boa planejadora da minha vida.

Seu pouco tempo de moradia em Lajeado pode atrapalhar a candidatura?
Aposto que eu conheço Lajeado mais que os outros dois. Fui delegada por mais de 20 anos. Já palmilhei todas essas ruas, conheço muito a realidade de Lajeado. Principalmente a realidade mais feinha, que a gente menos quer para Lajeado. Com certeza já cheirei o cheiro da pobreza e a gente leva isso muito em consideração. Conheço todas as culturas de Lajeado, o comportamento das pessoas do São Cristóvão, que tem diversas realidades, do Alto do Parque, Montanha, Santo Antônio, Morro 25, Alto Conventos, que é lindo, nossa zona rural.

Qual sua proposta para aumentar o número de vagas em creches?
A fila deve chegar a mais de mil no ano que vem, quando tivermos a transparência dos dados. Nossa proposta é entregarmos para a comunidade, neste mandato, quatro novas escolas. Não temos locais definidos, porque não temos acesso aos dados. A gente tem que ver sempre a proposta de forma sistêmica. Ela não atinge só a criança e sua famílias, ela vai dar educação de qualidade, tranquilidade para a mãe e o pai, vai proporcionar segurança e uma adequada inclusão.

Em relação às enchentes, se eleita, qual sua proposta para que os prejuízos sejam menores do que foram?
Primeiro, temos que ter profissionais com formação adequada, ou que busquem formação, dentro da Defesa Civil. Uma das missões dela é organizar um plano de contingência para eventos da natureza ou outras tragédias. Foi o que falhou no caso.

De 2008 a 2012, foi levado a Brasília um plano muito interessante de controle de águas. A primeira região que alaga é na rua Arnoldo Ulrich, que dá acesso ao Jardim do Cedro. Ali, podemos, por este projeto, construir um parque alagável. Estruturas de reservatório, mais fundas que o arroio, que vão receber as primeiras águas da enchente. O projeto diz que vai reduzir em 80% a entrada de água na cidade pelo Cantão. São caros e hoje temos que atualizar o cálculo de engenharia. Chegaria a R$ 100 milhões, mas o prejuízo passou disso.

O que o seu governo propõe para ampliar o tratamento de esgoto na cidade?
Lajeado ainda tem problemas de abastecimento de água. O bairro Centenário e adjacências sofrem, e a água é fornecida pelo município. Isso tem que ser resolvido. Com um orçamento milionário, a comunidade não pode mais conviver com isso.

Do esgoto, estou apostando muito no marco legal do saneamento, aprovado pelo Congresso. Não mais a hegemonia do setor público. Poderemos abrir para parceria com a iniciativa privada. Com a entrada da iniciativa privada, muito serviço público melhorou, como internet e telefonia. E temos que vencer essa cultura de que, quando o arroio começa a feder, vamos tapar.

Candidata do MDB, Márcia Scherer participou na quarta-feira de sabatina na Rádio A Hora 102.9 (Foto: Fábio Kuhn)

Quais suas principais propostas para a mobilidade urbana?
Como a cultura ainda é o veículo, temos que dar vazão ao nosso trânsito. A BRF, embora seja atribuição do estado, porque o trevo está na área de domínio e se trata de uma ERS, cabe ao gestor público local lutar por ele.

Queremos avançar culturalmente na questão do transporte urbano. Ele tem que ser tão bom que seja alternativa ao veículo. As pessoas se queixam que os ônibus não entram em todos os sub bairros. Eu pensaria no transporte público em carros menores, que podem circular mais, parcialmente subsidiados, para serem atrativos. E temos que organizar o transporte público individual.

Seu plano de governo propõe a criação do centro comercial popular. Seria um camelódromo?
É um nome chique para um camelódromo. Hoje, da maneira como está, deixa feio na cidade. Esses migrantes vêm aqui no Brasil buscar seu sustento, sua paz e sua subsistência. E não é digno para eles também. Uma mãe com um bebê no colo, que é o que hoje está na porta do nosso prédio. Temos que pensar e construir esse local junto com a comunidade.

O que levou a senhora a abrir mão do salário? Acredita que um prefeito de Lajeado pode trabalhar sem salário?
Tendo outro, sim. Eu projetei estar aqui. Minha vida é um projeto bem sucedido. Eu não quero precisar viver de política. A cultura política de Lajeado precisa de exemplos a serem seguidos. Entro com isso muito forte, para ser exemplo, tanto para meu grupo interno quanto para a comunidade. O líder tem que ser o primeiro a chegar e o último a sair, foi assim que conquistei meu respeito na polícia, estar ombro a ombro com o servidor. Eu tenho um padrão de vida legal e não preciso de uma casa de R$ 4 milhões. Nos quatro anos, pode chegar a R$ 1,5 milhão o que se gasta com um prefeito. A gente faz uma creche para 250 crianças com esse valor.

Qual deve ser o principal foco de trabalho do próximo prefeito de Lajeado?
Esta reorganização adequada da máquina pública, dos serviços hoje já realizados. Nossa prefeitura vai ser uma prefeitura de porta aberta, atendendo a comunidade. Os pedidos vão entrar todos por um setor só e nós vamos despachar. O enfrentamento à situação das mães que não têm creche, nossa proposta forte de entregarmos à comunidade isso. Teremos quatro postos de saúde abertos até as 22h para atender à população. Aí vamos ter que buscar recursos no SUS, que já tem recurso para isso.

Para finalizar, por que o lajeadense deve votar em você?
Márcia Scherer é uma pessoa séria, de coragem, não deve nada para ninguém, não aplaude criminoso, traficante. Nosso único interesse é o interesse público, de fazer as coisas acontecerem. Queremos fazer uma cidade com qualidade de vida para todos e todas e que, de fato, todos e todas possam se orgulhar desta cidade e viver nela com muita qualidade de vida.