Regeneração: a cura necessária

Opinião

Caroline Lima Silva

Caroline Lima Silva

Assuntos e temas do cotidiano

Regeneração: a cura necessária

Por

Lajeado

Sempre me interessei pelo aspecto reflexivo da vida, simplesmente, por ser algo natural em mim. A observação, o questionamento e a percepção das questões existenciais sempre me guiaram, até que a vida de relação me fez reconhecer a transitoriedade, a materialidade e a cotidianidade do viver todo dia. Escrevo isso, porque há seis meses estamos vivendo uma realidade completamente inesperada, bastante reclusa, reflexiva, enfim. Estamos ainda em fase de elaboração de tudo o que se apresentou até o momento, diante de tantas visões sobre o mesmo assunto da pandemia. Dentre elas, gosto muito do prisma de que estamos num processo de regeneração, não apenas do ponto de vista macro, em relação ao planeta Terra e à necessidade da natureza no seu processo de equalização de suas fontes de recursos, energia e equilíbrio dos seus ciclos, mas também de forma micro, pontual e subjetiva.

Nesse sentido, refiro-me à regeneração do ser humano como ser pensante e atuante em seus mais diversos contextos. Não é nenhuma novidade que estávamos nos perdendo como humanidade, em decorrência de darmos valor à superficialidade em todos os seus sentidos. Esticamos demais o limite do bom senso e recebemos agora as consequências de nossas ações.

Ao mesmo tempo, a regeneração presume restaurar. Restabilizar. Recuperar. Curar um mal, uma ferida, uma doença, só que, neste caso, restaurar o aspecto valorativo de cada um de nós: através da volta ao senso de pertencimento familiar, à privação, evidenciando o valor das coisas realmente importantes, aos cuidados de saúde, ao despertamento da consciência coletiva e, principalmente, ao resgate do que é humano. Todos nós já caímos e machucamos um joelho, e levou tempo para que a ferida cicatrizasse. Dessa mesma forma, podemos ampliar o olhar e perceber a nossa cura como humanidade como um processo e, portanto, passível de tempo. Tal vivência está nos transformando em seres melhores, porque é na experiência que sentimos de fato o que precisamos evoluir, internalizando o sofrimento como uma possibilidade de mudança e aprendizado interno.

Cada qual tem um propósito neste mundo através das mais diversas funções, e cada uma tem a sua importância. Nessa grande oportunidade de olharmos para dentro, estamos sendo convidados a nos curarmos de tudo o que trazemos mal resolvido. Tudo o que entrava o nosso desenvolvimento evolutivo. Que essa cura nos aproxime de nossa essência como coletividade, a fim de que sejamos o sal da Terra a reparar a nós mesmos.

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