Os carrinhos do  supermercado, as máscaras e o novo normal

Opinião

Carlos Cyrne

Carlos Cyrne

Professor da Univates

Assuntos e temas do cotidiano

Os carrinhos do supermercado, as máscaras e o novo normal

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Lajeado
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No último final de semana o amigo Albano Mayer trouxe suas considerações sobre a Liderança e o novo normal. Na mesma direção há outros tantos falando e escrevendo sobre isso, são filósofos, líderes empresariais, políticos, etc. Mas o que é normal? Normal para quem? Para os indivíduos ou para a coletividade? (Enquanto você se esforça para ser um sujeito normal, e fazer tudo igual, eu do meu lado aprendendo a ser louco, maluco total…)

Para entender o que é normal é preciso ter presente o conceito de comum. O que é comum? É tudo aquilo que possuo e com o que um outro se identifica e o que outro tem e com o que me identifico. Normal, segundo o dicionário, é aquilo que é usual, comum, natural. Então, o conceito de comum nos leva ao que podemos definir como normalidade, ou seja, ao padrão de comportamento estabelecido e esperado das pessoas ou dos processos. Agir de acordo com o normal é seguir um padrão estabelecido, esperado (ou determinado) pelos outros. Porém, para que se estabeleçam novos padrões é importante saber construir narrativas que convençam as pessoas a acreditarem que as mesmas são verdadeiras, como diria Yuval Harari. A normalidade pressupõe estabilidade dos processos, para tanto há de ter-se a colaboração das pessoas para que sejam executados segundo os padrões, mas humanos, pelo menos é o que me parece, não estão muito dispostos a cumprir padrões, normas (basta ver o grande número de aglomerações mesmo com todos os apelos do poder público). Para implementar um novo padrão de comportamento é necessário abandonar o velho e aí a pergunta é: estamos dispostos a mudar? Estamos dispostos a nos desapegar das crenças que temos e assumir novas, a despeito do sofrimento que isto impõe? E se a resposta for sim, por quanto tempo permaneceremos neste “novo normal” antes de retroceder e voltar a agir como o “velho normal”? Vejamos, os carrinhos de supermercado (que alguns insistem em deixar em qualquer lugar no estacionamento sem devolvê-los à área de coleta, dificultando a vida de quem chega. Mas e daí, já usei mesmo), hoje sendo higienizados, continuarão sendo?

As máscaras, tão importantes na mitigação da propagação do Covid-19, continuarão sendo usadas quando as pessoas estiverem gripadas (afinal de contas o vírus influenza também traz problemas)? A tão incentivada lavagem das mãos, continuará sendo realizada com a devida atenção e frequência? Particularmente, não acredito que o “novo” se imponha sobre o “velho”. Como exemplo temos a H1N1, cuja ocorrência também estimulou uma série de mobilizações para que novos hábitos de higiene fossem adotados. Nem um ano após encerrada a epidemia, foram todas esquecidas, tanto que precisaram ser relembrados com tanta insistência atualmente. Respeito quem acredite em um “novo normal”, mas continuo acreditando na “… loucura geral”.

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