E se a pandemia durar 5 anos?

Opinião

Adair Weiss

Adair Weiss

Diretor Executivo do Grupo A Hora

Coluna com visão empreendedora, de posicionamento e questionadora sobre as esferas públicas e privadas.

E se a pandemia durar 5 anos?

Por

Lajeado

Ninguém sabe ao certo como e quanto tempo o vírus circulará entre os humanos. Uma coisa é certa: fazer prognósticos ou previsões pode ser tão equivocado quanto as certezas sobre o “novo normal”. Talvez, nem existirá um novo normal. Quem sabe, esta é a realidade de agora em diante.

Cientistas do mundo têm se debruçado para entender o vírus e suas mutações. A cientista-chefe da OMS (Organização Mundial de Saúde), Soumya Swaminathan, declarou que vai demorar pelo menos “cinco anos para a humanidade conseguir controlar o vírus”.

Em entrevista ao respeitado jornal britânico, Financial Times, Soumya afirmou que “não existe bola de cristal” e admitiu que a “pandemia pode potencialmente piorar”. Na opinião dela, a ameaça seguirá e tudo vai depender das mutações da doença, da eficácia das medidas de restrição e de uma vacina.

Segundo a cientista-chefe, a vacina em tempo mais curto até hoje foi a da zika, que levou dois anos, mas sem testes amplos. Para o ebola, com testes mais complexos, levou cinco anos.

O esforço das organizações mundiais de saúde é para antecipar este prazo e obter uma vacina em, no máximo, 18 meses. Ainda assim, isso não significa a solução imediata. Aliás, a partir dela será necessário um longo caminho para imunizar a população e, só então, tentar erradicar a doença. Levaremos, talvez, décadas.

Diante do apurado e conhecido sobre o novo coronavírus, é possível que este se torne epidêmico, assim como é o HIV, com o qual aprendemos a conviver e a nos cuidar.

Ressignificar a doença para eliminar o pânico

A história mostra que o medo sempre fez parte da humanidade. Quando a ameaça é a saúde do indivíduo ou do coletivo, o pânico cria escala, ainda mais em tempos de incertezas sanitárias e econômicas, normalmente, ampliadas com boa dose de desinformação.

Foi assim com muitas doenças contagiosas – lepra, tifo, tuberculose, sarampo, gripe espanhola, aids e tantas outras – que dizimaram populações enormes no planeta. Para todas elas, o tempo foi importante para conhecê-las, lidar ou curá-las.

É na história que encontramos muitas respostas. Contudo, em todas as circunstâncias, a ciência foi balizadora nas soluções sanitárias e, entre a população, boa dose de ressignificação sempre fez a diferença.

Não há dúvidas que o momento atual nos impõe equilíbrio e mente aberta para compreender o fenômeno. A humanidade segue, aliás, nunca parou. Nem mesmo a quarentena paralisa o ser humano que, no mínimo, precisa se alimentar, exercitar, trabalhar e entreter.

O que muda são os modelos e hábitos de comportamento, adaptando nosso cotidiano aos novos formatos impostos pelas circunstâncias.

Não compreender ou forçar uma aparente “normalidade anterior” é ingênuo e quase insano. Basta conhecer, minimamente, a história da humanidade para se remeter aos períodos passados, e assim compreender que tempos muito piores foram superados ao longo de séculos.

Talvez o egocentrismo, a falta de empatia e o modo robótico ao qual nos acostumamos, tenham nos tornado menos resilientes. Se analisarmos o quadro ao lado, certamente, encontraremos respostas e motivos para entender que o pânico em relação ao coronavírus não faz sentido. Em nada contribui.

Não significa ignorar ou negar a doença. Pelo contrário, a precaução se revelou o melhor antídoto às doenças contagiosas, em qualquer época.

E, reprogramar nossa mente, com a adoção de crenças mais “corajosas” e entusiastas em relação ao futuro, pode ser o segredo para uma vida normal nesta “nova realidade”.

Pensem nisso.

Bom fim de semana a todos!

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