“Filó é uma forma de manter vivas as tradições dos antepassados”

Abre Aspas

“Filó é uma forma de manter vivas as tradições dos antepassados”

Morador de Linha Bonita, interior de Doutor Ricardo, Jorge Valentim Lorenzi, 60, foi um dos pioneiros na organização do tradicional Filó. Neste ano, o evento terá de ocorrer de forma diferente, e ele aderiu à proposta da comissão organizadora. Junto com a esposa Liane e os filhos, celebra as tradições e os costumes dos antepassados dentro de casa

Por

“Filó é uma forma de manter vivas as tradições dos antepassados”
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

• O que representa o Filó de Doutor Ricardo na vida de vocês?

Quando foi realizada a primeira edição, há 15 anos, eu trabalhava na prefeitura e sempre participei, ajudando a organizar o evento nos primeiros anos. Agora estou fora, depois que me aposentei. Naquele ano, fundamos o grupo italiano Amici del Filó, sendo que ainda não eramos a terra do filó. Sou coordenador até hoje. Para nós, o Filó é uma forma de manter viva as tradições dos nossos antepassados. Nunca época que não se tinha televisão, eles tinham esses costumes, de se visitar para conversar, cantar, comer, rezar.

• Que lembranças você tem das primeiras edições do evento?

Naquela época, os primeiros filós não tinham tantas pessoas de outros municípios participando. Era mais para valorizar o nosso povo. Aos poucos, as pessoas começaram a divulgar mais. Hoje está bem melhor. Servimos muito melhor a comunidade. E dá muita gente de fora. Na última edição, em 2019, o Filó reuniu quase duas mil pessoas. Não é a toa que é a principal festa de Doutor Ricardo atualmente.

• Neste ano, as famílias celebrarão o Filó em suas casas. Como você está vivenciando este momento?

É um pouco diferente para nós. Mas fizemos o nosso filó aqui em casa, reunindo toda a família. É o que dá para fazer agora. Mas é uma iniciativa legal, para não deixar passar. Tivemos comidas tradicionais, como pinhão, batata, amendoim e também cantamos e rezamos. Eu e minha esposa fizemos duas estrofes sobre a pandemia. Também decidimos participar do concurso que foi lançado pela prefeitura. E, claro, também não podia faltar um bom vinho.

• Do que você mais sentirá falta do evento presencial?

Daquele diálogo que mantínhamos com as pessoas, principalmente as que vinham de fora. Eu e minha esposa iríamos caracterizados com a roupa do nosso grupo. Nos sentimos valorizados, porque elas gostam do evento e vem nos procurar. Faz falta esse convívio. Quase não podemos conversar com as pessoas durante a pandemia. São dois, quase três meses sempre em casa. Muitos dos casais participantes do Filó são pessoas de mais idade.

• Como manter o Filó no futuro?

Isso vai depender muito do povo daqui, das lideranças do município. Mas acredito que dificilmente vai parar, pois as tradições não se apagam. Não sabemos como serão os próximos meses, mas creio que, no ano que vem, a situação não será a mesma de agora. Com certeza, o Filó em 2021 será reunindo o povo. As pessoas estão com saudades.

Acompanhe
nossas
redes sociais