Equilíbrio, tempo e culpa!

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Equilíbrio, tempo e culpa!

Por

Vale do Taquari

A primeira decisão judicial referente aos frigoríficos de Lajeado foi prudente. Quase neutra. Ao suspender parcialmente as atividades de um setor da Companhia de Alimentos Minuano, o Poder Judiciário quase agradou a gregos e troianos. A bem da verdade, o juiz evitou potencializar ainda mais os conflitos de interesses que assolam a região do Vale do Taquari nesse triste período de pandemia. Por outro lado, o governador Eduardo Leite cessou com as esperanças dos comerciantes lucrarem com o Dia das Mães.

O dia de ontem iniciou cheio de boas expectativas entre empresários. Na área do comércio e varejo, cujas atividades foram suspensas mediante decreto estadual assinado na semana passada, havia um fio de esperança após a atualização do número de leitos para Covid-19 na região. Porém, logo no início da tarde, o governador tucano tratou de jogar um verdadeiro balde de água fria sobre toda a região do Vale do Taquari. Leite decidiu não flexibilizar as restrições. Inevitavelmente, o prejuízo financeiro será alto.

Vida e saúde em primeiro lugar”, escreve o Juiz de Direito.

Mais tarde, às 15h51min, o Juiz de Direito Marcelo da Silva Carvalho assinou o despacho judicial referente a uma das ações públicas ajuizadas pelo MP, e que pedia a suspensão total das atividades da Minuano. O magistrado acatou parcialmente o pedido do MP, e suspendeu 50% dessas atividades – que já estavam bastante reduzidas. “Entendo que há alternativa à paralisação total, precisamente em uma diminuição substancial de trabalhadores na área de produção, a parte da planta mais vulnerável.” Uma decisão sensata.

A decisão judicial levou em consideração diversos fatores. O juiz ouviu as ponderações apresentadas pelas partes e técnicos, e citou as mais diversas manifestações divulgadas pela imprensa regional, inclusive “manifestações veementes de Sindicatos de produtores e trabalhadores da área contrários ao ‘lockdown’ e fechamento de empresas”. Da mesma forma, demonstrou ciência dos prováveis impactos no campo. Mas deixou claro que a diminuição dos riscos é a regra.

“Mesmo tal medida mais branda acarretará prejuízos à empresa e, possivelmente refletindo em toda a cadeia de produção. Porém, assim como é necessário ser mantidos serviços essenciais, também é necessária a diminuição de riscos à saúde dos colaboradores, familiares e comunidade. Vida e saúde em primeiro lugar”, escreve o Juiz de Direito. Mais uma vez, e mesmo desagradando a muitos, a decisão demonstra sensatez.

As emoções tomaram conta das pessoas nas últimas semanas, e a busca por culpados causa toda essa desunião em um momento delicado. Muitos queriam o fechamento completo dos frigoríficos – a Justiça ainda analisa pedido de suspensão da unidade da BRF –, e outros tantos não queriam qualquer interferência sobre a produção animal. Por fim, o judiciário, provocado pelo MP, decidiu por um prudente meio termo. Assim, acalma os ânimos e dá tempo ao tempo. E, ao mesmo tempo, devolve todo o peso da “culpa” ao governador.


CDL, Câmara e o Natal

A Câmara de Lajeado avalia o projeto de lei que destina R$ 53,7 mil para a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) realizar a tradicional campanha natalina “Lajeado Brilha”, que neste ano completa sua 22ª edição. A matéria foi protocolada no dia 18 de março, praticamente junto com o início dos isolamentos sociais em todo o país. Ainda há tempo suficiente para a apreciação e provável aprovação do PL. Porém, não há o que não haja na política lajeadense.

No dia 13 de abril, um documento assinado pelo Fórum das Entidades foi entregue à Mesa Diretora da Câmara de Lajeado. Entre os pedidos encaminhados aos vereadores, as instituições civis – entre essas a CDL – a redução dos custos do Legislativo lajeadense durante o período de pandemia e consequente queda na arrecadação do município. E isso, apostam alguns articulistas, pode ter gerado um pequeno ruído entre as partes envolvidas.

Ainda de forma velada, membros da CDL temem uma represália por parte dos parlamentares. Algo do tipo: “Vocês pediram redução nos custos? Então vamos cortar de vocês”. Sinceramente, não acredito que os vereadores lajeadenses venham a optar por uma ação de tamanha indecência. Ainda temos bastante tempo para as melancias se ajeitarem na caçamba e com certeza as partes envolvidas, em sua maioria, estão maduras para resolver o impasse.


Enfim, à saúde!

Tardiamente, líderes políticos acordam para a necessária concentração de recursos na área da saúde pública. Sem saúde, nada prospera. Sem saúde, toda a nossa economia, a nossa segurança e a nossa capacidade natural de reação se tornam insuficientes para dar suporte à engrenagem coletiva. Faz anos noticiamos as mazelas na área da saúde pública. Filas de espera para cirurgias, exames atrasados, falta de leitos e poucos médicos são alguns problemas verificados. E resolver tudo isso deve, necessariamente, ser o legado deste período sombrio.


Carmelito suspenso!

Aos poucos, o novo coronavírus vai atingindo todos os setores de nossas cidades. Em Lajeado, a tradicional lancheria “Carmelito e Beto” suspendeu temporariamente as atividades após diagnosticar três casos positivos entre os funcionários. Foi transparente com os clientes, avisou do problema, e vai cuidar da saúde dos profissionais e da sanitização dos espaços físicos – em Estrela e Teutônia as unidades seguem funcionado. E desde já, desejamos breve retorno!


Energia, telefonia e internet

A presidente do Codevat, Cíntia Agostini, apresentou informações preocupantes. Segundo ela, a cobrança por uma melhora nos sinais de telefonia móvel e internet em áreas mais remotas – ou mesmo em áreas centrais, como na cidade de Imigrante, por exemplo – pode ter sido em vão. “Fomos até onde tivemos força para ir”, resumiu. Isso porque, de acordo com os contratos firmados com as empresas autorizadas pela Anatel, a cobertura está dentro do previsto. Ou seja, apenas um novo edital de homologação pode “salvar” o Vale do Taquari.

 

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