Os frigoríficos e o caos social

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Os frigoríficos e o caos social

Por

Lajeado
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

É a pergunta que não quer calar no Vale do Taquari: os frigoríficos das empresas Minuano e BRF podem ou não podem funcionar? Só em Lajeado são mais de 40 funcionários infectados pelo novo coronavírus em duas unidades. Mas os casos envolvendo as duas grandes indústrias ultrapassaram e muito as fronteiras da cidade. Taquari, Estrela, Teutônia, Tabaí e outras cidades da região também registram casos positivos com origem nessas plantas.

 

Os casos, a bem da verdade, ultrapassam os limites do próprio Vale do Taquari. Em Venâncio Aires, no Vale do Rio Pardo, o governo municipal “culpa” os frigoríficos de Lajeado por mais de 70% dos casos de Covid-19 naquele município. Diante deste preocupante quadro, todo o comércio varejista – bem como centenas de autônomos – vai dividir a conta imposta pelo Governo do Estado, que resolveu suspender novamente as atividades na nossa região.

A promotoria da Comarca de Lajeado estuda a possibilidade de pedir a suspensão das atividades nas duas plantas, por um período mínimo de 14 dias. O mesmo já ocorreu em uma das unidades da JBS, em Passo Fundo, após o espaço registrar cerca de 20 casos positivos na sexta-feira passada. Tais medidas geram forte apreensão. Afinal, qual será o impacto disso em toda a nossa cadeia econômica? E qual será o impacto na nossa alimentação?

 

O cenário mais pessimista é trágico. Produtores temem a falta de carne nos mercados, e avisam: o preço vai subir na vertical, e vai sobrar gado no campo, porco no chiqueiro e frango nos aviários. E o resultado disso tende a ser uma combinação explosiva. Aumento no desemprego, aumento da pobreza, alta nos preços, e escassez de alimentos. Resumindo, um caos social completo. Oremos!


O comércio, a escola e os bairros

 

Eu não sou especialista em pandemias. Mas tenho uma constatação. Acredito que o comércio lajeadense, tratado como vilão por uma parte da população que agora corre sérios riscos de ficar desempregada, também funciona como uma escola contra o novo coronavírus. Afinal, é visível a diferença de comportamento na Rua Júlio de Castilhos em relação às principais vias dos bairros da cidade.

No comércio é possível visualizar e materializar tudo que as principais organizações de saúde recomendam: distanciamento entre pessoas nas filas ou limite por metro quadrado; álcool gel em todos os ambientes; e a obrigação de utilizar a máscara em espaços coletivos. É uma escola a céu aberto, reforço. A realidade nua e crua da Covid-19 está na área central. Uma realidade bem diferente de outros pontos do município.

Nos bairros mais distantes do centro a vida segue quase normal na principal cidade do Vale do Taquari.

Chimarrão entre vizinhos, futebolzinho “de canto”, cervejinha nas canchas de bocha, churrascos e boas conversas nas calçadas seguem na rotina de muitas famílias e grupos de amigos. Muitos parecem viver em um universo paralelo, alheio à pandemia mundial. E isso é tão ou mais arriscado do que manter frigoríficos ou lojas abertas.


Bíblia no Parque

Na edição de ontem, publiquei sobre a solicitação de um estudo para construção de um monumento da Bíblia Sagrada no Parque Princesa do Vale, em Estrela. Entretanto, e diferentemente do que foi publicado, o pedido partiu do vereador e pastor José Alves (Republicanos) (foto), e não do colega, Darlã Bellini (PSD). Em tempo, não será o primeiro monumento deste quilate no Vale do Taquari. Em maio de 2019, o Executivo de Teutônia inaugurou uma estrutura semelhante junto ao pórtico de entrada da cidade.


“Pare de falar mal do presidente”

Na quinta-feira, escrevi sobre a absoluta falta de empatia do presidente Jair Bolsonaro para um cargo de tamanha relevância mundial. E eu reforço e reitero cada linha e cada vírgula do artigo denominado “E daí?”. E também faço questão de reforçar, aqui neste espaço, que ninguém tem o direito de cercear ou ameaçar a nossa liberdade de expressão. Afinal, o período de uma só verdade restou no passado. E não volta mais.

“Pare de falar mal do presidente. Vão perder ouvintes e assinantes”. Essa foi uma das “ameaças” enviadas por seguidores fervorosos do “Mito”, e que segue o mesmo modus operandi disparado Brasil afora contra profissionais da imprensa que “ousam” criticar Jair Bolsonaro. Uma estratégia que não atinge quem tem coragem. Uma estratégia que, felizmente, não é aprovada pela imensa maioria dos sensatos eleitores do atual presidente.

Bolsonaro não é o primeiro e obviamente também não será o último presidente do NOSSO país, do NOSSO Brasil. Bolsonaro é um servidor público muito bem pago e que hoje ocupa a cadeira do Executivo federal. Ele está presidente da República. Está lá para governar para cada um dos mais de 210 milhões de brasileiros, e está lá para ser criticado e cobrado por cada um dos mais de 210 milhões de brasileiros. E assim será. Doa a quem doer!

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