“Democracia em Vertigem”

Opinião

Ardêmio Heineck

Ardêmio Heineck

Empresário e consultor

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“Democracia em Vertigem”

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Lajeado
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Os documentários longa metragem “Indústria Americana” e “Democracia em Vertigem”, que se destacaram no Oscar 2020, março passado, são um bom exemplo do avanço chinês no mundo e da nociva intolerância política em nosso meio.

A premiação foi para o primeiro. Relata a compra de prédio de fábrica desativada pela GM, nos EUA, por grupo chinês fabricante de vidros temperados para automóveis. Mostra o processo enfrentado por trabalhadores e dirigentes americanos para se adaptarem ao jeito chinês de trabalhar. Já “Democracia em Vertigem”, dirigido por Petra Costa, neta de dono de uma grande construtora e filha de militantes de esquerda, relata acontecimentos políticos do Brasil, desde a redemocratização até o impeachment da Presidenta Dilma e a eleição do Presidente Bolsonaro.

Mesmo sem o Oscar, repercutiu e expôs a polarização que existe no Brasil. Foi elogiado e aplaudido por uns, defenestrado e criticado por outros. Eu próprio criara aversão ao documentário, até olhá-lo. Constatei tratar-se de peça histórica preciosa e ter Petra feito um trabalho fantástico e perspicaz. Mesmo assim, para muitos isto não importava. O desmereciam porque feito sob o viés da convicção ideológica da sua Diretora e narradora.

Este é o Brasil intolerante. Da direita ou da esquerda. Do “a favor ou contra”. Do ambiente que destrói a honra e o trabalho de pessoas, sua personalidade, só porque são “oponentes”. Ambiente propício para manipulações. De desrespeito aos valores nacionais. Assim, seremos uma eterna democracia trôpega que não sabe conviver com pensamentos contraditórias, nem sabe deles extrair, através do debate, o que têm de bom. Os partidos passam a ser currais de propriedade de pessoas, quando deveriam ser repositórios de ideias.

Vamos para o contexto atual: a queda de Dilma foi um golpe na democracia, mais motivado pela busca do poder, valendo-se do cenário econômico adverso, inscrito em cenário mundial parecido, e não das pedaladas fiscais. Eleito Bolsonaro, da corrente oposta, outra aliança amealhando grandes interesses busca não deixa-lo governar, com claros prejuízos para o País. Neste pouco tempo já se valeram de pautas como Bromadinho, “Amazônia em chamas”, divulgações do The Intercept, Petróleo nas praias nordestinas, coronavirus, etc.

Falemos da atual pandemia. Extrapolou a área da saúde e virou fato político para a oposição, sob influência da próxima campanha presidencial, mesmo que só em 2022. Alia-se a grupos de comunicação de expressão, notadamente uma grande rede de televisão, motivados por interesses bem próprios. Pouco importa prestarem um desserviço enorme ao desenvolvimento do Brasil, fomentando a discórdia nacional e o desrespeito aos valores nacionais. Num período mais contemporâneo, pegaram parelho em todos os Presidentes: Collor, Itamar, FHC, Lula, Dilma, Temer e agora, Bolsonaro. Basta subir a rampa do Alvorada que a metralhadora mira no primeiro mandatário nacional, buscando torna-lo refém, ignorando tratar-se de um dos símbolos do Brasil, juntamente com a bandeira e o brasão da Pátria.

Somos uma nação rica, com um povo fantástico, fruto da mescla de diversos povos. Países como Inglaterra, França, Alemanha nos mostram como governos de direita e de esquerda podem conviver e alternar-se no poder, contribuindo para o aprimoramento econômico, social e político. Se da esquerda, não precisa ambicionar os modelos comunistas atuais que nada mais são do que o reviver das monarquias absolutistas da idade média. Se da direita, não quer dizer que o embasamento doutrinário da esquerda não pode auxiliar para um governo mais equilibrado. Do contrário, de democracia “em vertigem”, passaremos para uma “em declínio”.

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