Como já dizia o escritor Maurício de Souza em um de seus quadrinhos de A Turma da Mônica, “toda criança quer ser criança”, e faz isso brincando. É por meio dessa atividade eles desenvolvem habilidades físicas e emocionais importantes como correr, pular, dançar, interagir, cooperar e aprender a ganhar e perder.
A psicóloga com ênfase em Clínica Ampliada e Saúde Jaqueline Conrad Lozado, explica que as brincadeiras mais saudáveis são as que possibilitam a imaginação, com o mínimo de interferência do adulto. O ideal é passar mais tempo ao ar livre, divertindo-se com elementos da própria natureza.
“O brinquedo não pode delimitar uma brincadeira, deve servir apenas como canal para que a criança crie e use a imaginação. É através desse simbolismo que ela transfere interesses, fantasias, ansiedades e sentimentos”, ressalta Jaqueline.
Mas, com a tecnologia, as crianças têm passado muito tempo em frente a telas de tablet ou smartphones, sem incentivo a interação. “É comum observarmos crianças de dois anos de idade que sabem usar um smartphone, mas ainda não aprenderam a pular em um pé só”, destaca Jaqueline. Por isso, é importante colocar limites sobre a tecnologia e estimular as brincadeiras.
Ensinar brincando
Ao longo dos anos, os brinquedos sofreram mudanças. Há pelo menos 30 anos, eles eram construídos nas próprias casas, com sobras de materiais ou elementos da natureza. Hoje, estão cada vez mais modernos: a boneca fala, caminha, o carrinho anda sozinho.
“Estamos proporcionando um brincar dirigido, está tudo pronto, a criança não precisa mais imaginar ou criar na brincadeira”, explica Jaqueline. A especialista ressalta a importância dos pais participarem desses momentos de lazer e introduzirem atividades da infância deles.
Como faz Tainá de Castro, 39. Quando ela era pequena, passava as tardes brincando na rua com os vizinhos. O jardim se transformava em floresta e a criançada se divertia descendo morros nas carretinhas de rolimã. Tudo era alegria, e até mesmo tarefas rotineiras como separar feijões era motivo de diversão.
Sua infância lhe traz lembranças tão boas, que ela as compartilha com o filho Caetano, 5. “Ele gosta de assistir desenhos e vídeos no YouTube, mas temos horários para isso. Procuro incentivar as brincadeiras e converso muito sobre o que eu fazia na idade dele”.
Todas as manhãs, mãe e filho passam juntos. Com desenho, colagens e no preparo de algumas receitas, Tainá permite que Caetano seja criativo e se conecte com ela. O menino também ganhou apreço pela marcenaria, oficina da qual participa no espaço de arte e convivência Espelho Meu.
Lugar de brincadeira
A fim de proporcionar um ambiente saudável e criativo aos pequenos, Danielle Harth idealizou o Espelho Meu. “Trabalhamos como um contraturno escolar, com oficinas, unindo a educação e o lazer”, destaca.
Danielle é mãe das gêmeas Luiza e Marina, 5, e costuma passar as noites na companhia das filhas. Elas costumam brincar de pega-pega, jogo da memória, ou estão a frente da TV cantando e dançando.
Outra atividade que compartilham são os desenhos. Na hora das meninas soltarem a criativa com as tintas pela casa, Danielle deixa que elas pintem o Sol e as nuvens da cor que quiserem. “É no brincar que a criança aprende e também entra no mundo da imaginação. Lá ela não tem limite e é quem quiser ser”, acredita Danielle.
