Estamos no terceiro ano dos prefeitos e vereadores empossados em 2017. Ano que vem teremos eleições para saber quem vai comandar a prefeitura das nossas cidades e quem nos representará nas câmaras a partir de 2021. Há poucos dias, A Hora trouxe um levantamento sobre os gastos legislativos na região. Os números saltam aos olhos. Mais de R$ 60 milhões sangram os cofres públicos para pagar os vereadores na atual legislatura só no Vale do Taquari. Pasmem! Em apenas quatro anos, 356 vereadores custam uma fortuna em salários e 13º, sem falar dos assessores, diárias e outras benesses. Fica até difícil imaginar o que poderia ser feito com tanto dinheiro. É como uma “indústria parlamentar”.
Em Lajeado, os vereadores declinaram do aumento do número de representantes. Sou favorável, desde que o orçamento seja, no mínimo, mantido. Significa diminuir os atuais ganhos e diluí-los com os novos que desejam incorporar. Felizmente, desistiram.
Não pode acontecer o que vive a comunidade de Estrela. Lá, um acordão político causa um verdadeiro “assalto” aos cofres públicos. Há poucos dias houve um ensaio para baixar o vergonhoso salário de R$ 7 mil recebido por vereador. Parece que foi apenas fogo de palha.
Com um orçamento apertado, os estrelenses assistem a um status quo político corrosivo. Só a câmara custará nesta legislatura em torno de R$ 4 milhões em vencimentos para 11 vereadores, sem falar nas outras gastanças decorrentes deste generoso acordo entre os políticos estrelenses.
Quando “todo mundo” fica satisfeito em torno da prefeitura e da câmara, é bom abrir os olhos. Alguém está sendo prejudicado. No caso de Estrela, é a comunidade pagando a conta. E que conta!
A falta de debates, críticas e questionamentos cria um ciclo vicioso e nada saudável em qualquer esfera pública. Mas em Estrela, os políticos estão conseguindo se superar. Repito: são R$ 4 milhões para 11 vereadores em apenas quatro anos, para uma população de apenas 33 mil habitantes. Outra cidade refém de sua câmara corporativista é Fazenda Vilanova. Com apenas quatro mil habitantes, os vereadores ganham R$ 3,6 mil cada um, mais 13º, diárias, etc. O presidente chega a receber R$ 4,5 mil ao mês. Uma falta de respeito para uma comunidade que ainda tem mazelas sociais históricas e luta para se desenvolver.
Lajeado tem o maior salário entre os vereadores da região: R$ 7,5 mil, o que também é um exagero. Ainda assim, se comparado com orçamento e a população de Estrela ou Vilanova, por exemplo, os edis lajeadenses custam menos. Mas é o bastante. Quando penso nas obras e projetos estruturantes que a região “mendiga” em Brasília – prefeitos gastando passagens e diárias – , fico imaginando o quanto seria possível fazer com estes R$ 60 milhões já existentes em nossos cofres, sem a necessidade de viajar para Brasília.
Em muitas câmaras, os vereadores se resumem a participar de uma sessão semanal que dura no máximo duas horas. Pedem boeiros, lâmpadas, quebra-molas e fazem outros lamentáveis requerimentos com pouco efeito prático.
Legislar e fiscalizar poucos conhecem. Mais vale a “carinha mole” do que se impôr e estudar a matéria para ser o fiscal autêntico do povo.
Precisamos repensar nossas câmaras. Existem exceções, é claro. Mas são poucas. A culpa é de todos que aceitamos e elegemos figuras sem a menor capacidade. Votamos pela amizade, o mais conhecido ou movidos pelo interesse pessoal.
De que adianta reclamar do presidente da República, do governador, ou dos deputados e senadores, quando sequer prestamos atenção em quem colocamos na casa legislativa ou na prefeitura da nossa própria cidade.
Ano que vem haverá mais uma chance. Espero que sejamos menos benevolentes com os incompetentes, os espertos e os “agarradinhos”. Tem gente boa, mas é preciso frear esta sangria de R$ 60 milhões. Isso equivale a 600 obras de R$ 100 mil cada uma, a cada quatro anos.
Com esta grana, quanta coisa poderia ser diferente na região!
Veja o salário do seu vereador no portal do A Hora, no link: Salários de vereadores custam R$ 15 milhões por ano (14/08/2019)
