O ex-presidente Michel Temer passou a noite na Unidade Prisional da Polícia Militar de Niterói. Ele foi preso de forma preventiva na manhã de ontem, 21, em São Paulo, em decorrência da 16ª etapa da Operação Lava-Jato. Também foram detidos o ex-ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, o coronel reformado João Baptista Lima Filho, amigo pessoal de Temer, e mais cinco pessoas. Até o fechamento desta edição outras duas pessoas ainda eram procuradas.
Os três são suspeitos de liderarem uma organização criminosa que se beneficiou ilegalmente das obras da usina nuclear de Angra 3, paralisadas desde 2015, em Angra dos Reis. Conforme o Ministério Público Federal, eles teriam montado um esquema de R$ 1,8 bilhão de propina a funcionários da estatal e membros do MDB, a partir da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobrás.
A investigação é um desdobramento das operações Radioatividade, Pripyat e Irmandade. As prisões tiveram como base a delação de José Antunes Sobrinho, dono da Engevix, empreiteira alvo da Lava-Jato. O empresário disse à Policia Federal ter pago R$ 1 milhão em propina a pedido de Moreira Franco e Lima Filho, com a anuência de Temer.
Os mandados foram expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio. Segundo o magistrado, o ex-presidente é o líder da organização criminosa há cerca de 40 anos e o principal responsável pelos atos de corrupção, peculato e lavagem de dinheiro. Ao todo, foram dez mandados de prisão: duas temporárias e oito preventivas.
“Por sua posição hierárquica como vice-presidente ou como presidente da República do Brasil, e a própria atitude de chancelar negociações do investigado Lima, o qual seria, em suas próprias palavras, a pessoa ‘apta a tratar de qualquer tema’, é convincente a conclusão ministerial de que Michel Temer é o líder da organização criminosa a que me referi, e o principal responsável pelos atos de corrupção aqui descritos”, afirma Bretas na sentença.
Defesas
Em nota, o partido de Temer e Moreira Franco defendeu os correligionários. “O MDB lamenta a postura açodada da Justiça à revelia do andamento de um inquérito em que foi demonstrado que não há irregularidade por parte do ex-presidente da República, Michel Temer, e do ex-ministro Moreira Franco. O MDB espera que a Justiça restabeleça as liberdades individuais, a presunção de inocência, o direito ao contraditório e o direito de defesa”.
O advogado do ex-presidente, Eduardo Carnelós, afirmou, por meio de nota, que a prisão de Temer não tem fundamentos. Também em nota, a defesa de Moreira Franco manifestou “inconformidade com o decreto de prisão cautelar”.
ALEXANDRE MIORIM – alexandre@jornalahora.inf.br
