A hora da virada

País - ano e governoS novos

A hora da virada

Greve dos caminhoneiros, mais uma frustração na Copa, prisão de Lula e atentado durante as eleições. Após um ano turbulento, repleto de fatos históricos, cresce a esperança da sociedade brasileira e gaúcha em relação aos próximos mandatários. No Vale do Taquari, líderes regionais de diversos segmentos analisam 2018 e projetam as expectativas para 2019

Por

A hora da virada
Brasil

Um ano repleto de acontecimentos importantes. Assim se despede 2018, encerrando ciclos e deixando um horizonte de expectativas sobre o futuro do país. Se parte da sociedade está animada, outra segue temerária com as mudanças que estão por vir após a virada do ano.

Entre os momentos mais marcantes dos últimos 12 meses, estão fatos que deverão constar nos livros de história das próximas gerações. A prisão inédita de um ex-presidente da República, o incêndio que apagou parcela significativa da memória do país, um atentado em meio ao processo eleitoral e a paralisação que gerou caos no abastecimento de todo o território nacional foram os destaques.

O ano começou com um cenário de dificuldades no campo econômico. Dólar em alta, real desvalorizado e descrédito de investidores. Para completar o contexto desolador, taxa de desemprego de mais de 13% no primeiro trimestre, um dos piores índices já registrado para o período inicial do ano, bem como o endividamento de mais de 60% da população.

Em pouco apoio popular, a base governista no congresso tentava avançar, já em janeiro, a tramitação de projetos polêmicos, como a reforma da previdência. Diante da intensa mobilização de movimentos sociais, especialmente do meio rural, a proposta perdeu força e foi tirada de pauta já no mês seguinte.

Com pesquisas apontando a mais de 70% de rejeição, a baixa popularidade do presidente Michel Temer foi tema de desfile de escola de samba na Sapucaí. Embora a vencedora do carnaval do Rio tenha sido mais uma vez a Beija-Flor, ficará na lembrança dos brasileiros a ousada performance da novata Paraíso da Tuiuti, que apresentou o chefe do Executivo como “Vampiro Neoliberal”.

Encarcerado

Na justiça, porém, a apreensão era dos correligionários do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ainda no fim de janeiro, o petista foi condenado a 12 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. A decisão em segunda instância já tirava o líder das pesquisas das eleições que se aproximavam pela Lei da Ficha Limpa.

Em abril, o “caso do triplex” ganhou novo desdobramento. Em decisão aplaudida e contestada, o então juiz coordenador da Operação Lava-Jato, Sérgio Moro, determinou a prisão de Lula. Apesar da mobilização de apoiadores que organizaram caravanas e montaram acampamentos em frente à superintendência da Policia Federal de Curitiba, lá o ex-presidente permanece preso até hoje.

Maior greve dos caminhoneiros da história paralisou o país por longas semanas.  Mercados desabastecidos e serviços cancelados levaram o Brasil à beira do colapso

Maior greve dos caminhoneiros da história paralisou o país por longas semanas. Mercados desabastecidos e serviços cancelados levaram o Brasil à beira do colapso

À beira do colapso

Em maio, o grande acontecimento foi a greve dos caminhoneiros. A categoria cruzou os braços exigindo a redução nos preços do óleo diesel, bem como outras reivindicações acerca das condições de trabalho da classe. Em poucos dias, o movimento ganhou apoio de outros setores da sociedade, incluindo segmentos pedindo intervenção militar.

Além de colocar em cheque a dependência do sistema brasileiro de transportes em relação ao modal rodoviário, os bloqueios nas estradas geraram transtornos à população com a falta de gasolina nos postos de combustíveis, mercadorias nos estabelecimentos comerciais, insumos para a produção agropecuária, medicamentos para hospitais e farmácias, entre outros.

Antes do fim do mês, após intensas negociações com entidades e organizações da categoria, o governo federal anunciou medidas para acalmar os ânimos, incluindo a redução do preço do diesel e isenção nas praças de pedágios para os caminhoneiros por 60 dias.

Para enterrar de vez o vergonhoso desempenho da Copa em 2014, a Seleção foi à Rússia como uma das favoritas ao título. A eliminação precoce, porém, frustou o sonho do hexa

Para enterrar de vez o vergonhoso desempenho da Copa em 2014, a Seleção foi à Rússia como uma das favoritas ao título. A eliminação precoce, porém, frustou o sonho do hexa

O hexa pode esperar

Em meio às tensões sociais relativas à conjuntura econômica e à aproximação do pleito, as atenções dos brasileiros se voltaram ao outro lado do globo. A Rússia sediava a Copa do Mundo FIFA 2018. Com a esperança de se redimir do fracasso de 2014, a equipe liderada pelo técnico Tite e o craque Neymar chegava com força, entre as favoritas.

No entanto, apesar da boa campanha na fase inicial, o time sucumbiu nas quartas-de-final para a sem tradição – mas qualificada Bélgica –, por 2 a 1. Bola pra frente, pois afinal de contas, com cinco títulos mundiais, o Brasil tinha mais com o que se preocupar.

Memória queimada

No início de setembro, um incêndio de grandes proporções destruiu o Museu Nacional do Brasil, no Rio de Janeiro. Ainda por razões desconhecidas, o maior e mais antigo acervo histórico do país, com quase 20 milhões de itens, virou cinzas. Especializada em história natural, a instituição havia completado 200 anos em junho.

A facada em Jair Bolsonaro, em setembro, impactou os rumos  da campanha e aumentou a tensão social acerca do pleito

A facada em Jair Bolsonaro, em setembro, impactou os rumos da campanha e aumentou a tensão social acerca do pleito

Facada em candidato

A campanha eleitoral para a presidência da República esquentava quando o líder das pesquisas, Jair Bolsonaro, foi vítima de um atentado durante ato político em Juiz de Fora (MG). O então candidato do PSL sofreu uma facada no abdômen enquanto era carregado por apoiadores.

O agressor, Adelio Bispo de Oliveira foi preso em flagrante e confessou o crime. Ele permanece preso em uma penitenciária federal em Campo Grande (MS). Devido ao ferimento, Bolsonaro foi submetido a duas cirurgias e ficou internado por 23 dias.

Liberado do hospital às vésperas do primeiro turno, o candidato confirmou o favoritismo e foi para o segundo turno contra o segundo colocado, Fernando Haddad, do PT. Ausente nos debates por recomendações médicas, Bolsonaro administrou a vantagem e foi eleito no segundo turno, com 55 % dos votos válidos. Com a vitória, o militar pôs fim a quatro ciclos eleitores vencidos por chapas lideradas pelo PT.

Volta a Cuba e médium preso

Os últimos meses do ano foram marcados pelo fim da parceria entre Brasil e Cuba no programa Mais Médicos. O país caribenho determinou a retirada de seus profissionais do solo brasileiro após declarações do presidente eleito sobre mudanças nas regras do programa. O rompimento causou a saída de mais de 8 mil médicos.

Em dezembro, o fato que chocou a sociedade brasileira foi o cerco instaurado contra um dos médiuns mais famosos do país. Alvo de denúncias de dezenas de mulheres, João de Deus, com fama internacional, foi preso suspeito de cometer abusos sexuais. Os crimes seriam praticados na Casa Dom Inácio de Loyola, onde atende milhares de pessoas por mês, em Abadiânia (GO).

Michel Temer deixa o Palácio do Planalto para a chegada de Bolsonaro

Michel Temer deixa o Palácio do Planalto para a chegada de Bolsonaro

No centro do poder

A terça-feira, 1º, será marcada pela posse de Jair Bolsonaro. No mesmo dia, cerimônias nos 26 estados e Distrito Federal darão início às gestões dos próximos governadores.

A solenidade em Brasília está marcada para as 15h. O cortejo inicia na Catedral de Brasília, de onde sai o desfile do presidente, de automóvel, pela Esplanada dos Ministérios até o Congresso Nacional, onde será empossado.

O evento terá o maior esquema de segurança da história do país em cerimônias de posse. Com direito a mísseis antiaéreos guiados a laser e radar portátil para identificação de aeronaves pela primeira vez, haverá mais de 3,2 mil policiais militares, civis, federais e bombeiros, além de integrantes das Forças Armadas.

Neste mês, pesquisa do CNI/Ibope demonstrou que a sociedade brasileira tem grande esperança em relação ao novo governo. Para 64% dos entrevistados, a próxima gestão do Palácio do Planalto será ótima ou boa. Soluções para a crise da segurança pública, bem como o prometido combate implacável à corrupção, estão entre as expectativas.

No RS, Leite sucede Sartori e tem desafio de estancar sangria

No RS, Leite sucede Sartori e tem desafio de estancar sangria

Apesar do otimismo da maioria, parte da população permanece cética. Segmentos em defesa da igualdade racial, de gênero, direitos indígenas e LGBTs apresentam preocupações sobre como será o modo de governar de Bolsonaro, com base no histórico de declarações polêmicas do político.

No Piratini

No RS, Eduardo Leite assumirá o comando do estado em solenidade programada para as 16h, no parlamento gaúcho. Entre os desafios do jovem governador, estão o equilíbrio das contas públicas, a quitação dos repasses aos hospitais e a regularização dos pagamentos dos servidores públicos.


Carlos Cyrne

“Deixamos de ser referência”

Carlos Cyrne, Vice-reitor da Univates. Presidente da Fundação Vale do Taquari de Educação e Desenvolvimento Social.

O ano de 2018 foi marcado por momentos significativos para a história do país. Tivemos desde um ex-presidente preso até a eleição de um “Messias”, com uma polarização que só traz à tona a incapacidade de lermos o mundo de forma mais ampla, de forma racional. Uma greve dos caminhoneiros ou dos empresários do transporte, sabe-se lá. Certo é que houve a paralisação do Brasil por alguns dias, trazendo um sentimento de caos. O preço da gasolina e a oscilação do dólar tomaram conta dos noticiosos. Tivemos o início de uma lenta recuperação da economia, associada a uma estabilização da inflação, que parece ficar dentro da “fictícia” meta do governo. Digo fictícia, pois o que sentimos no bolso vai além do que os dados oficiais demonstram. Vimos um governo do RS incapaz de cumprir com seus compromissos básicos, sem querer julgar se havia possibilidades ou não. O certo é que hoje deveríamos cantar “sirvam nossas vergonhas de modelo (…)”, pois deixamos de ser referência em qualquer área que se possa imaginar.

Para 2019, o que esperar? A incerteza em relação à forma de atuação do novo governo federal nos deixa na expectativa: será capaz de governar com serenidade e assertividade? No âmbito estadual, o governo será capaz de cumprir com as promessas e pagar os salários em dia? Tenho dúvidas. Certo é que teremos de continuar trabalhando para vencer as dificuldades que, sem dúvida, permanecerão. Vamos continuar envidando esforços para fazer o que for possível para melhorar as condições do próximo ao afastado, realizando, empreendendo, para fazer do Vale do Taquari um lugar ainda melhor para se viver. Espero que novos postos de trabalho voltem a ser criados, que possamos voltar a investir em educação, que os atores da saúde não precisem mendigar os repasses de recursos para poder prestar bons serviços à população e, finalmente, que possamos ter a sensação de maior segurança para andar por nossas ruas.

Luís Antônio de Abreu Johnson

“Que o Judiciário não seja protagonista”

Luís Antônio de Abreu Johnson, juiz de Direito. Diretor do Fórum de Lajeado.

Embora os acertos e desacertos, o ano termina bem. Sobretudo, graças a uma atuação firme do Poder Judiciário, especialmente no que diz respeito à intolerância do processo eleitoral, onde especialmente um dos instrumentos que tínhamos já consolidado com um experiência de 22 anos no Brasil foi posto em cheque: a urna eletrônica. E nenhum resultado, após a apuração, foi colocado em dúvida, a demonstrar que tudo aquilo era fruto de desinformação, ou pressões de interesses escusos. O ano foi bom, termina bem.

Espera-se, para 2019, que minimamente as promessas sejam cumpridas, especialmente nas áreas da educação, saúde, inclusão social e segurança pública, e que o Judiciário não seja protagonista, porque quando isso ocorre é porque há uma certa distorção. Quem precisa ser protagonista são os administradores que foram eleitos legitimamente pelo povo brasileiro, com promessas muito fortes. Espera-se que desenvolvam projetos e programas sérios, pois há sérios problemas a enfrentar, com ênfase na segurança e na economia. Não vamos resolver tudo em um ano só, mas que a economia volte a reaquecer. É uma esperança renovada. A corrupção hoje é um dos cânceres do país, esperamos que o combate aos crimes de colarinho branco seja de fato implacável, conforme prometido, que a Operação Lava Jato e demais instrumentos continuem.

Gilmar Borscheid

“Será um ano promissor”

Gilmar Borscheid, empresário. Diretor-presidente da Girando Sol.

2018 foi um ano muito turbulento, difícil, em especial pela variação do dólar, que atingiu muito as nossas imagens. Houve vários fatores que influenciaram, como a greve dos caminhoneiros, as eleições. Apesar disso, tivemos um excelente crescimento.

Para 2019, a gente enxerga um equilíbrio maior na área cambial, mais tranquilidade, serenidade, por parte das pessoas com quem já estamos em contato. As expectativas são muito boas, também quanto ao consumo. Os consumidores parecem estar mais animados para consumir. Isso nos dá uma segurança maior de que 2019 será um ano promissor, de grandes investimentos, de grande consumo e de crescimento. segurança e na economia. Não vamos resolver tudo em um ano só, mas que a economia volte a reaquecer. É uma esperança renovada. A corrupção hoje é um dos cânceres do país, esperamos que o combate aos crimes de colarinho branco seja de fato implacável, conforme prometido, que a Operação Lava Jato e demais instrumentos continuem.

Rafael Fontana

“Avançamos significativamente”

Rafael Fontana, Presidente da Amturvales

Em 2018, avançamos significativamente em várias ações de turismo na região. Diversas atitudes implementadas pela Amturvales, empreendedores, poder público, instituições regionais, algumas de forma conjunta outras individuais, resultaram no lançamento de novas rotas, na comercialização e fortalecimento de roteiros existentes, na inauguração de novos empreendimentos, na consolidação do turismo de natureza e aventura, rural e gastronômico, além de outros projetos que aceleramos a viabilidade, que renderão frutos importantes a curto prazo.

Para 2019, estamos com um grupo de municípios e empreendedores engajados para avançar ainda mais. Em nosso planejamento, definimos um investimento maior na promoção e comercialização de roteiros, eventos e de atrativos turísticos prontos, a fim de ampliar o número de turistas, aumentar sua permanência no Vale e colaborar com o desenvolvimento econômico da nossa região.

Marco Daniel Rockenbach

“Espero que a classe trabalhadora acorde”

Marco Daniel Rockenbach, sindicalista. Presidente do Sindicomerciários.

Ano de 2018, uma bofetada no rosto do trabalhador. E o mais incrível é que a maioria dos trabalhadores ainda não se deu conta que a levou. Vejamos por quê. Reforma Trabalhista: mesmo que tenha entrado em vigor em dezembro de 2017, sua aplicação ocorreu em 2018. O tempo até agora foi muito curto para a aplicação geral das reformas, até porque a insegurança jurídica criada deixou muitos empresários em dúvidas quanto à real aplicabilidade. Destaco um ponto apenas da reforma para vermos o tamanho do prejuízo à classe trabalhadora, em especial à categoria comerciária. A nova lei desobriga a participação do sindicato laboral, assim como do Ministério do Trabalho, no ato da homologação da rescisão de contrato, passando a homologação diretamente entre patrão e empregado.

Em 2017, antes da reforma, o sindicato homologou 2.326 rescisões das quais 1.175 tiveram irregularidades (pagamentos menores ao trabalhador), valores apurados e cobrados pelo sindicato num total de R$ 552 mil. Em 2018, esta conferência deixou de existir.

Para 2019, as perspectivas para a classe trabalhadora não são nada animadoras, com o anúncio do fim do Ministério do Trabalho, a Reforma da Previdência e a Carteira Verde Amarela, apenas para citar algumas das propostas do governo que assume em 2019. Porém, espero que a classe trabalhadora acorde antes de perderem seus direitos trabalhistas conquistados a duras penas nos últimos 80 anos.

Jorge Felipe Eckert

“Ares de novos tempos”

Jorge Felipe Eckert, Presidente da Saidan – Associação de Assistência à Infância e à Adolescência

Entendo que a felicidade é objetivo maior do ser humano. E que o homem, por ser um animal gregário, somente consegue ser plenamente feliz quando seus semelhantes atingem um grau satisfatório de felicidade. Os ideais iluministas do Século XVIII, de liberdade, igualdade e fraternidade, expressam, a meu ver, as condições imprescindíveis para atingir esta condição. O ano de 2018, três séculos passados sob uma névoa de interesses mesquinhos de alguns grupos em busca de hegemonia e domínio, será o marco histórico do redespertar da consciência do Mundo Ocidental e, particularmente, da nossa nação, para retomada daqueles elevados ideais.

Nesta senda, o ano novo que se aproxima, o faz com ares de novos tempos. Prenuncia a submissão dos interesses particulares – pessoais e de determinados grupos – aos interesses maiores de todos os seres humanos, em que a felicidade seja baseada no amor, no aperfeiçoamento dos costumes, na tolerância e na igualdade, e onde o Direito, a Justiça e a Verdade sejam os verdadeiros baluartes. Não resta dúvida, no entanto, que os obstáculos serão imensos para atingir estes ideais. Independentemente da liberalidade constitucional, um povo ignorante é escravo. Martin Luther King afirmou que o que o preocupava não era o grito dos maus; era o silêncio dos bons. Para o bem de todos e felicidade geral, os bons estão abandonando cada vez mais o silêncio.

Liane Brackmann

“Resistência para a manutenção de direitos”

Liane Brackmann, Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Teutônia e Westfália

O ano de 2018 foi bastante tumultuado. Houve as eleições, poucos debates, mas muita repercussão. As redes sociais definiram certos processos. O movimento sindical se manteve resistente em relação à reforma previdenciária. As questões climáticas favoreceram certas cadeias produtivas. A crise dos preços dos produtos agrícolas se deve ao mercado retraído, ao aumento dos custos de produção e falta de políticas de proteção.

Fica a impressão de muita luta e resistência para a manutenção de direitos, de que a população pode continuar acreditando na transformação via mobilização, argumentando, justificando a importância da produção de alimentos para nosso país, feita essencialmente pela agricultura familiar, e que os nossos representantes mostrem na prática que os brasileiros estão acima de tudo, e não apenas alguns privilegiados.

Renata Galiotto

“2019 promete ser o ano da superação”

Renata Galiotto, empresária. Presidente da Associação Comercial e Industrial de Encantado (Aci-e).

2018 um ano de muita apreensão de ânimos exaltados, mas também de grande aprendizado. Empresas se reestruturando e as pessoas refletindo muito acerca dos valores sobre família. 2018 foi um ano de resgate e de voltar a acreditar num futuro melhor.

2019 será um ano de muita luta e de recuperação econômica. Muitas mudanças, principalmente na área de tecnologia, o que exigirá de nós um aperfeiçoamento e uma adaptação rápida. Os desafios estão aí para serem enfrentados. 2019 promete ser o ano da superação e da retomada do crescimento. Que venha 2019.

Jandiro Koch

“Será um ano de resiliência”

Jandiro Koch, Escritor e ativista LGBT

Ao mesmo tempo em que dados mostram o Brasil como um dos países com maior número de assassinatos de pessoas LGBTQI, tensões em diversos campos evidenciam que, cada vez mais, a visibilidade tem mudado os contornos das relações em sociedade. A autoafirmação tem se dado a partir de sujeitos fortalecidos por políticas afirmativas, trajetórias coletivas ou individuais. Indivíduos que, em 2018, se mostraram divergentes em diversos momentos, inclusive político-partidariamente, estiveram relativamente unidos na intenção de não darem um passo sequer em direção a um passado nebuloso.

Mesmo que pensemos em 2019 como um cenário mais sombrio, os avanços conquistados formam sólida estrutura cimentada em maior aceitação social a cada ano. Políticas anti-igualitárias ou “conservadoras” – reavivadas por representações religiosas que ganharam eleitores com disseminação de pânico moral – tentarão se firmar. Essa conjuntura vai demandar novas articulações, outros caminhos, ações conjuntas que podem requerer adesão de cidades de interior, o que se torna mais fácil na era da internet. Acredito, portanto, que essas ameaças fomentarão, a contrário do que desejam, novas alianças, novas experimentações e amadurecimento do grupo LGBTQI. Será um ano “R”: de resiliência, resistência, rearranjos e reajuntamentos.

“Avançamos significativamente”

Kiko Weimer

“Até agora, temos apenas o consumidor menos pessimista”

Kiko Weimer, lojista. Presidente do Sindilojas – Vale do Taquari.

O ano de 2018 ficará marcado por uma animação do mercado em função da troca de governo. Foi um ano também marcado pela bolsa subindo e o dólar caindo. 2018 será o primeiro ano desde 2014 em que se vai registrar geração líquida de empregos formais. As famílias e empresas menos endividadas contribuem para a expansão do crédito, que em 2018 também deve encerrar o ano em crescimento, depois de minguar por dois anos consecutivos. Isso deve criar um ambiente favorável para o comércio varejista, mas nem por isso fácil. Por mais que a confiança dos consumidores tenha crescido, o que temos agora é apenas um consumidor menos pessimista, e não necessariamente otimista.

Independente dos rumos do Brasil e estado, os varejistas precisam olhar com atenção o seu próprio negócio. Grande parte das empresas atribuem a razões externas seu insucesso, quando na verdade são escolhas erradas tomadas no âmbito gerencial, que cotidianamente minam seus resultados. Treinar a si próprio e funcionários, selecionar novos fornecedores, renovar o mix de produtos, conhecer seus clientes, bem como buscar o equilíbrio de caixa, são elementos necessários, independente do cenário que se apresente. Quando as empresas fazem bem a sua parte, conjunturas ruins ficam menos ruins, e conjunturas boas ficam ainda melhores.

Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br

Acompanhe
nossas
redes sociais