“A transformação será pela política”

ENTREVISTA COM OS CANDIDATOS

“A transformação será pela política”

Morador do Vale faz mais de duas décadas, Edson Brum (MDB) quer dar continuidade ao trabalho desenvolvido na Assembleia Legislativa. Segundo ele, o setor primário, a educação e a infraestrutura logística são as prioridades de sua atuação como parlamentar

Por

“A transformação será pela política”
(Foto: Arquivo A Hora)
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Edson Brum (MDB) | Candidato a deputado estadual

Nome: Edson Meurer Brum
Idade: 52
Profissão: empresário
Naturalidade: Rio Pardo (mora em Encantado há 22 anos)

eleicoes-2018_a-hora-jornal

Histórico político:
A trajetória de Edson Brum na política iniciou no Grêmio Estudantil da Escola Estadual Ernesto Alves, em Rio Pardo. Depois, ingressou na Juventude do PMDB. O primeiro cargo público que disputou foi para deputado estadual em 2002, a pedido da legenda. Foi eleito e permanece até hoje na Assembleia, encerrando o quarto mandato consecutivo. Foi presidente do parlamento gaúcho em 2015, no primeiro ano do governo de José Ivo Sartori.

Vida comunitária:
Brum afirma que sempre teve envolvimento ativo com as organizações da sociedade civil. Menciona experiências como presidente de associação comercial, diretor de clubes sociais e esportivos. “Sempre tive uma relação muito forte com isso”, destaca.


A Hora – Por que você se candidata a mais um mandato como deputado estadual?

Edson Brum – São vários os motivos. Primeiro porque eu acredito que a transformação será pela política, e não tem outra maneira. Se a gente estudar as democracias, a gente nota que é por aí. Não há outro sistema melhor do que o democrático, mesmo com as suas pendências ainda, até porque no Brasil a democracia é muito jovem. A gente tem que exercitá-la e, para isso, no decorrer da caminhada, a gente vai ajeitando. As questões de combate à corrupção e à impunidade, mais transparência, a gente só pode exigir por meio da democracia. Por isso, eu sou candidato de novo.

Se reeleito, como será sua atuação junto à comunidade regional? De que forma pretende articular as prioridades do Vale dentro do parlamento?

Brum – Eu tenho uma característica de presença constante junto aos municípios. Eu sou municipalista por natureza e não levo em conta a questão partidária. É claro que, no período eleitoral, a gente faz a discussão política. Cada um defende os seus pensamentos. Mas depois da eleição a gente precisa se unir, para buscar resolver as questões da região ou buscar fomento para o desenvolvimento, geração de emprego e renda. É importante que a gente tenha essa condição de fazer como parlamentar, independente de partido, juntando prefeitos, vereadores, cooperativas, sindicatos, universidade, entre outros. Isso é um trabalho que a gente faz.

edson brum 1

A descrença na política está cada vez maior. Qual é sua estratégia para convencer o eleitor a acreditar nas suas propostas?

Brum – Este é um momento ímpar para os cidadãos escolherem. Votar em branco, ou anular o voto, parece ser uma tendência hoje por causa dessa descrença. Mas nós temos que convencer as pessoas sobre a importância do voto. Nós temos aqui na região inúmeros candidatos a deputado. Se somar isso com os votos brancos e nulos, a região pode ficar sem representação. Uma região sem representação política é uma região sem advogado de defesa no parlamento, tanto federal como estadual. E, assim, não poderemos nem reclamar depois. O voto branco e nulo só favorece o “candidato paraquedista”, que só aparece na eleição e não tem compromisso com a região, ou o “candidato copa do mundo”, que só surge a cada quatro anos. Nem um nem outro estará comprometido com a região, como nós estamos, na defesa das demandas daqui, como na área da infraestrutura, agropecuária, indústria e comércio. É preciso dialogar, esclarecer isso para as pessoas.

A eleição federal e estadual muitas vezes serve de trampolim para as eleições municipais. Ou seja, candidatos lançam nomes para se promover a cargos em esfera municipal na eleição seguinte. O que você pensa sobre isso?

Brum – Isso é válido também. Mas eu levo a eleição a deputado estadual com muita seriedade. O deputado estadual é aquele que faz as leis, as regras estaduais, e isso tem tudo a ver conosco, com a região. Por exemplo, quando se trata da questão sanitária, o Instituto Gaúcho do Leite (IGL), que a gente trata muito, tanto com as cooperativas Languiru e Cosuel, quando a gente trata de leis relativas ao regramento sanitário, estamos gerando emprego no campo, mantendo as famílias no campo, e gerando empregos na indústria, mantendo o mercado internacional. Hoje as barreiras não são mais alfandegárias, são sanitárias. Essas são funções do deputado estadual. Então, eu acho que de não devemos encarar uma candidatura a deputado estadual somente como um instrumento para a eleição municipal. É preciso ter compromissos com algumas causas, como essa que eu citei do regramento sanitário. Eu poderia citar, por exemplo, a questão tributária, que eu trabalho muito também. Eu tenho quatro mandatos e nunca votei pelo aumento do ICMS. Isso é um compromisso que tenho com o comércio e com a indústria. Ou seja, esses setores aqui na região precisam de um deputado com esses compromissos lá na Assembleia. Então, não posso me candidatar a deputado pensando em ser prefeito. Não podemos misturar as coisas, cada um numa linha.

Nossa matriz econômica está sustentada no setor de alimentos. Temos sofrido, nos últimos anos, por adoções de políticas públicas equivocadas, especialmente na cadeia de leite. Se reeleito, como pretende trabalhar este setor e trabalhar pelo fortalecimento da nossa principal base econômica?

Brum – Nós já temos feito uma contestação contra algumas medidas adotadas na cadeia produtiva do leite. O IGL, que foi criado e votado no mandato passado por unanimidade, foi uma construção entre prefeitos, cooperativas, Sindicatos de Trabalhadores Rurais, produtores, universidades, por exemplo a Univates, que trabalha muito essa questão no laboratório de lácteos, buscando excelência na área dos laticínios. Também precisamos trabalhar a engenharia do alimento, porque na nossa região são propriedades de 3,5 hectares em média, e vai chegar a um ponto, devido à excelência da produção, em que teremos uma produção média de 40 litros por animal a cada dia. Ou seja, vai faltar comida para os animais. Então temos que pensar nisso também. Isso é um trabalho que podemos fazer em conjunto. Quando fui presidente da Comissão de Agricultura e Pecuária, no primeiro mandato, nós fizemos a primeira viagem à Galícia, com prefeitos, líderes de cooperativas e representantes de universidades, exatamente para conhecer e trazer aquelas experiências para cá. Temos uma grande universidade aqui, e isso é muito importante, pois ela é inspiradora, motivadora para que a gente faça o aperfeiçoamento dentro da cadeia produtiva e o fomento do setor.

[bloco 1]

Temos problemas de infraestrutura graves. Rodovias insuficientes e precárias, enquanto outros modais, como ferroviário e hidroviário, continuam obsoletos. Qual é sua proposta de atuação nessa área?

Brum – Eu venho trabalhando já há algum tempo, primeiro, pelo traçado da Ferrovia Norte-Sul. Está confirmado o projeto de um braço passando por Caxias do Sul, Bento Gonçalves, chegando a Estrela. Depois, uma ligação até a ferrovia que liga Uruguaiana a Porto Alegre. Isso já está projetado, vai ser um braço da ferrovia Norte-Sul. Isso é coisa que leva 20 anos, mas a gente está trabalhando faz pelo menos dez anos. Trabalhar ferrovia é pensar de médio a longo prazo. Nós temos um problema no Brasil que é termos malhas ferroviária e hidroviária menor do que na década de 1950. Isso porque só houve avanços e incentivos na área rodoviária, o que remete aos problemas da região, que dizem respeito às nossas estradas. Eu tenho insistido muito junto à EGR sobre a necessidade de duplicarmos entre Muçum e Venâncio Aires, por exemplo. Temos que começar, talvez primeiro o trecho entre Lajeado e Arroio do Meio. Outra preocupação é quanto ao cercamento por pedágios. São cuidados que o representante da região tem que ter e estar presente sempre.

edson brum 2

Qual é a sua avaliação sobre a implantação de pedágios? Como seria o modelo ideal?

Brum – Nos Estados Unidos, Canadá e países da Europa, o pedágio é cobrado por quilômetro de uso. Não há praças de pedágio e todo o sistema é eletrônico. A barreira do pedágio inibe o crescimento para dentro, por causa do cercamento, então, temos que ter muito cuidado em relação a isso. Também em relação ao custo. Não podemos ter duas praças de pedágio entre Porto Alegre e Lajeado para tentar fazer a duplicação de Lajeado a Iraí. Isso não é justo para quem está no Vale empreendendo. Nós temos que ter clareza e posição em relação a isso.

Em tempos de crise econômica, políticas de austeridade são adotadas pelos governos. Dentro desse debate, está a privatização de estatais. Qual é a sua opinião sobre isso?

Brum – Eu sou bastante claro quanto a isso e gostaria antes de fazer um preâmbulo. Quando fui presidente da Assembleia, no primeiro ano deste mandato, nós reduzimos o custo da Assembleia em R$ 85 milhões. Isso mostra que, na oportunidade que tivemos de reduzir custos, nós o fizemos. A Assembleia hoje, constitucionalmente, poderia utilizar até 3% do orçamento e utiliza em torno de um 1%. Isso em função dessa austeridade que implantamos na casa, não apenas eu como presidente, mas também os outros que assumiram depois. Em relação à privatização das empresas, qual é a obrigação do governo? Fazer saúde, educação, segurança, programas sociais, tem que haver o atendimento aos mais necessitados, e infraestrutura. Quanto ao resto, a iniciativa privada faz em melhores condições. Não tem cabimento a CEEE dar de R$ 500 milhões a R$ 700 milhões em prejuízo, e ter que aumentar o ICMS para cobrir essas despesas. A CRM é hoje não dá prejuízo, mas por que o governo tem que estar minerando carvão? A iniciativa privada faz muito melhor isso. Outro exemplo que não dá prejuízo é a Sulgás. Em compensação, não tem dinheiro para fazer o gasoduto até Lajeado. Tanto que nós temos que trazer gás de caminhão. Então, o custo acaba não compensando. Então, não vejo problema nenhum em se desfazer dessas três empresas, por exemplo, que na minha opinião já deveriam ter sido federalizadas ou vendidas, porque o Estado vai ficar só com a conta para pagar, cujo dinheiro sai do bolso do cidadão.

Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br

Acompanhe
nossas
redes sociais